quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Meu voto: finalmente o silêncio.

Eu olhei o horário e nada significou para mim: meia-noite.
E pensei: o caos ainda reina, mesmo aqui, assim,
Nas convenções, nos abraços afetivos e nos votos de felicidade.
Eis que dói, e a dor do corpo se confunde com o resto.

O silêncio já basta e nele poderão conter tudo.
E não conter nada: um universo dentro de um átomo.
Basta, acho justo, assim é bom.
Tudo mais será falso como a luz da lua.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Desculpem meus amigos, ando escrevendo pouco... E tentado viver mais. =/

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Crônica de uma Vida má digerida. Cap. I - P.I

Quando passa pela sua cabeça aquelas coisas de livro de auto-ajuda num destoante “bla bla blapseudo-espiritualizado que só da apoio moral, incentivo emocional temporários, mas no dia seguinte você acorda e se sente o pior lixo com a merda de um sentimento que não é estresse, num é depressão, só uma vontade de não ficar parado, e esse sentimento corrói. E quanto mais você ouve toda essa merda de auto-ajuda, de ‘vamos lutar pela vida’, da vontade de socar a cara de quem fala, mesmo que seja um amigo seu, mesmo que seja VOCÊ. Mas não adianta mesmo, você espera que algo apareça, no fundo você tenta acreditar que ter objetivos pequenos e esperança irão ajudar. No fim, sempre tem um bom momento pra recordar, alegria e alguma coisa alcoólica com alguma coisa para petiscar, não sei se você está me entendendo. Bons momentos se resumem em poucas palavras. Tudo que é falado em muitas palavras é um jeito que temos em forçar as coisas para parecer que foram realmente boas que valeram a pena, porém, foi o sal da terra que desceu pela garganta seca.

E você olha pro lado e percebe que a pior forma de se viver é choramingar e ficar triste. Chore e chorará sozinho, ria e todos riram contigo. Mas realmente tem dias que a iluminação não entra no quarto e nem no espírito e você se sente, e simplesmente só se sente, um pequenino lixo inútil sem valor que não contribui com ninguém a sua volta; foda-se a sociedade, digo às pessoas que realmente importam essas sim mereceriam algo de valor – se é que realmente importam, se é que realmente merecem algo de valor. Realmente, neste ponto, sou de apoiar a idéia de Bukowski que o amor é preconceituoso, sim! Só fica um bom tempo na minha vida alguém que valha a pena, que tenha atrativos interessantes e que eu possa falar algo além de BBB, novelas e a porra dos acontecimentos do telejornal. Não que eu seja realmente assim ridículo a todo momento, mas existem momentos e momentos.

Vivo como um novato que está pegando o carro pela primeira vez e sua primeira lição é fazer uma baliza numa subida num espaço apertado, e sempre que consigo algo ‘digno’ de nota, minha memória é ‘apagada’ e começo uma baliza mais difícil e irritante... Suficiente de eu gritar com o instrutor que a vida é uma merda e largar o barco... Digo, o carro.

Como uma senhora no ônibus me disse uma vez, naquelas conversas que a gente não recorda porque começamos, mas recordamos muito bem porque a terminamos: vocês jovens de hoje são coxos reclamões, nasceram sentados e deixaram-se atrofiar... Mental, físico e espiritualmente. A conversa não durou muito depois disso. Eu percebo quando estou sendo hostilizado ou naturalmente hostil, então me deixo sair perdendo e fazer aquela saída estratégica, foda-se, sabe? Não dá pra perder tempo com essas coisas, com pessoas se fazendo de ultrajadas, de vitimas. Agora percebo como a vitima pode ser tão carrasca quanto o próprio carrasco. Mas é difícil aceitar perder, é difícil deixar o outro ganhar vitorioso com o ego fortificado e você todo rompido, despedaçado. Machuca muito mesmo.

Eu já fiz muita cagada nessa vida, e nem tenho idade pra tanta cagada, mas já fiz assim mesmo. Não é nada de filme, não é nenhuma cagada que eu me orgulhe contar em rodas de amigos e faça questão de levantá-las como troféu. É sempre um conjunto de tranqueiras que acumulei num quarto escuro, que deixei criar mofo e ficar mais podre e feio com o tempo. E toda essa merdalhada toda me ensinou coisas, mas ainda assim me apego, invés de abandoná-las numa lixeira, deixá-las apodrecerem com quem gostaria de ter tais coisas.

O que não me conformo é como me tornei meio apático meio depressivo. Vou deixando as coisas baterem em mim e não esquivo, faço que não sinto dor, e é isso mesmo, não sinto. Quando estou sangrando pouso em algum lugar qualquer sozinho, e só ai compreendo minha solidão. Que mesmo rodeado de tanta gente meu olfato percebe o que os outros não percebem e minha razão age como sem querer fazendo o que o mundo pede, sem ridículo, obsessivo e fraco e pedante...

Não tenho mais força suficiente pra sentir orgulho, não tenho força suficiente para gerar e abastecer discussões longas e sem valor. Já não sou mais aquele, sou esse... Mas quem sou eu afinal? Que remédio ou antídoto posso tomar para ficar longe da hipocrisia e de atos tão sem sentidos, tão sem valores, tão vazios e fáceis. Não é isso que eu quero – ainda não sei o que eu quero, mas não é isso que eu quero.

Basta eu deixar o mundo montar sob minha carcaça e gritar vitorioso, só assim encontrarei um tempo suficiente para pensar. Mesmo em meio ao caos.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

aceitar o que?

Quando ouço 'do que vale uma vida sem algumas cicatrizes', penso realmente se isso deveria ser verdade ou como todos apanhamos e tentamos aguentar as pancadas fazemos dessa frase um mantra. É apanhar, é se recompor, tomar um café forte no dia seguinte para curar a tristeza das lágrimas secas no rosto ou para salvar de uma ressaca uma cabeça dolorida. Logo, "não temos muitas escolhas, não é? É a vida..." e procuro me abster de qualquer pensamento que me leve pra longe me mantenha num sonho acordado e me faça infeliz outra vez em repetir os meus desejos que nunca foram(serão) realizados. Não é fugir da dor, mas perceber que ele pode se tornar um belo vicio, poético, artístico, trágico e bonito aos olhos em comum. Nisso a beleza é reconhecida ao ser reproduzida em algo comum: na dor, sofrimento e no "se foder" de cada dia.
É algo realmente útil para se pensar: nos passam velhos que repetem e repetem só depois de anos, e muitos calos ganhos, e muito sangue perdido e muito tempo também perdido que algum velho sabe diz doeu e só percebi agora, e talvez, não precisava ter doido tanto como deixei machucar. Filmes, livros e toda a arte moderna/contemporânea/romântica/trágica produz isso na gente: sofra para se sentir vivo.

Não pode ser isso... O caos, a entropia... Tudo isso, tudo isso agindo e se destruindo e se engolindo e se transformando de ouro em merda e não sobrando nada... Afirmamos tudo isso com tanta certeza quando somos só humanos, nada mais que humanos que aceitaram o fardo de serem masoquistas emocionais, logo, aceitamos ser escravos da dor e sofrimento, não conseguimos abandoná-lo e glorificamo-o sem nenhum critério, só aceitação e aceitação e um breve suspiro...

Mas, para mim, não da pra ver a porra do mundo todo duma janela, principalmente duma janela suja pelo próprio sangue e pela próprio fuligem interna, de tanto apanhar... E ainda diz: quem mundo bonito é esse mundo cinza, não?

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Usando facetas, encontrando um lugar bom para ficar...

São os conflitos que principiam a raiva, o estresse, a tristeza - não poderia ser outra coisa, justamente são eles que condensam meu espírito, que faz meus olhos girarem pela órbita em busca de novos modos de ver, algo que faltou a percepção. Não posso sair por ai falando de maneira mentirosa como a alegria é completa e me faz bem. A alegria consegue me produzir os sentidos inversos: após o gozo vem uma leve dor que se eu não me cuidar se transforma nunca grande penúria. Não é ser descontente, mas eu percebo meu lugar no mundo; eu pertenço a aqui, só que pertenço de outra maneira, ocupo espaços menos concentrados de aceitação e mais concentrado de caos e de porquês.

De nenhuma maneira estou trazendo a resposta que encontrei para minha vida, nem a esperança e A Verdade, basta para mim uma pequena importância para meu espírito existir. Muito vezes, elas realmente são consideradas inúteis e inválidas, improdutivas para o mundo e todas suas facetas pragmáticas. Pois que eu sinto-me mais livre de certas facetas e, como por brincadeira, com dever mesmo assim de usá-las. Liberdade máxima não existe. Todas as máximas criadas pelo ser humano é todas as possibilidades impossíveis e que só trazem dor, quando na verdade só basta viver, gastar a energia parada e usar das facetas. Mas o buraco é mais fundo e eu estou a cavar...

domingo, 29 de novembro de 2009

Subversão de si. Qual certeza temos de que nosso EU presente é o certo?

