segunda-feira, 14 de junho de 2010

Meu novo blog. http://bodhati.blogspot.com/ Será lá que irei postar os novos textos.
Abraços!

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Reflexão: Justiça e Vingança ou A linha que pode nos separar um ciclo vicioso.

Enquanto nós nos fechamos em nossos mundos da maneira egoísta, vendo só nosso lado... Enquanto isso, o mundo segue adiante. E enquanto que nada de ruim dele interfira na nossa vida, nos dê um soco na cara e nos mostre a realidade, agimos de acordo com ele. Achamos que abraçar ideologias ajudará em algo, ou que pensar e criticar também será os caminhos mais sábios. Mas quem realmente sabe?
Imagine que decisão racional tomar num momento que você tem uma arma, está num local com um assassino frio que matou "em prol de uma vingança fútil sua" várias pessoas inocentes. O que você faria? Essa é a pergunta clássica. O Mataria? O torturaria? Faria o terror psicológico?... Ou deixaria que a justiça cuidasse dele? Quando colocamos no âmbito pessoal, mesmo com toda nossa moral introjetada, a última opção é, justamente, a última opção a se pensar. Pior ainda se dentre essas pessoas inocentes estivesse um ente querido. Mas por quê?
A justiça busca encontrar, na teoria, uma igualdade para todos, em que o criminoso não saia impune e que ele pague pelo crime que cometeu. Mas então a justiça, falha, corrupta e toda cheia de brechas, alivia para que pessoas realmente más - sim, faço um grande juízo de valor; aqui quem fala é alguém que enquanto descrê em qualquer supraterreno, crê na possibilidade da virtude e de um caminho certo, matar, roubar, causar dor ao outro, não é um caminho certo.
Logo, o lema "olho por olho, dente por dente" torna-se um guia de justiça, justiça com as próprias mãos. Mas nesse "olho por olho", nessa "justiça" (que torna-se vingança) nunca quem a pensa, a cogita está totalmente racional, não que isso seja possível, mas o emocional está abalado, toda uma estrutura pessoal foi destruída. "Olho por olho", até quando? Quando é que alguém que busca vingança saberá ter "equilibrado a balança? O "olho por olho" pode tornar-se "olho por olho, nariz, dentes da boca, orelhas...", pode tomar proporções irreversíveis!
E depois faz-se vingança aqui, algum outro lado pode querer fazer uma contra-vingança, e assim, tudo perderá seu controle. A justiça? Ela é falha, mas a vingança também - e nisso não sei qual pode ser mais falha do que a outra.
A proporção que as coisas podem tomar, só pelo fato de que nós achemos que estamos certos em agir de acordo com uma vingança... Não parece ser válido, é trocar sangue por sangue, é aumentar mais e mais a dor de todos os lados. A justiça pode ser ruim, mas ai que está o problema inicial, não é ela que é ruim, mas nós que não fazemos e buscamos fazer dela algo melhor. Deixamos poucos assumirem muito, nada para mudar isso... A injustiça já está inserida nos palácios que dizem fazer justiça. E disso posso passar horas falando! Mas, afinal, não buscamos uma Justiça justa agora, só quando - que isso não nos ocorra - precisamos recorrer a ela, e quando precisamos vemos que ela é falha, nos arrependemos. Nasce a justiça com as próprias mãos! Não há justiça agora porque ninguém se importa com ela enquanto não necessita dela!
O que somos nós, afinal? Egoístas inértes em nossa mediocridade, nada fazemos, em nada agimos... A nenhuma solução recorremos! Quando acontecer algo realmente ruim, será o momento de recorrer a essa justiça própria, a esse caminho sem volta... Olho por olho, por dente, por orelha... Vamos parar e pensar. Vingança? Obra de desesperados. Justiça? Obra a ser montada, remontada, criticada. Nunca será perfeita, mas pode ser melhor!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Os bons e velhos discursos...

