O que ando fazendo com minha vida, com meu espírito, é tentar montar um quebra-cabeças de 5 trilhões de peças com apenas umas dezenas de peças; talvez nem isso, talvez só me sobre papéis picotados e coloridos, bonitos e tão falsos que me confundem, dispersam o meu jeito de caminhar confuso para qualquer droga de aluguel ou êxtase hedonista. Como podemos ver o mundo pela nossa janela estreita, sendo ele tão vasto e superior e cheio e tão simples, complexo, ordenado e belo, talvez? Como podemos ser capazes de achar que realmente nada tem sentido quando escolhemos sentar para ver na janela mais obscura e suja e caótica da vida? Simplesmente vemos sombras e silhuetas confusas e disformes e invés de culparmos nossas vistas ou nossa comodidade em não limpar as janelas, culpamos o mundo, TÃO CAÓTICO E TÃO VIL! Sendo assim, fugimos. Fugimos para qualquer lugar, para qualquer idéia, para qualquer pessoa ou coisa confortável - qualquer coisa que corresponda o que nosso coração grita desesperado e choroso: algo que almejamos, desejamos e precisamos. Pois as janelas são tão sujas... E o nosso coração se parte a qualquer movimento brusco, e nessas horas ele está estraçalhado, pois esse mundo vil não para para respirarmos, não da espaço, não compreensível e nem materno, não é?!
Mas como a natureza ou qualquer fonte de criação poderia ser uma oroboros maligna que engole tudo o que cria sem amor e respeito ao menos ao seus atos? Como pode o caos ser a Lei do Universo, ou de qualquer modo, a Lei que reina sobre nossos espíritos confusos e errantes? Se uma parcela de algo infinito é infinitamente uma parte desta, e logo contém o necessário para observarmos, como podemos então afirmar que nada tem sentido que tudo isso é uma bosta e logo tudo veio do caos e vai para o caos e permanece no caos? Que bobagem tremenda é essa que afirmamos sem ver? Que misturamos Deus com nossos desejos mesquinhos de querer fazer sexo com uma pessoa bela e gostosa, ou de exercitarmos nossa ganancia pondo como desculpa que só assim podemos praticar o bem? Sou tão confuso e abstrato assim? Sou uma pixação de protesto num muro sujo de uma rua pouco movimentada que ninguém vê? Ou eu falo algo com coerência, mas o mundo já está tão perdido em si mesmo que se tapa os ouvidos, fecha os olhos e começa a cantarolar "Lá-lá-lá, isso é mentira! lá lá lá!"?
Nos auto-sabotamos em virtude ao falado e àquilo que é aceito como bom e correto. Quando nos tornamos robôs julgadores dos espíritos subversivos que só querem a mudança; e a mudança nesse caso seria despertar um pouco para a realidade, que tudo está errado e NINGUÉM ESTÁ FAZENDO A SUA PARTE.
Eu não entendo e miseravelmente eu fico a falar e discutir e gastar meu tempo, perder meu rumo e esquecer de mim mesmo. Me auto-saboto em virtude dos outros, e poucos ligam, poucos ao menos dizem: eu num quero sua compaixão e sua companhia!
- Mas, também, do que adiantaria falar isso para mim, um cabeça-dura? -
... E não basta tudo isso. Vejo ainda as pessoas jogarem os seus corações no lixo e abraçarem mentiras confortáveis e adentrarem em universos pessoais só para não se machucarem com a verdade. Vejo pessoas que usam drogas loucamente, que desesperadamente buscam em alguém e no sexo uma resposta, que tentam formar uma ideologia inovadora e carregar uma bandeira para ser louvados dentre algumas décadas como revolucionário. Vejo olhos que querem chorar, mas só demonstram raiva, expressões orgulhosas quando querem é comemorar e dançar na chuva com os amigos, voltar a ser criança! Vejo imposições e pensamentos aleatórios que só visam seja pelo orgulho, ego e avareza o "vencer", mas não passam de chacais mortos de fome desesperados por qualquer carne pútrida.
No final, não sei o que mais vejo. Talvez, eu esteja sendo carregado pela mesma maré que o mundo, talvez eu já me afoguei e só esteja nadando contra essa maré em sonhos... Que, talvez, todas essas minhas palavras corroborem para aquilo que vou contra. E quanto mais falo nelas, mais reforço o caos, a vileza e tudo aquilo que para mim é doente!