Falar sobre a felicidade e a vida é diminuir as duas em palavras que não conseguiram realmente passar o que passou. Explicar a vida e guardá-la e não deixá-la mais ocorrer, criar uma permanencia das coisas que acontecem e fazer disso regras: guardar na gaveta para olhar de vez em quando para o que foi escrito e miseravelmente se confortar com esse tão pouco!
Realmente agora eu percebo que é tão bom viver na surpresa e na incerteza. De deixar as coisas acontecerem e fazê-las acontecer e aproveitar... No fim, teremos todas as vezes novos conceitos cada vez mais fortes e bonitos e complexos, da felicidade e da vida.
Qual sentido nos leva a nos manter sempre iguais, necessitando tanto de uma personalidade... De músicas, de filmes, de ideologias, de conceitos, de preparações e receitas para sobre si mesmo? Não dá para querer mais isso.
Suversão de si mesmo, me parece, é aceitar a si mesmo, abraçar a vida e dançar com ela o que tiver que dançar, e correr com ela o que tiver que correr, e gritar e pular e ficar queito e só respirar: ficar fazendo tudo...E não ter que fazer nada!

sábado, 21 de novembro de 2009

Saudades do que foi...

Eu sou a prova de minhas falhas. O que sou hoje foi o finalmente do ontem... Do ontem insatisfeito, triste e com todos os desejos do porvir. E a cada passo que tento dar, me sinto dolorosamente machucado: não sou eu mais que caminho, são cópias que adquiri, coisas que deixe se instaurarem em meu ser: recordes de revistas sobre meus simples poemas, recortes de invenções de outrem, não meus! Eu não sou isso que eu busco. Essa busca, aliás, só mostra como me mudou e me deixou frágil: um garoto de vidro - e eu que buscava mas me mantinha autêntico, hoje falho duas vezes e não aprendo, na terceira caiu de joelhos me machuco e só choro. Onde está o meu Eu... Aquele forte, relativamente decidido, com pequenas coisas - mas tão belas coisas -, que aproveitava a descrença dos outros e crescia com essas, que abria novos caminhos na floresta, que não olhava na direção do pântano e exclamava:"Meu Deus, como a vida é ruim...", mas olhava para a flor-de-lótus que lá crescia e simplesmente sorria, e a existência sorria de volta. Onde está esse eu que era tão bonito...? Será que era tão forte, e era tudo isso que penso hoje? Ou só uma ilusão?

Não sei mais o que sou. Só sobrou a saudade, as cinzas e nada onde eu posso me sustentar! Sou fraco ainda, e deixei com o tempo meus músculos atrofiarem, não sei mais como seguir.

Só olho para o passado na esperança de encontrar quem eu poderei ser no futuro.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Ah, foda-se...
Agora não há bebidas, nem drogas, nem discursos e conversas, nem qualquer outra coisa que não levará a nada. Pois, já estou num nada!
Então, abracem seus demônios e dancem o Réquiem de suas vidas quando puderem... We're no here.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Blackbetty's Penha of Cloverwild things.

Se o que eu digo merece ou não ser ouvido, se o que eu escrevo todos os dias são uma porcaria que logo no dia seguinte, sempre na ressaca (espiritual ou não) eu vou ler, sentir e falar, Meu Deus, eu fui isso?
As coisas se emporcalham e eu me sinto sempre impelido a fazer algo, no final fico um pouco sujo, me limpo com um papel de banheiro público inútil e toco pra frente o barco sem fazer porra nenhuma! Assumo, assino embaixo e dou uma cusparada. Não é assim que fazemos tudo que não nos da verdadeiramente um real prazer? Com desgosto, descaso, desleixo, enfim, todos as palavras positivas com o "des" na frente.
E ai no fim do dia, se eu fumasse, puxaria um cigarro pediria um uisque ou um conhaque barato e suspiraria dizendo, Mais um dia, brindando com o ar, um amigo imaginário. Este por sua vez ficaria quieto, o bar ficaria quieto, o garçom ficaria quieto, o mundo estará em silêncio, está em silêncio enquanto afogamos nossas magoas egoístas, estupidas, esdruxulas, simplesmente uma merda de sentimentos paranóicos que acham que merecemos alguma atenção.
Meu coração não tem coragem suficiente para fazer pouco caso para aqueles que podem me matar, sou covarde, sim, pode pensar tudo a meu respeito. Mas porque, então, você chegou até essa porra de texto, até essa parte ridícula e continua lendo? O que nos move a querer estarmos onde estamos, e quando nos apercebemos nos achamos ridiculamente estupidos e improváveis! Poupo meus neurônios para queimá-los mais tarde com alguma coisa mais estupida e mais vil do que isto, pelo menos terei razões para meu egoísmo selvagem que quer mais não quer salvar o mundo.
PRO CARALHO tudo isso! Quem merece a vida de outem? Ninguém merece a vida de outrem, cada um de nós temos nossas próprias vidas, nossas próprias mentiras, hipocrisias e crueldades, por que acabar numa fossa por outro que muitas vezes não faria o mesmo? Ok, eu sei que tem casos e casos e eu realmente não ligo. Já mudei. Daria minha vida para alguém sim, mas teria que ser muito apaixonante e especial, tirando as pessoas da minha familia, não sei, quem realmente pode merecer isso? Já pensou realmente nessa alegação... Dar a vida para salvar um outro? Essa é a máxima do amor Ágape... E acontece. Pronto, acontece, está ai uma prova qualquer para me fazer dizer: eu estou errado.

Vou ficando com minhas alergias, meus estudos meia-bocas, minhas balas de mentol, cerveja, uisque e conhaque, o ventilador que não deixa minha garganta melhorar dos pigarros, a música que ouço a madrugada inteira enquanto durmo... Não tenho muitas coisas. Não tenho nada. Vai ver é por isso que sou assim. E pronto, não acho que deixar ou não de viver é a solução ou qualquer idéia estúpida que possa tirar meu único bem precioso, mas que, como tudo, pode ir embora e sumir como areia fina diante vento forte. Pois bem, o que eu faço?

Eu durmo com a cabeça ainda a girar... Bebida, sinuca e uma raiva grande são misturas interessantes, então meu sono será bom. Acordarei e lerei e simplesmente comemorarei o meu 54ª post que não serve para nada.

Mas convenhamos o que faz as coisas prestarem ou não para algo..? Pensem.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Sem título.

Talvez fosse um dia qualquer, talvez não, e talvez eu estivesse só querendo chamar atenção. As coisas são simples assim; mais simples do que o complicado que sempre imaginamos. Você olha para um casal, tão bonito, tão romântico... Então, um belo dia, você o mesmo rapaz - antes tão romântico e apaixonado - em uma pegação com duas garotas numa festa, isso seria já suficiente para o ego masculino ficar machucado e pensar "por que ele quando eu estou aqui? Sozinho, com tesão e energia sufiente para fazer um time de futebol feminino atingir orgasmos múltiplos, e este babaca ai não irá conseguir ir para o quarto sozinho sem ajuda delas". Mas não, sempre tem algo a mais, você chega comprimenta, e de canto, pergunta, E a fulana como tá, vocês separaram? A resposta é simplesmente esta: naaada! Só vim curtir um vibe sozinho, liga?
Bom você fica naquele pensamento, olha só o sortudo namora uma cega de paixão. Mas o que piora tudo não é você saber disso, e sim, saber mais: por acaso do destino (novamente) faz você encontrá-la dançando feito uma vadia no meio de várias rapazes-lobos-uivantes. Bom, isso não teria problema, também, a lógica final é: um relacionamento aberto e feliz! Parabéns para eles, conseguem sustentar de maneira "sútil" um relacionamento aberto e conseguirem não levar isso "para a cama".
Meses se passam e você está fazendo compras no mercado de ressaca, cabelo bagunçado, óculos escuros para evitar a luz e metade da roupa que você usa era do pijama. Você não pensa em encontrar ninguém, e se encontrar evitar dizendo um bom dia mal humorado. Mas eis que você encontra a garota do seu amigo, este mesmo aqui falado, então as aulas de catecismo voltam a mente e aquele trecho judaico-cristão na mente (lo thahh.módh) Não cobiçarás a mulher do próximo, hahaha, muito mal seguido não só por mim, mas por toda a torcida do corinthians e de Jesus Cristo; ótimos cristãos, eu diria. (Por isso, reservo-me a postura agnóstica)
Ela lhe comprimenta, você responde - nunca na direção, pois o bafo de ressaca não passou ainda. - e a conversa prossegue e você bem pergunta, e ai, e o fulano, como vocês estão? Ele tá bem? Uma pausa dramática acontece, você fica até constrangido de olhar para a careta de desgosto e raiva que se forma naquele rostinho bonito: "Estamos nada, sabe? Aquele desgraçado estava me traindo!"... (Faltam reticencias neste instante...) (...) (...) (...)
"AHHHH! Que coisa, ? Como ele podia fazer isso contigo, tsc-tsc."

Até me apresso dizendo que minha mãe está já aprontando o almoço e não posso mais demorar. Na volta para casa, entre o peso das compras que os músculos de ressaca não aguentam nem carregar verduras e os pensamentos, a única palavra que martela minha cabecinha dolorida é "Hipocrisia! Hipocrisia! Hipocrisia! Hipocrisia! Hipocrisia!".

Como as pessoas conseguem sustentar tanta hipocrisia de maneira tãocomum e rotineira? Aqui quem fala não é nenhum Santo e hoje não é meu dia a ser comemorado, não! Aqui quem fala é um hipócrita também, olá. Mas é justamente por isso que sou indignado, estou indignado. Como conseguimos fazer tantas coisas hipócritas, mentir, julgar (sendo um "pecador", ou melhor, "cometedor" dos mesmos erros desvirtuados), entre tantos outros males? Nunca deixamos a razão ser nosso guia-mestre realmente, nunca trabalhamos com a maturidade emocional com maestria e vontade realmente. Deixamos nos guiar por aquilo que só consigo imaginar como sendo nossa natureza.