Nós erramos. Nós nos perdemos nos erros, muitos erros, muita confusão... mas, afinal, buscamos nossa consciência. Nós erramos, sim, todos erram. Nós erramos mais em continuar a falar dos erros, a tratá-los como crises profundas e sem soluções. Crises que estariam mergulhando em abismos de problemas, de falta de rumo. Direto ao nada.
Eis que buscamos a consciência, enfrentar tudo isso. Tentar se esvaziar de tudo isso, por uma pedra em cima. Logo, esse caminho de ignorância(de ignorar) mostrou-se falho, mostrou-se incompleto. Erramos novamente? Enfim, a dor, a falta de esperança... Puxa, quanta coisa que nem da pra qualificar. Pareceu-nos um montante de coisas impossíveis de solucionar. Eis que um ato virtuoso, um ato bom: demos nossas caras a tapa. Abrimos os braços, deixamos o peito firme, talvez gritamos, talvez rimos, chamamos atenção para que todos os socos, flechas, pultapés, todas as blasfêmias viessem até nós.
E esse vazio... Essas dores... Essas incongruencias... Tudo isso tão forte e tão presente, tornou-se nosso repertório de dor e tristeza... Ou nem isso, de vacuidade... do vácuo.
As porradas inevitáveis vieram, como todas de uma vez ou em camera lenta ou por todos os lados. Como era esperado (ou não) sangramos mais, nos machucamos mais do que era possível... Talvez nesse instante, tudo estaria solucionado: com nós acabamos.
Mas a consciência, essa(s) vozinha(s) insistentes e salvadoras, falaram calmamente: "Isso não é você!", "Você não pode ser tão fraco assim", "Deixe tudo isso de lado, levante-se e enfrente!"... Uma porção de clareza, uma porção de alivio, uma porção de vontade de querer voltar a respirar, TER QUE VIVER. Tudo volta ao que era antes? Talvez não, mas devemos fazer as coisas tornarem-se melhor.
Enfim, agora vejo: Os bons e velhos discursos que insistem em se repetir não são para os que estão sofrendo, estão no fundo do poço ou que não aguentam mais a tudo, esses discursos são para os que estão assim e querem enfrentar a tudo isso... DE VERDADE!
... Que eu tenha forças para caminhar sempre com essa vontade.

(Os aprendizados? Cada um sempre tira o seu. Cada um tem que buscar o seu... Afinal, a vida sempre me pareceu uma coisa cheio de lições, mas pouca insistência para aqueles que não querem aprender...)

sábado, 15 de maio de 2010

Aqui no meu quarto, esperando nada de nada, que o Nada Supremo tome conta de todos os espaços que olho e simplesmente sobre nada. Hahaha! Que discurso sem valor. Tenho algo para fazer - essa noite -, mas todo e qualquer tesão em fazer desapareceu. Já dizia Bukowski - algo mais ou menos assim: - "Não odeio as pessoas, mas prefiro quando elas não estão por perto." hahaha. Por ai, por ai...Pelo menos hoje, pelo menos agora.

O banho é o segredo disso tudo. Momento em que, após ele, ou eu ponho a roupa de sair ou o pijama. Decisão cruel, crudelissíma e mágica.

um sistema, automato.