Usamos de nosso belo cérebro evoluído, de nossos pensamentos "racionais" e toda as belas criações para sobreviver. Nossos instrumentos, nossas armas? Nossa mente e tudo que ela produz. Não precisamos nos camuflar, não precisamos ser rápidos, não precisamos ter dentes fortes, nem venenos mortíferos... Só precisamos de nossa mente!

Eis nossa natureza e, em nosso inconsciente profundo, um instinto que sobrepuja a razão e tudo o mais. Precisamos sobreviver e, no caso, algo inédito, vencer sempre! Então deixamos as coisas ocorrerem e usamos o que convém como a hipocrisia de fazer cara de nojo e desgosto e dizer "você não acredita, ele me traio". - Caso ela houvesse falado "eu que nunca pensei em trair ele! Eu!". Nossa, eu iria rir muito da cara dela respondendo "isso só quando você estava sóbria, ? Quando bêbada, então, outros pensamentos povoavam sua mente, certo?".
Gosto das pessoas, gosto mesmo, mas não mais do que a minha cachorra e a árvore aqui de minha casa. A natureza delas é bem menos preocupante e bem mais definida, e eu sei que minha cachorra pode morder a qualquer hora, mas a mordida será causada por algo que eu estarei consciente do porquê. Enfim. Com as pessoas em vez de estar rosnando, um sorriso está lá presente - cheio de micro-expressões de ódio - e quando você vê este lhe "morde", e muitas vezes ainda sorrindo.

E não é por eu ser igual, fazer coisas iguais que não posso refocilar em minha hipocrisia criticando a todos nós. Já que nossa natureza é ser mental e ideologicamente contraditório. Sejamos, então. Por que não? Mas sejamos de maneira a se destacar, pelo menos a tentativa de sair da mediocridade que está sendo feita. Leia uns bons livros, aprenda a discursar, faça faculdade, saiba criticar a sociedade muito bem - mas faça isso bem o suficiente para deixar a todos boquiabertos e sem argumentos -, logo, tenha bons argumentos e quando não tiver bons argumentos saiba correr ou bater ou, privilegiadamente, comprar para que alguém assim o faça.
...Ou fuja dessa mar de merda que chamamos de sociedade civilizada. Sociedade civilizada?!?!
Basta dar um apagão para o caos se instaurar. Como se já houvesse luz elétrica durante nossa vida toda como humanos! Nós como os bons acomodados que somos ficamos em desespero ao voltarmos para o natural: a noite ser escura. E então é empurra-empurra, desespero, gritaria, violência, assaltos, MAIS hipocrisia de suas formas mais variadas... Não ligamos quem está nossa frente, se é irmão, primo, tio, mãe, Jesus Cristo, Deus, presidente Obama ou a velhinha catadora de garrafas pet da manhã de quarta, não!
Queremos chegar, queremos ir, estamos atrasadas. Típicos coelhos da Alice. Precisamos sobreviver a mais uma noite, a mais um caos. Para chegarmos em casa, ir dormir mais cedo, pois sem luz não há mais vida e depois rir com os amigos contando suas histórias no dia seguinte, na faculdade, no trabalho, no bar, sei lá. Como se na hora não estivesse no desespero e na desumanidade encarnada.

Eu juro, tento porque tento fugir desse status quo, mas ele me persegue e quer me fisgar e, com o tempo, fico sem saídas, sem métodos de fuga ou escolha. Ai, decido sobreviver. Mas isso entristece mais que a morte, pois esta não entristece tanto, querer sobreviver e cair na hipocrisia e se banhar na merda como se fosse ouro ou manjar dos deuses. Meu Deus, isso me dá náuseas, causa repugnância, exorta minha alma ao vulgar e grotesco.
Como posso me deixar levar tão facilmente por essa maré? Ela é forte, ela é esperta e não parece tão fácil vivenciando o problema, mas quando respiro, conto até 10, desarmo meu espírito dos pré-conceitos e dos dogmas sociais, vejo: é um nojo!
Não sei se é errado, não sei se é certo, não sei se é da nossa natureza ou mais artificial do que água mineral fluoretada e batata de hipermercado. Só sei que é repugnante.

E as saídas, onde estão? Terá saída realmente?
Só sei que já me enganei muito e este esta parecendo o maior de todos os enganos.

Quem será "EU" daqui 5 anos? daqui 10 anos? daqui 50 anos? Quem?
Decidi não querer pensar...


Eu vejo que desse modo irei viver sozinho para sempre, é sério. Sou um cara solitário e não consigo ser de outro modo. Quando vejo uma garota muito próxima (entenda próxima: PRÓXIMA!!) com o tempo enjôo, não exatamente dela, mas da relação, pois, já vejo muitas coisas que foram descobertas de um modo tão rápido e tudo o que sobrou de mistério parece ruim, chato e sem gosto. O ponto é que quando alguém quer conquistar tanto o outro alguém, desesperadamente lança todas suas cartas na mesa, todas suas boas coisas e só guarda as ruins, com o tempo o bom se torna ruim, e o prazer em descobrir os mistérios uma angustia. Lembro desses dois, um casal que tanto nem estava ai para descobrir sobre eles e, pelo acaso, descobri até bastante. Vejo uma inconstância, não sou contra muitas coisas que a maioria das pessoas é. Desde que quem participe esteja ciente, seguro e próximo de um contentamento, está OK.
Agora, as coisas me vêem abruptamente e se vão mais rápidas ainda. Deixam um rombo e um vazio para o vento e sujeira mental somente, não me deixam saudades exatamente, só que não adicionam muito. Pois, como ser feliz com o amor de Eros se este só me causa mal e angústia? Percebo que sou um dos poucos casos assim, mas vou mais além. As vezes, desde o início, eu não crio expectativas e mentiras, não me deixo levar pela emoção e bobagens mentais, sei bem onde vai dar, então para quê? Pois então, prefiro a solidão.
Não vou dizer que não sinto falta ou vontade de ter momentos assim, não! Sinto sim, mas quando estou neles me apercebo chateado, então já não sinto mais a mesma vontade nem a mesma falta. Logo passarão, são coisa do momento.

"Então... o que te sobra?". Já ouvi essa pergunta. Eu respondo "a solidão"! E completo, "há coisa melhor?"
Não, não há, mas é o típico sentimento que é como um instrumento difícil de tocar ou uma maquina difícil de operar: se você não sabe o que fazer com este, este só lhe causará angústia, raiva e tristeza. Por isso para que trocar de dúvidas, como fazemos com as religiões e lados políticos, se podemos viver numa dúvida maior, que é além do ócio e da aceitação, muito além dos próprios relacionamentos: o estar em si, por si, com si mesmo e bem, extremamente bem, e querendo mais. Um mais que não é preciso de ninguém para ser dado, um mais que não é preciso esperar, conquistar e lutar por ele, não. Ele está aqui, e sempre aqui, nos esperando. Mas nunca o encontramos, estamos fora de casa esperando... Conquistando... Lutando... E somos dramáticos e, não trágicos, quando não encontramos.
Agora entendo a parábola: "Você nunca encontrou Deus porque nunca esteve presente. Ele bate a sua porta mas você não está em casa, está atrás de coisas mais "importantes", achando encontrar Deus lá fora, quando ele está em sua porta, batendo!"

sábado, 7 de novembro de 2009

Meu discurso...

O meu discursar é sincero, penoso e cheio de detalhes. Tento ser claro, conciso nas idéias, mas quão (im)precisas elas são? Não vejo mais a possibilidade de que haja alguma verdade que não seja, ao menos para mim e só para mim, verdade (mesmo nestes meus discursos); falo porque penso e preciso falar, como atitude crítica, como atitude humana e falo para discordarem, para rebaterem, refutarem. Mas isso não mudará nada, meu ser empírico é o que mais me corresponde e mais me faz crescer. Os discursos nada mais são do que uma tentativa de universalizar o que sentimos e não nos sentirmos tão sozinhos em nossas idéias - e isso já basta.
Mas não quero mudar ninguém com meu discurso. Aliás, no fundo meu sentimento é causar algum impacto, o menor que seja, em quem me ouve. Mas não quero mudar ninguém. Vi isto quando comecei a causar certas coisas... Simplesmente me veio um pensamento: que porra estou fazendo? Será que estou fazendo uma coisa certa? Não deveria ter ficado quieto em minha tranquilidade e tolerância? Aonde levei o assunto, que rumo fiz este tomar? Mereço eu tal responsabilidade?
Se sou indagador, insatisfeito e sempre um homem trágico - na tragédia da multiplicidade e não do drama, na tragédia do paradoxo e do ser transmutador - porque devo eu falar? Por que meu discurso com o tempo ganha valor para alguns ouvidos, para algumas pessoas, mas perde o valor para mim..? Por quê? Não sinto merecedor disso. Só sinto que mereço perecer, viver e deixar viver!
Me perdoem, por favor! Não quero causar mais nada. E desejo mais e mais a quietude... De minha boca e de meu espírito. Mas, nem um nem outro se calam! Eles são insatisfeitos e irão sempre querer mais.
Logo, só posso pedir desculpas: por ontem, por hoje e pelo amanhã!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A Modernidade, o Homem Faustico e a velocidade que cega.

Um artigo para a matéria Introdução a Filosofia que me rendeu uma nota máxima. Isso me deu uma animada logo que eu estava com pensamentos desistentes e chateados, mas sempre tem algo bom pra compensar. - No caso uma nota boa, como modo de reconhecimento, para aquilo que mais gosto de fazer - e, provavelmente, a única coisa que faço "direito" -: escrever. Sem mais delongas:


Talvez a modernidade tenha sido somente a explosão necessária para revelar ao homem algo inerente a ele desde o inicio da formação do conhecimento filosófico: a forma paradoxal em que as vias de seus pensamentos se expressão, de certa forma uma dualidade, ou melhor, opção de escolha. Uma dualidade em busca de uma autentica personalidade sem as ingênuas ocorrências comuns durante toda sua história, a saber, o mau uso da razão, ou a não utilização desta. Outrora, o homem, aparentemente, ia à lentidão de uma charrete em direção ao progresso, hoje temos todos os aparatos que a modernidade nos serve: automóveis, combustíveis, maquinários e tecnologias que no geral as quantidades e diversidades correm em direção ao infinito. O homem capaz de mudar seu Meio não foi capaz de medir as conseqüências dessas mudanças: o que anteriormente demorariam anos para se concluir, averiguar ou constatar, hoje demora muito pouco – boa parte desse tempo é diminuído a partir de uma formula baseada no seguinte conceito: quanto mais capital, menos tempo para concluir. E é espantosa a capacidade de nos prendermos àquilo que criamos e a necessidade de termos sempre novidades, não conseguimos mais viver de forma confortável e produtiva sem todos esses aparatos que a todo tempo estão brotando das indústrias. É possível, de uma maneira radical, afirmar que tudo o que a modernidade nos fez foi construir, com seu conforto e eterna expansividade, uma prisão mental. O homem a muito só tem buscado a prática criadora e produtora em alta rotação. Deixou de lado a postura critica do espírito humano, o homem filosófico, o sonhador: que a tudo vê com olhos críticos e desconfiados, desconfiança necessária para um bom juízo e um progresso relevante.

Mas, não é só baseado nas criações tecnológicas, afastadas do espírito humano, que nascem os paradoxos inerentes à Modernidade, é também do próprio espírito, que, agora, se encontra confuso em suas vicissitudes ideológicas, onde o paradoxo ocorre de maneira a nos deixar a mercê de nossas escolhas e seus efeitos contingentes: conseguimos, de certo modo, controlar todo o nosso Meio, mas todas as tentativas de mensuras exatas dos resultados são incertas; principalmente, das tentativas de mudanças e mensura das atividades sociais, ideológicas e/ou econômicas. Essas aparências da modernidade já são um aviso de extrema importância: se o nosso Meio é expressão de nossas idéias e conceitos, basta olhar para o mundo para percebemos o quanto nos encontramos confusos e perdidos – ainda por cima quando nosso futuro é a valiosa ficha utilizada na aposta para um ideal: o progresso.

Marshall Berman, em Tudo que É Sólido Desmancha no Ar, procura fazer uma dialética da modernidade explicitando para o leitor as possíveis causas e, talvez, ideologias existentes que nos levaram a cair no tourbillon social – dito por Rousseau, o primeiro a utilizar a palavra moderniste no sentido em que usamos até hoje –. Essa busca se faz necessária para criar uma genealogia que tentará desvelar onde as possíveis dissidências de um progresso criterioso ocorreram.

Para isso, Berman nos mostrar um símbolo a muito usado como representante da modernidade, um ponto usado como o signo da conflagração da modernidade. Ele nos apresenta Fausto de Goethe como o personagem-símbolo dessa modernidade. Nele encontram-se todas as forças imperiosas necessárias para se fazer o progresso, sendo um personagem que possui todas as características necessárias para ser o controlador dessas ações: contrato com Mefisto, o diabo que lhe oferece recursos infindáveis e uma bagagem ideológica e espiritual muito grande; mas possui forças que vestem-no um cabresto estreitando sua visão somente para o progresso, cegando-o para os efeitos futuros que este produzirá. Ele não mede esforços nem modos de se fazer o que precisa. Não é a toa que esse personagem se tornou o signo que influencia até hoje estudiosos da modernidade. Fausto tem necessidades que o empurra numa direção única, pois a necessidade da pratica acertou-o como uma flecha envenenada cujo antídoto é trazer a modernidade, o progresso, ser um guia espiritual/ideológico do homem em suas necessidades terrenas.

Mas, Fausto em muitas de suas auto-reflexões, percebe que não serão os aparatos que nos envolvem, nem a forma da prática incessante de produção, nem todas as diversas novas técnicas que se apresentam que irão nos salvar. Ele observa que um olhar critico, para com o mundo e com as mudanças, é necessário, sem isso caímos num abismo do simples cumprir com nossas vontades até que estas estejam impregnadas de desejos egoístas sem uma visão de grupo, sem que perceba o mal que se faz. A auto-reflexão é o artifício humano mais importante nesse ponto: ela mostra um modo de controlarmos a selvageria irracional inerente a nós, superarmos as paixões tenebrosas e nos mostra que um caminho com pensamentos voltados para a sociedade é, também, um caminho de autodescoberta. Antes de um ato de coragem é uma necessidade em encontrar nas reservas de caráter a forma mais pura da razão. Porém, Fausto percebe isso muito tarde – se realmente percebe essa perspectiva.

O homem moderno já nasceu num mundo moderno onde tais fatos e absurdidades modernas são comuns desde a infância. Somos obrigados desde o inicio de nossas vidas a aceitarmos as informações que são cuspidas pra dentro de nossas por todas as formas de mídia e comunicação. O nosso direito de nos esclarecermos se confunde com o modo exigido em acumular conhecimentos diversos que nos afastam, ou pelo menos não é fonte de aproximação, da critica, e nos aproxima da prática repetitiva e cega necessária para o mundo produtivo. Ao começarmos a compreender o mundo, modos taxativos para entender conceitos importantes para o esclarecimento são apresentados, não é possível um questionamento.

Adorno/Horkheimer apresentam no prefácio da Dialética do Esclarecimento os vários modos que obstáculos para o esclarecimento e o real exercício da liberdade foram colocados dificultando as possibilidades da massa atingir seu esclarecimento. Esclarecimento que cabe a cada dia, mais e mais, adentrar na normalidade das massas, pois, mesmo que tenhamos atingido em curto espaço de tempo um acumulo grande de riquezas, elas não são usadas da maneira ideal: produzindo condições para um mundo mais justo. Pelo contrario escrevem, Adorno/Horkheimer: “Nas condições atuais, os próprios bens da fortuna convertem-se em elementos do infortúnio”, uma clara analise do poder paradoxal da modernidade, e continua “o progresso converte-se em regressão”. No texto há claras demonstrações de como ficamos incapazes da critica ao sermos imersos na prisão mental do consumo e da necessidade de capital, pois, nesse ponto cego a conversão de valores acontece.

A mesma racionalidade já falada pode cair nessa conversão de valores, e ser usada de maneira unilateral, ou até ser convertida em uma irracionalidade perigosa. Esse ponto é culminante ao personagem Fausto quando ele se apercebe onde chegou e como chegou, e mais, como as coisas acontecerão após esse ponto.

É importante frisar que essa é uma das formas da verdadeira dialética: as idas e vindas pelos mitos e pelas idéias criticas do presente. Uma não tão óbvia conversa entre duas grandes e semelhantes criações humanas ocorre: os mitos e a realidade absorvem um ao outro. “o mito já é esclarecimento e o esclarecimento acaba por reverter à mitologia.”, diz Adorno/Horkheimer ao demonstrar em tese que o mito, sendo a necessidade de explicitar dadas maneiras e impulsos humanos por formas de metáforas, acaba por ser uma forma de se esclarecer e criticar o mundo. Antes religiosamente seguidas e, mais atualmente, possuem um critério poético de observar as inconstâncias naturais do ser humano que produzem artífices altamente articuláveis e ambivalentes, e caso não haja forma de controle, para que futuramente esses problemas não sejam uma Hidra de Lerna, os mitos se farão reais de algum modo, como muitas previsões apocalípticas do futuro.

Por fim, temos aqui uma provável sobrevivência da dialética diante do conturbado progresso. É provável que a possibilidade de grandes momentos de crise ocorra para que, finalmente, encontre critérios valiosos para um real progresso. A modernidade e o modo moderno de ser passou a ser um desafio para o filosofo, uma bomba-relógio com hora para explodir, mas ainda temos a chance de desarmá-la. Mesmo que pequenas explosões ocorram, levando-nos ao ponto da barbárie, não são nessas horas que se abandonam as estribeiras e pulasse do barco. Mas sim é a grande possibilidade de nos mostrarmos como homens fausticos, ou melhor, “além-fausticos”, super-homens que conseguem lidar com as inconstâncias externas e os paradoxos, agora comuns, internos e provocam a mudança daquilo que já se constatou problemático e ruim.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Só, somente só!

De quem eu consumo,
me afasto.
E de quem eu amo,
Me perco, exigo, acho errado,
me desespero.

Dos amigos não sei mais,
Meu amor está, mas foge
Dos amores só vejo problemas,
só vejo desejos, vontades,
E nunca algo pleno, sincero...
Ou chance de mudança,
Ou desespero com a solidão.

E me sinto só,
Sou só, simplesmente só,
Não um "só" que necessita,
Exige, quer, impõe, busca!
Mas um "só", naturalmente só.

Falo sem querer magoar:
não preciso de ninguém.
Exijo de mim por culpas externas:
sociedade, dinheiro, status, sucesso!
Mas...pra quê?