3 horas e meia de sono diário, as vezes umas 4 horas. Isso acaba com qualquer saúde. Alimentação saudável, exercícios diários, manutenção mental? Enfim, todas essas coisas "saudáveis" não adiantavam com horas de sono tão ruins. E ele, pensando nisso, já acordado olhando em torpor para o celular, esperando-o tocar com seu alarma para despertar, ficou aliviado quando finalmente ouviu o som irritante que aumentava a cada segundo, tornando-se mais irritante. Por fim, quando já estava suficientemente barulhento desligou-o e continuo deitado, virando-se para o teto... E perguntou: "Deus, o que mais hoje?"
Levantar, calçar os chinelos, espriguiçar-se, mijada matinal, por um blusão por cima do pijama - era frio -, lavar o rosto, ir para a cozinha, encher o estômago com qualquer coisa, tomar suas vitaminas, segunda mijada matinal, o resto d'água na garrafa que deixa no quarto de madrugada, escovar os dentes, tomar banho, se secar rapidamente, vestir-se rapidamente, praguejar a natureza pelo frio - primeiras palavras do dia -, calçar os sapatos, ir na cozinha, pegar qualquer coisa para levar para comer, tomar outro copo d'água, ver se precisa ajudar alguém em alguma coisa: recolher a merda da cachorra, levar o lixo na porta, estender a roupa, enfim... Pegar a chave, arrumar a mochila, carteira no bolso esquerdo da calça, celular no bolso direito da calça, trocar de óculos: normal de grau pelo de sol de grau, pegar tudo que precisar, sair pela porta e... Enfim.
Quase tudo sistematicamente normal e cotidiano, as vezes umas mudanças, não era tão neurótico ou possui algum Transtorno Obsessivo Compulsivo, não! Era só organização necessária de uma mente bagunçada. Então ai as pessoas se tornam diferentes, vistas de perto a "organizada" é somente "esquecida" ao ponto de criar uma metodologia estática diária. Talvez a organizada seja tão organizada que faça isso tudo sem precisar lembrar mentalmente todos os passos. Simplesmente os efetua de maneira natural...
Ele? Uma bagunça do caralho. Só existindo um Ser infinito de potência para operar um milagre na vida deste homem. ha, ha, ha!
Ele ficava com uma bagunça do cacete caso estivesse com uma ferida no dedão do pé, todo o sistema caía quando tentado ser adaptado, ou quando o chuveiro estivesse com problema. Eu citei as atividades sem detalhes, pois, para tomar banho, por exemplo, no frio é preciso toda uma técnica para não ficar sofrendo choques-térmicos constantes. Nem vale a pena explicar.
Enquanto caminhava para ir pegar o ônibus, checava se tudo estava certo mentalmente. Vai saber. Se o Sistema é falho, imagina seu sistema... Tudo ok? Segundo passo: caminho para faculdade.
Subir a rua, esperar o ônibus, pegar ele, para passar o cartão: segurar-se nos ferros com a mão direita passar o bilhete com a mão esquerda, guardar a carteira, passar a catraca, olhar por um rosto conhecido, depois por um assento vazio, depois por um assento com companhia de alguma moça bonita, se não, senhora, se não, alguém que seja "mais normal"...Ai sentar... E começa um "novo ciclo"...

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Musa.

Aquela garota-mulher, pequena, com olhos vivos e brilhantes, um sorriso vivaz e enigmático – no final, poderia ser simplesmente um sorriso sincero... sorrisos sinceros tendem a ser enigmáticos –, ela o instigou. Ele ficou tentando, pelas beiradas, descobrir como alcançá-la. Timidamente e erradamente ele puxou uma vez um assunto qualquer, depois ficou trocando olhares. Maldito ônibus lotado.

Agora, no presente, ele a via rodeado de estranhos. Queria ele saber: quem é ela? Depois da resposta dessa pergunta tudo poderia estragar, pois, minutos depois ele num conversa com um colega dessa garota falou: são as dúvidas que dão graça a vida e não as certezas. E assim, mesmo depois da tentativa de conversar com ela, de se aproximar dela... Enfim, não deu. Descobriu ao menos o curso que ela fazia e o ano em que estava.

Toda essa vida sempre em busca de conhecer as coisas, mas não para fundar uma verdade. Ele percebia isso agora: sempre foi conhecer despretensiosamente, para depois esquecer, mudar de idéia, montar novas idéias. O compromisso com qualquer filosofia sempre foi próximo ao nulo: ele gostava de crer e descrer em tudo e nada. Aceitando toda e qualquer solução para o momento que parecesse viável ou divertida ou sincera...