Sento-me só,
diante de um bom livro,
de um folha de papel em branco,
um uisque ao meu lado,
e componho...
...e me completo.
Só assim,
finalmente,
Me sinto inteiro!

domingo, 1 de novembro de 2009

A ressaca veio, tarda sempre mas vem. E entre a dor de cabeça, o rock no quarto, o calor, o pulmão que tosse e a memória que falha, falha junto a criatividade, fico esparso na cama a olhar pro teto. Tenho afazeres e obrigações, mas que importa?
Eu tou de saco cheio de tantas coisas. Não preciso ter que viver uma vida inteira nessas coisas pra perceber que não gosto delas. hehehe.
Ok, sou vagabundo, arremessem suas pedras. =]

Vou comer algo.

sábado, 31 de outubro de 2009

Veja bem, seria um louco se eu dissesse que estou pronto pra luta, que sei o que vem pela frente e, não importa o que, não importa como e qual o tamanho dos desafios, porque estou preparado... Não estou! O ponto de partida é sempre esse: as coisas estão fora de minhas mãos, o jogo acontece as apostas crescem e eu vejo minhas fichas indo e vindo, perco muito. Tudo pelo coração, pela busca insana de algumas coisinhas ingratas e não merecedoras de minha atenção, mas meu coração muito grande, muito estúpido se deixa levar, apaixonasse...
Me vejo desligado de tudo que lhes importa, meu Aeon é assassino dos dois gêmeos. Se bem entendi, é isso. Olho pelo quarto, vejo o dia bonito lá fora, estou com vontade de sair, com vontade de vomitar, ir no banheiro, sei lá, estou com vontade de ganhar um pouco, depois perder, não é justo só ganhar. Sou humano com por vontade de trinta e um caminhos pela frente, uma sombra amiga, algumas cartas (as vezes, inúteis), uma puta vontade de viver... Ah! Isso eu tenho. Não sou humilde, essa palavra é um símbolo desvirtuado como muitos outros, a humildade acabou como que se fosse pregada na cruz e seguida por infiéis que se dizem fiéis. Então, o fato explicável e chato pra mim é que nada em palavras é muito útil, já deixamos os significados de lado, pra vida prática isso é inútil eu sei. Mas, observando direito, nem é tão inútil: eu não me cobro insistentemente em fazer coisas boas, ser moral, ético e blábláblá. Simplesmente é estranho fazer isso.

Alias, nem sei porque tou escrevendo isso aqui. Tchau.

Tristes poetas, o que nos aguarda?

Como pode a história saber das dores
de certos homens do passado?
O ânimo se desvala como sangue
no pulso do suicida.
Nunca sairemos daquilo que nos propõe,
se não nos propormos algo diferente
disso que nós temos, disso que nós somos:
Meros copiadores, repetidores históricos...
...Factuais!
Triste, triste farsa, tal vida... que vivemos?
Nós temos liberdade..?
Nós tomamos da hóstia da angústia,
bebemos do vinho do augúrio e da certeza,
Permanecemos ébrios na certeza, Mas Quê?
Quê tudo isso? Que fere e machuca ao querer...
E enquanto dissolve a hóstia e as certezas,
Esperamos...
Dum dia a alma arrebatar-se aos céus
perdão final, imaculado... Mas,
E os tristes poetas onde ficarão?

No purgatório dos incertos e dos feridos,
na falta de perdão?
No limbo vazio: apatia do Ser incompreensivel
sentidos duma vida passada...
No inferno do amor da dor?
No céu? De calma plenitude... Mas como?
Como pode ser calma a alma de um poeta?
Que plenitude há no coração de quem sente?

E os tristes poetas, onde ficarão?

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Foda-se, pastilhas!

É uma merda uma ideia tão bonitinha vir na mente e depois ir embora, ai reclamo, enquanto escovo os dentes, penso, penso, venho na frente do computador, suspiro, finjo que a música que tá tocando me anima, respiro, reclamo com uma amiga! Foda-se, perdeu-se mesmo no espaço, no limbo - que alias, deve ser recheado de boas ideias perdidas (mas, duvido que essas ideias, inclusive as minhas, eram realmente boas: se fossem tão boas assim ficariam presas que nem chiclete na mente, só desgrudariam com o gelo das palavras postas no papel)-. Então, foda-se, se perdeu mesmo, partimos para outra, ermanos!
Agora, após reclamar e o assunto progredir na falta do que falar e na minha necessidade (quase um vicio em escrever) a Amanda, em um momento de iluminação, um insight terrível disse: "escreva algo com a palavra 'pastilha' no meio, ela veio do nada na minha cabeça!"... Meu Zeus, que merda eu falaria sobre a pastilha? Que eu preciso de uma pra essa tosse terrível de fumante passivo-ativo-de-vez-em-quando? (haha) Se formos ver temos palavras legais que expressam coisas toscas, isso acaba com o sentido legal das palavras, mas o que isso vem ao caso, certo?
Alias, agora eu averiguei: que diferença tem do meu brilhante assunto esquecido da palavra-insight 'pastilha'?? Sinceramente, agora, vejo que porra nenhuma!
E toda essa baderna que estou escrevendo pelo fato, necessidade e excelência em babaquice faz da palavra pastilha, de qualquer assunto sobre uma pastilha serem melhores. E ainda insisto em escrever, escrever, escrever. Como se algum espírito sadio lesse isso até o fim e falasse: Brilhante!!
Deixo o tempo e que o acaso tenham piedade de minha alma que não acredita em si mesma, e me abençoem com uma inspiração fudidamente boa, de maneira que eu escreva e fale: "Caramba! num fui eu que fiz isso não. Não pode ter sido". Agora eu todo necessitado por algo todo piedoso penso, que bobagem! Muita bobagem só nos leva a mais bobagens e ainda por cima nocense, absurdas e nenhum pouco estéticas, pelo menos se eu fosse um leitor que realmente desse valor aos meus olhos e neurónios eu teria abandonado a leitura nesse titulo otário. Mas o que faz ser vinho e água, óleo e vinagre o negócio, é que as vezes não necessitamos simplesmente de nada muito esperto, nada muito filosófico e nem inteligente, só uma baboseira pra ler e surtar e fluir num pensamento ridículo a ponto de acha-lo realmente bom. Na verdade o que pode ser comparado realmente sem um pré-conceito em geral racional, que nos leva a crer que um livro critico é melhor do que falar sobre pastilhas ou sobre a guerra no Iraque ou sobre o fim-de-semana e o rolê com os amigos... Enfim, essas coisas em geral estão totalmente ligadas a social, a alguma necessidade de encontrarmos algo belo que nos sustente mais um pouco nesse mundo cão, nessa maluquice de vida, a arte é o único remédio para espíritos em busca de algo, porque a cada beco sem saída a ressaca mental é 'braba' e ai precisamos de algo belo que sustente. Então, para mim, leio, leio, desisto de 90% das leituras no meio, não finalizo mesmo, não gostei, pronto! O que me obrigará a lê-las até o final que regra impera sobre nossos coraçõeszinhos bestas que nos obriguem a ler porcarias até o final? Só para saber um final mais porcaria ainda? Dê-me licença, mas para mim muita coisa pode ser queimada, esse blog poderia ser queimado, mas como é virtual deixo ele ocupar espaço como só mais um entre zilhões de lixos virtuais.
E assim, vou ocupando caracteres e deixando palavras soltas sem valor nenhum, desprendidas de dono, nação ou crença, para serem qualquer momento capitadas por uma mente perdidas pela Teia e gerar qualquer coisa nessa mente, isso que importa: queimar neurónios alheios, isso é caótico e bonito. Nada mais importa, não é? Com tanta sujeira por ai, com tantas certezas inescrupulosas que defendem ferrenhamente ideais tão doentios, qual o problema de minhas palavras se dirigirem a algo tão inocente como pastilhas?

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Brincando de castelinhos de areia

Olho pra trás e vejo tanto areia que se desfez, tanto desperdício de trabalho: o fazer pra quê? só me demonstra um por quê: por que precisamos de um porquê pra tudo? E enquanto observo tanto coisa desfeita, tanto trabalho perdido vejo que não só com meu espírito brincalhão aconteceu isso: o mundo vive nessa decepção. Desperdiçamos mais do que começamos a averiguar agora, mais do que papéis, mais do que plásticos, árvores e vidas animais: desperdiçamos nossas vidas com muitos porquês. Não é uma fuga fácil da filosofia, da critica e de todos os mais. Mas, pelo contrario, é um encontrar a nós mesmos, nossa vida não tem, para mim, a necessidade de ser explicada: eu só vejo necessidade de vivê-la - uma pausa: não vivê-la do modo retardado Coca-Cola da vida, mas vivê-la, simples assim: se você decide que é necessário ter mais acção mais "zoeira", animação, etc, você só está fazendo algo PIOR, tirando uma explicação ao menos racional e pondo uma babaquice comercial e impulsiva no lugar, não deixa de ser uma tentativa de explicar, dar valor e razoes para a vida! Por que isso?
O ponto que está institucionalizado em nossas mentes(imposto, feito e já demarcar como pixaçao em mesa/muro/parede/banheiro de escola publica:) nós PRECISAMOS de um porquê, SEMPRE! Será mesmo???
É engraçado ver o trabalho eterno do ser humano só demonstrar o seguinte: não somos capazes de explicar, logo iremos brincar pela eternidade (ou até sermos instintos desse planeta) de descobridores de novos "mundos", novas ideias, ideais, comportamentos, e blábláblá.
Sinceramente, acho tudo isso um saco. Macaco, praia, carro, Jornal, tobogã, como diria Raul. Que sujeito sou eu que não acha nada disso engraçado? Razão, busca eterna, A(s) Verdade(s), psicologismos, historicidade da guerra, do ser humano, dos problemas passados e resolvidos no porvir, dialéctica? O que tem de bom nisso?
Isso só nega a vida, põe um não em nossa porta e diz a ela para passar mais tarde: "Me deixe que descobrir com solucionar sei-lá-o-que!!". Porque ainda acreditamos que somos ou "um doutor (ou) padre ou policial (ou um critico e) que esta(mos) contribuindo com (nossa) parte para o nosso belo quadro social...".

Existem muitas AS VERDADES, existe muita pouca humildade, existe muito ego lavado em bençaos ou provas cientificas, existe a necessidade de ser a luz pro mundo, solucionar o problemas e inflar o ego como balão.
O ser humano precisa de crenças para viver... Ou será somente um jogo que para quem se apercebe é muito bobo e cansativo?

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

À espera de minha aurora...

Nada lá fora, aqui dentro um caos e maresia, as horas não parecem bem existir, só são números que correm a se somar e somar, tão chatos! E eu cansado de ficar cansado, triste em ficar triste: em "meta-sentimentos" quero amparo de um colo feminino ou um rosto no vento provocado pelo correr do carro na estrada. Quero ficar e fugir: esse é o caso! E quanto mais perdido fico mais ponho minhas penosas dores, minhas alegrias silvestres de meus bosques de quadros de parede 'eternizadas' em folhas de papel e páginas de blog. E após escrever me desagrado, é comum, é necessário as vezes, me deixa só querendo mais e mais, e mais combustível tendo, mais meus dedos se mexem pelo teclado.
Entre palavras bonitas, desejos fortes e ébrios, uma ou duas pautas por trás das palavras que me guiam, que evitam que eu me perca com rapidez... Não muito útil: quando me apercebo já desviei o assunto, as palavras se encontram confusas e difíceis de relação; me parece que fico embriagado com elas. Talvez, esse seja o sentimento verdadeiro que me faz insistir em ser, ou querer ser, escritor - esse é um conceito muito complicado, o que é ser escritor? Para mim, seja por pretensão ou por necessidade de ser algo nessa vida, é reconhecer-se como um -. E entre sentimentos verdadeiros e vontades tão poucas e tão absurdas, me deixo levar pela vontade de colocar o que puder e o que for atractivo no papel. Quero atrair multidões, não pela propaganda que fizerem de meus livros toscos (algum best-seller juvenil ou auto-ajuda rebuscado em romance frívolo!) ou por falar mentiras que amansam os corações perdidos e que aceitem facilmente uma leitura fácil e estática(talvez muitos auto-ajudas se incluem nesses), não! Quero atrair olhos que leiam minhas palavras pela flecha acertada no alvo que abre as feridas cobertas e escondidas, "analgesiadas", que explicita os 'poréns' e os problemas do agora e do porvir... É tarefa difícil, mas essa é minha loucura: não busco mais o supra terreno, a Verdade, Deus, o Uno, etc.etc.etc. Busco o que posso ter chances em mudar, que minhas palavras em metáforas, em poesia, ou de forma extremamente explicitas - que nem parecerão verdadeiras -, calem bocas mentirosas e ponham corações ultrajados a bater mais forte. É tão indigno meu desejo? É tão sonhador e problemático... Mais até do que aqueles que buscam o que deixei de buscar: Deus e toda essa alegoria? Quais chances tenho em acertar? E quando as palavras que eu quiser, não vierem a minha boca ou a ponta de meus dedos, o que farei?
E deixando os dias fluírem, e deixando, mesmo que impassível e irresponsavelmente, minhas vontades purgarem, e deixando, do mesmo modo - irresponsavelmente -, vou buscando alguns afazeres que sujem minha mente e ocupem os espaços ocos. Mas ao deixar fluir, e fluir tanto as vezes, o rio não continua, alguma coisa barra a passagem de ideias, e ideias, a principio tão boas, ficam incompletas, não terminadas. Por isso, escrever, SABER escrever é difícil, mas o mais difícil ainda é manter a linha de pensamento, manter o foco e só parar quando os dedos doerem, a coluna reclamar, o dia estiver amanhecendo e, talvez, o estômago roncar... E continuar com o foco, continuar com a vontade: um olhar observador, uma necessidade de mudança, uma criatividade aliada a conjuntos de palavras ímpares. Ai que divergem as águas, bifurcam os afluentes: há os que prosseguem, há os que param, há os que continuam mas só pra si mesmos, há quem mais? Devem haver muitos e muitos...

Algo reluz da vontade, parece um xisto escondido entre pedras sem valor, entre a terra molhada e plantas mortas, secas... Há algo que eu olho, procuro as escuras. É noite, é noite ainda e minha mente trabalha lentamente, não quer se ferir nesse meio tempo - o tempo que é números, e números não me importam aqui - eu só faço uma pergunta: quanto tempo até que a aurora de minha vida aparece, a Estrela-da-Manhã pisque e ofereça seus valores vazios e profanos para que eu negue e diga apontando para o horizonte, "Veja, luz pequena da noite, és tão luminosas... A mais luminosa da noite, mas não te compares, Estrela-da-Manhã, com aquele que vem, o astro Rei!".

terça-feira, 27 de outubro de 2009

muito tempo sem postar nada.
Vai um Haikai:

tudo dito,
nada feito,
fito e deito
Paulo Leminski

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Continuação: [Nosso destino: a morte.]

Voltou uma criatividade voltando pra casa de carona com um amigo de sala. Ele me disse algo que fiquei realmente reflexivo: "Se não buscassemos mais uma Verdade, não corressemos atrás de uma forma perfeita, não teriamos acessos de ego e seriamos mais condescendentes uns com os outros[não exatamente nessas palavras, mas o mesmo sentido]". Na verdade não deixou de ser uma realidade isso. Ao buscarmos uma Verdade, e ao sermos humanos que sentem, que tem opiniões e que buscam de diversas maneiras assemelhar o mundo ao seu jeito (e não o inverso como dizem) simplesmente esta "A Verdade" será somente a "A Verdade" pessoal. Guerras e grandes problemas da humanidade se resumem a intrigas opiniáticas desta Verdade. O fato para mim é: realmente importa saber se há esta Verdade? O que fariamos se ela realmente existisse? Chegariamos finalmente ao ponto final, não da frase, mas da vida e ... Acabou. O destino foi consumado, só que agora, para sempre; se fosse possivel e alguém alcançasse tal verdade, ele de algum modo passaria para outros meros mortais tal fato. Então, acabou, simplesmente o fim estaria ai. E qual é a graça nisso tudo?
Mas perceba o paradoxo que isso pode gerar.
Se você carrega como idéia de que não há uma Verdade universal. Então, você decidi assumir isso como postura sua, nesse ponto existe alguém que diz que há sim uma Verdade universal. Nesse ponto a discussão acontece: um negando outro afirmando. Logo, você mesmo está carregando consigo uma Verdade universal sua: de que não há Verdade universal. Mas Seguindo um conceito lógico e conceitual é isso que acontece.

Caio na simples idéia então: as palavras e toda forma de expressão de uma idéia é limitada? Então, mais ainda, qual é o carater e conceito formador dessas idéias se não pelas palavras?
Vou relatar um sonho:

"Os preâmbulos que as luzes da avenida faziam de longe as minhas vistas, pareciam irreais, talvez eram mesmo, não importa isso quando o momento é vivo e saboroso. Estava vazia e completamente abandonada, a quietude e solidão contrastava com as luzes coloridas que as lâmpadas projetavam sobre as bandeirolas coloridas presas nos postes de luz, parecia que uma decoração daqueles desfiles que ocorrem pela avenida. Enquanto eu caminhava no meio da avenida vazia eu percebi que o tempo havia consumido os edifícios, as ruas e os objetos que compunham o ambiente. Não havia uma criatura viva à altura de meus olhos, se é que eu me encontrava vivo...
Parecia haver silêncio mas o vento trazia consigo o som de uma música, minha percepção lembrou-me daquelas caixinhas de música. Eu apercebi que não sabia como havia parado ali. A música era familiar, talvez, na infância, a tinha ouvido de alguma caixinha de música de minha irmã, ou em alguma 'fuçadela' em lojinhas de presente. Apurei meus ouvidos para buscar de que direção a música vinha. Pelo vento vir de encontro com minha face, continuei a seguir na esperança do som aumentar. A direção estava certa.
A avenida terminava em uma praça ao lado de um rio com uma beira calma. Nisso, ao contemplar o rio, vi uma das coisas mais bonitas na vida: uma explosão de cores sobre a superfície do rio, uma confusão de desenhos e pinturas surrealistas, aparecendo e sumindo de acordo com a velocidade e direção do vento. Uma desses desenhos se materializou diante de mim: uma ponte rústica. Exitei um pouco até perceber que o som vinha do fim da ponte: um umbral escuro, com poucas luzes de velas que bruxuleavam.
Segui pela ponte que parecia feita de tinta, e insistia em tomar uma forma úmida e pegajosa pintando meus pés que constatei só agora estarem descalços, as cores pegavam em meus pés. Percebi a única possibilidade de não estar afundando na tinta que pelo visto ela tentava copiar toda a estrutura do objeto que copiava. Puxei de minha mochila uma garrafa de vidro e enchi com essa tinta.
Entrando no umbral fui pintando o chão escuro com cores diversas que se mantinham sem se misturar naquela forma roxa estranha de quando tenta se misturar todas as cores. Elas se mantinham divididas e brilhavam. De meu pé parecia não acabar mais a tinta que eu havia pisado. E o som agora era nítido e propagava em eco de catedral e havia se transformado em uma música de um órgão, a mesma sinfonia, instrumento diferente.
Era uma catedral que só o átrio que daria para colocar dentro umas 4 igrejinhas. Porém, nenhuma cruz, nenhum símbolo ligado a qualquer religião estava pregado nas paredes dessa gigantesca catedral. Totalmente limpa de símbolos, somente com sua estrutura, aparentemente, gótica e um gigante espelho a frente, que conseguia aumentar ainda mais o seu tamanho original. Segui pela passagem entre os acentos pintando o chão pelo qual eu passava. Um órgão ao lado direito e uma caixinha de música ao esquerdo. Porém a confusão e o susto me vieram: o órgão não se refletia no espelho e a caixinha de música era um reflexo sozinho sem o objetivo original. Me olhava no espelho perplexo pelo espaço colossal que se prostrava atrás de mim... ou a minha frente. Não sabia.
Toquei o espelho incrivelmente plano e grande. Meu dedo a principio tocava me uma superfície fria, porém, afundou na superfície do espelho que agora parecia liquida. Algo, como que uma gravidade inversa, me puxava para dentro do espelho, aonde eu mergulhei em desespero. Ao cair do outro lado, o espelho atrás de mim, nesse mundo inverso, produzia ondulações como a água mas essas ondulações iam partindo o espelho, que dividia em si a fluidez e a rigidez, e nesse conflito o espelho rachava. Decidi correr ao perceber que ele iria partir e cair para frente, mas antes, não sabendo porque salvei a caixinha de música que estava no pedestal. A música monofonica foi substituída pelo som ensurdecedor de vidro partido e seu eco pela catedral.
Mas o vidro invés de cair era sugado pela escuridão atrás de si, que ia consumindo-o como uma treva ou mortalha viva. Ela ia encobrindo as paredes cinza claro com um breu fantasmagórico. Corri, agora com caixinha de música e garrafa de tinta nas mãos, para a outra entrada. Enquanto corria pela gigantesca catedral um tentáculo sombrio correu em minha direção e segurou minha perna esquerda, me fazendo cair no chão. largando a caixinha de música e a garrafa que quebraram no mármore cinza. Chutei o tentáculo vivo com meus pés coloridos fazendo-o recuar emitindo um gemido. Parecia que era ácido a cor para ele. Coloquei a caixinha de música com suas partes quebradas e soltas na sacola e e recolhi o máximo que pude de tinta com uma mão na base da garrafa que fora a única parte que não havia se espatifado. Minha mão direita se cortou no contato com o vidro e o sangue se misturou na tinta, mas a tinta também se misturou no sangue e minha mão começou a se deformar. Não a sentia mais como ossos, carne, sangue e calor, sentia ela como uma experiência nova. O tentáculo voltou a segurar nas minhas pernas. Tentei chutá-lo novamente, mas dessa vez ele segurava firmemente as duas pernas. Tinha que cortá-lo, arrancá-lo, mas onde eu encontraria tal instrumento aqui...? Mal a pergunta se finalizará em minha mente, já sem esperanças, e minha mão foi se transformando pela tinta e pelas cores numa grande espada afiada. A tinta era de uma magia assustadoramente amigável e boa.
As pontas dos tentáculos que prendia minhas pernas se soltaram das bases com um passar rápido e forte que eu dei neles. As Sombras caiam e sangravam um sangue tão escuro quanto ele mesmo. Antes o que foi um gemido agora era um grunhir descontrolado, as cores corriam o tentáculo. O grito fez o restante do espelho explodir, vindo cacos em minha direção. Me protegendo com a mão-mágica-espada, que agora se transformou, na rapidez necessária para me proteger, em um escudo. Procurei mais da tinta. Minha mão esquerda, talvez, poderia ficar igual. Se encontrava misturado no sangue sombrio no chão. Sem exitar, pus a mão nele, cortando novamente com os cacos que se encontravam no meio dele, a tinta foi sendo absorvida, mas o sangue negro tomou vida e entrou por minha ferida aberta. Tudo dessa vez foi dor, uma dor excruciante, não mas aquela prazerosa metamorfose, somente dor e desespero. As trevas adentravam em mim..."

sábado, 10 de outubro de 2009

Nosso destino: a morte.

Não é nenhum texto existencialista e pessimista esse, pelo contrário eu gostaria de fazer um ode a vida, mas não sei se terei criatividade, capacidade e poder para isso:

Quando nos encontramos diante de perguntas sem respostas temos duas grandes principais escolhas: a fuga ou encarar o desconhecido. Será uma escolha, e teremos muitas dessas grandes escolhas, pela vida toda. Abdicar de buscar A Verdade, o Uno, Deus, ou qualquer outro símbolo transcendental e supremo, pelo simples fato de não termos certeza, somos desencorajados pelo passado que demonstra pessoas que dizem nunca terem encontrado, e vários outros factores; mas ai está um grande ponto chave: estamos cientes de que a possibilidade de não existir nada disso é grande, então nos fechamos dentro de nós mesmos e só nos abrimos para as certezas e para as coisas comprovadas. Mas o que pode nos ligar fortemente a uma forma de querer ter vontade de acordar no dia seguinte, de querer continuar a viver, é o simples fato de nós sermos imperfeitos. O que podia antes machucar nesse ponto, caso aja sapiência, uma certa coragem e consciência, você consegue perceber o quão tedioso é a perfeição. A perfeição é um invólucro fechado em si, as pessoas tem dificuldade em amar a Deus, por isso elas aproximam Deus ao homem: Jesus é a imagem da imperfeição, da forma humana necessária para termos real e sincero amor por Deus. Ver Jesus na cruz nos desperta o amor.
Então o fato principal é não se importar pelo caso gerado: se existiu ou não, se andou pela agua e se fez milagres ou não. Precisamos de signos para expressar nossas vontades e interagir com o mundo. Contamos histórias, criamos mitos, escrevemos romances para tentar entrar em sintonia e acordo com o mundo. Pode parecer, numa certa visão extremada, um desespero. Mas desespero não seria a fuga? Não seria o medo do que encontrar pela frente? Então por que julgar a tentativa de explicar o inexplicável e se aproximar da perfeição sendo imperfeito, falho e cheio de defeitos? Vê como o formato disso só demonstra coragem e não inocência?
A filosofia é um exemplo disso, fora uma continuidade da fé e do mito pelo uso da razão, então achou-se necessário abandonar a fé e o mito pela razão. E até hoje não chegamos a nenhum ponto chave: nem pela fé, nem pela razão. Então por que glorificar qualquer uma delas? Por que exercitar uma e deixar atrofiar a outra?
Todas essas coisas são só a demonstração de algo maior: a busca pela vida. Não digo um buscar pela razão da vida, isso é uma das perguntas sem resposta; digo uma busca pela experiência de estarmos vivos, onde nossas experiências de vida no plano físico ajam em ressonância no interior de nosso ser e de nossas realidades mais intimas, de modo a conseguirmos sentir o verdadeiro êxtase de estarmos vivos.

Mas... nosso destino, existe? Qual é? Para mim, é claro que existe um destino, e é um destino consonante entre todos nós: a morte. Quando alguém parar de morrer, então o destino pode deixar de acontecer, pelo menos em consonância. Mas ficar nessas conversas de sexo de anjos, se destino existe ou não é uma bobagem quando percebemos algo que realmente sabemos estar destinados. Não pensamos muito por ser uma das perguntas sem respostas: será o fim de nossa existência? Será um novo começo? Será que transcenderemos... ou acertaremos as contas do que fizemos em vida? Enfim... A morte, sendo o mais óbvio e acontecimento mais presente em nossas vidas, é a coisa que mais afasta discussões. Estar ciente do nosso destino é estar em paz e pleno em si mesmo... dizem por ai. Logo, estar ciente e em paz com a possibilidade, ou melhor, o fato que iremos morrer um dia é perceber a felicidade de estarmos vivos agora para nos ligarmos as coisas do mundo. Muitos dizem que estão realmente ligados a morte, que ela é uma coisa boa para eles e que eles estão em paz com tudo isso. Se fosse realmente verdade toda essa baboseira que eu ouço, não verei todas essas muitas pessoas sofrendo e se auto destruindo... como eu muito fiz, e as vezes, ainda muito o faço.

Não é bem amar a morte, mas deixar ela na consciência, e se for um amor, que seja platónico e distante: quero muito viver ainda.


[desculpem, nunca consigo terminar decentemente um texto, procurarei continua-lo. abraços-beijos]

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Desilusão

Um abraço e um beijo.
Confirmação necessária,
Contradição ao que foi feito
prova da carência ordinária.

Aonde viveu um grande amor
Sobrou a apatia, o torpor.
Não sei mais se sinto o mesmo,
Não sei mais se sinto mesmo.

Um configuração necessária
Da raiva, da ternura egoísta,
Do querer para mim o que não é meu.
Um sentimento confuso.

Porém nenhuma questão faço mais
De para ela belas palavras escrever.
Quando vejo que nada ocorrerá
Nada retornará... tanto faz.

Vou me arrastando pelo mundo
Até onde eu aguentar,
Não seguro mais o fôlego
Não rezo mais contra o medo.
Deixo vir, quem sabe, me arrebatar.
Deixo, quem sabe, um desfecho acontecer
Algo melhor, quem sabe, do que preparo pra mim.
Ou... Quem sabe, algo pior que acabe por fim.
Destino cruel, sentimentos cruéis...
Que apatia é essa pela vida?
Que servo eu virei do amor?
Abraço a próxima possibilidade.
Quem sabe, quem sabe, caio no delírio...
De ter encontrado a verdade.

sábado, 3 de outubro de 2009

And slowly, you come to realise

It's all as it should be
You can only do so much
If you're game enough
You could place your trust in me

For the love of life
There's a trade off
We could lose it all
But we'll go down fighting

And what of the children?
Surely they can't be blamed
For our mistakes?

And slowly I've come to realise
It's all as it should be
That hiding space
A lonely place

How can the right thing be so wrong?
I've found mistakes
Where they don't belong

For the love of life
We'll defeat this
They may tear us down
But we'll go down fighting

won't we?

domingo, 27 de setembro de 2009

Sem titulo.

Não durmo mais normalmente
Nunca vivi ao menos normalmente
A normalidade me fugiu já tanto...
que deixei de buscar...

Meus olhos percorrem pela vida
De modo canónico
Para não deixar a vida percorrer
sozinha, caminhos tão tristes.

Só tenho a mim mesmo
E uma mão que escreve,
Não sei o que, não sei porque
Mas escreve.

O que eu dou é pouco
Talvez insufiente
Somente palavras vivas de sentimentos vivos
De um coração que aos poucos... morre.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

os livros são meus amigos...

...e em 24hs terminei com dois. Romances, andei precisando ler algo que não seja filosofia: já perdi a conta de quantos meses me afastei da poética e da prosa. Tantas crises, tantos problemas insolúveis: para que tudo isso no final? Nem ouso explicar. Enquanto isso faço "trabalho de formiguinha" como uma amiga me diz. E farei mais, não posso me dar ao luxo da certeza e do encontro duma finalidade para minha vida: a meta principal, o alvo de meus desejos ou qualquer coisa parecida. Isso é demonstrar-se cego e demasiadamente insensível as coisas ao seu redor. Pomos nossa vontade, nosso desejo para simplesmente fazermos e alcançarmos algo que nos é, aparentemente, necessário: para mim, doces (e depois amargas) ilusões. Somos críticos nos momentos errados, práticos nos momentos errados. Nós, humanos modernos, humanos, demasiado humanos modernos, deixamos que os papéis se inverterem antes de analisarmos o que realmente é proveitoso.
Não sou contra uma possível inversão dos papéis, da abertura de novas ideias, de novas perspectivas e a quebra de dogmas, desde que seja feito com um "porque": nisso a necessidade sincera de existir razão para acontecer. Os sentidos entram como desculpa, sentimentos entram como desculpa. A razão nada pode fazer nesse terreno tão voluptuoso, concuspicente, a não ser reclamar, até gritar, no canto escuro da alma, enquanto a poética carnal do espírito humano toma seu lugar nos holofotes da vivência... Tão fácilmente corrompivel a vontade humana diante dos prazeres simplistas... Mas não simplistas para esses escravos hedonistas; para eles é o céu, o inferno e uma razão única para perder a vida nesse culto ao prazer.
Por isso os livros são meus amigos. Neles encontro de tudo e não me despejo de energias tão puras e necessárias para que minha vitalidade permaneça entre minha carne e espírito. Não me enveneno com as "pílulas da felicidade", os diversos "somas"(vide Admirável mundo novo, A.Huxley) que se encontram pelo mundo, sejam traduzidos ou não de essa metáfora: TV, músicas, livros(por que não, eles? São a fonte da verdade por algum acaso?), baladas, bares, etc., tudo tem sua representação de inferno...e de céu. A todo canto nos encontramos como leões de zoológico aprisionados em nossos falsos Habitats onde recebemos alimento e tratamento "básico"(quando recebemos) depois de um dia de "espetáculo"... O espetáculo para quem não entendeu ou não se fez entender é: trabalho, relações baseadas na teia do respeito e do hiper-respeito, status, etc.

Posso ser a "formiguinha" mas pretendo ser uma formiguinha que pica pernas que precisam ser picadas e que cria planos contra grandes gafanhotos...(Sim, referência ao singelo Vida de Inseto) Só preciso aprender a melhor forma para isso. Enquanto me são oferecidas Soma's para me distrair e para me colocar em dúvida da necessidade disso tudo. Só consigo proferir uma única frase, poética, épica, heróica(?): "Controle tudo que puder controlar, verme, deixe tudo passar como a porra de um vento. E se tiver de cair, caia com os revólveres fumegando."


Sempre me falta algo no que escrevo. Reviso, reescreve... e guardo para mim.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Movimento intenso.

Não sei porque estou meio estressado! Passageiro e interessante sentimento: que dessa vez não é bem um sentimento causado por outro(p.ex: amor), mas um sentimento causado pela necessidade.
Algo complicado de explicar e passar por "papel", mas a ideia é essa: agora sinto a dor por necessidade em demasia de me mover, e não de me acalmar - ao lado de alguém, ao lado de uma idéia, ao lado de uma boa escolha, não, isso não. Simplesmente quero me mover para muitos espaços, sejam mentais ou fisicos...Quem sabe, espirituais(problemático isso... ando pondo em prova). É bom se mover e nesse movimento causar uma comoção interna e externa naturalmente caótica: um processo de por tudo pro ar, explodir as coisas velhas, inúteis e confortáveis... Deixar os cabos de segurança se soltarem, andar na corda bamba.
É ansiedade o que me toma agora. Uma ansiedade, não em mover-se (isso de alguma maneira já faço), mas uma ansiedade em mover-se mais e mais.
Quero ser as mil-e-uma flechas lançadas pelos guerreiros misticos de Shiva, quero ser o degrau no pé e o corvo na cabeça do Übermensch, a ponta aguda da agulha que costura o manto dourado do sábio de Shangri-lah... Um ultrapassador, um destruidor, um mantenedor, sonhador, fomentador, construtor... Mas principalmente guia de mim mesmo.

domingo, 20 de setembro de 2009

Zaratustra, porém, olhava para o povo e se admirava. Depois falou assim:
O homem é uma corda, atada entre o animal e o além-do-homem - uma corda sobre um abismo.
Perigosa travessia, perigoso a-caminho, perigoso olhar-para-trás, perigoso arrepiar-se e parar.
O que é grande no homem, é que ele é uma ponte e não um fim: o que pode ser amado no homem, é que ele é um passar e um sucumbir.
Amo Aqueles que não sabem viver a não ser como os que sucumbem, pois são os que atravessam.
Amo os do grande desprezo, porque são os do grande respeito, e dardos da aspiração pela outra margem.
Amo Aqueles que não procuram atrás das estrelas uma razão para sucumbir e serem sacrificados: mas que se sacrificam à terra, para que a terra um dia se torne do além-do-homem.
Amo Aquele que vive para conhecer e que quer conhecer para que um dia o além-do-homem viva. E assim quer ele sucumbir.
Amo Aquele que trabalha e inventa para construir a casa para o além-do-homem e prepara para ele a terra, animal e planta: pois assim quer ele sucumbir.
Amo Aquele que ama sua virtude: pois virtude é vontade de sucumbir e um dardo de aspiração.
Amo Aquele que não reserva uma gota de espírito para si, mas quer ser inteiro o espírito da sua virtude: assim ele passa como espírito sobre a ponte.
Amo Aquele que faz de sua virtude seu pendor e sua fatalidade:assim, é por sua virtude que ele quer viver ainda e não vive mais.
Amo Aquele que não quer ter muitas virtudes. Uma virtude é mais virtude do que duas, porque tem mais nó a que se suspender-se a fatalidade.
Amo Aquele cuja alma se esbanja, que não quer gratidão e que não devolve: pois ele sempre dá e não quer poupar-se.
Amo Aquele que se envergonha quando o dado cai em seu favor, e que então pergunta: "Sou um jogador desleal?" - pois quer ir ao fundo.
Amo Aquele que lança à frente de seus actos palavras de ouro e sempre cumpre ainda mais do que promete: pois ele quer sucumbir.
Amo Aquele que justifica os futuros e redime os passados: pois ele quer ir ao fundo pelos presentes.
Amo Aquele que açoita seu deus, porque ama seu deus: pois tem de ir ao fundo pela ira de seu deus.
Amo Aquele cuja alma é profunda também no ferimento, e que por um pequeno incidente pode ir ao fundo: assim ele passa de bom grado por sobre a ponte.
Amo Aquele cuja alma é repleta, de modo que ele esquece de si próprio, e todas as coisas estao nele: assim as coisas se tornam seu sucumbir.
Amo Aquele que é de espirito livre e coraçao livre: assim sua cabeça é apenas a víscera do seu coraçao, mas seu coraçao o leva ao sucumbir.
Amo todos Aqueles que sao como gotas pesadas caindo uma a uma da nuvem escura que pende sobre os homens:eles anunciam que o relâmpago vem, e vao ao fundo como anunciadores. Vede, eu sou um anunciador do relâmpago, e uma gota pesada da nuvem: mas esse relâmpago se chama o além-do-homem. -