Aquela moça, sem nome por hora, dos olhos claros, cabelos lisos e castanhos e com o seu sorriso singular mexia com os pensamentos dele em todas as viagens que se encontravam. Tornou-se um hobbie, descobrir as coisas dela. Características, gostos, nome etc. Ele sempre teve musas às quais ele dedicava seus pensamentos que os encontros duravam as viagens nos ônibus. Era seu modo de brincar em conhecer as mulheres, seu joguete descompromissado em busca de coisa alguma. Ora buscava pensar qual era a cor ou cores favoritas dela, ora imaginava que tipo de música ouvia, ora os pensamentos tornavam-se mais picantes: que tipo de lingerie ela usava, quais posições na cama ela fazia, se tinha muita ou pouca experiência... Se, era católica, espírita, protestante, umbandista, agnóstica ou atéia... Se, tinha fantasias com chicote e velas ou com champanhe e jantar romântico... Se, lia poesia, auto-ajuda ou best-sellers... Se ela já havia notado ele, e em conjunto seus olhares. Era o misto de querer tudo e não querer nada.

Afinal, os olhares e toda e qualquer expectativa acabariam um dia. Dissolveria todo esse joguete quando ele visse ela acompanhada de um “estranho”, ou com o caminhar torto de que está alcoolizada e/ou drogada, enfim. Tudo era questão de ponto de vista. Suas musas? Elas tinham que ser perfeitas o quanto fosse possível.

Ostracismo e Vacuidade...

Nas relações humanas o mais difícil de tudo é conceituar quem é isso ou aquilo, qual ato é péssimo ou não, virtuoso ou não... O que fazer em relação as coisas absurdas. Enfim, o ser humano é absurdo e caótico. Ser racional nessa macro-esfera que é a sociedade é pedir para cada vez adentar, em fuga, em qualquer nicho vazio e solitário. Ser racional é ser visto com olhares que contemplam o absurdo. Então, como fuga, ajo de algumas maneiras caóticas, irracionais; faço disso uma camuflagem, uma fantasia que visto todos os dias: de humano, caótico. Lanço julgamentos clássicos e análises batidas só para ver a reação. Olho para as pessoas e constato sempre poucas e mesmas coisas: tudo é de um jeito tão simples que se torna complicado, tudo e todos fazendo parte de um teatro criado, de uma tendência movida para um status quase inegável de não ser perseguido.
Mas no final, perdidos em vielas sujas e mal-cheirosas, em apartamentos minúsculos e com persianas escuras, em templos budistas e retiros espirituais, em manicômios e casas de repouso, vejo pessoas que estão sendo expelidas por essa sociedade que criou anti-corpos contra aqueles que vão contra as regras. Não ponho aqui os "ideologistas" que carregam bandeiras vestindo-se e ouvindo músicas "de protesto" e que acham que isso nega a sociedade, ou aqueles catedráticos em torres de marfim que, através de sistemas lógicos e/ou análiticos, criam soluções para o mundo, e dentre tantas outras figuras, esses são os que afirmam a sociedade como ela é em todo o caos e desordem e manipulação e condicionamento. Enfim!

Negar é o silêncio, quase que afasia por não digerir mais nada, e não ver mais sentido nas palavras, nos discursos, nos diálogos. Essas minhas palavras? São só o paradoxo afirmando tudo isso, tudo um quinhão que pertence, parcialmente, a todos que vivem inseridos no inexplicável. Queria eu ter a coragem desta "margem" - como dizem - e não ter mais vínculos desnecessários alguns, dedicando-me ao simples neo-ostracismo: já que não podemos aplicar aos nossos políticos o ostracismo dos gregos antigos, apliquemos sobre nós, então, o auto-ostracismo: em benefício a mim mesmo decidamos nos excluir. HAHAHA.

O Silêncio: arte mais nobre tão negada e marginalizada, a arte das artes em toda sua pureza.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

"Repelente existencial" ou "Pragmatismo ideológico aplicado em: como quebrar com memórias"

Ao olhar pela janela da janela das coisas estranhas da vida. Muito além da dor, mais próximo de uma ataraxia, da cura e da tranquilidade: - Eu vi! Sim, uma alegoria de coisas boas, possibilidades agradáveis e acontecimentos dissolutos "dos melhores da vida". E mais! Dessa vez também pensei: - Cuidado, não julgue um livro pela capa, mas também não deixa de olhar sempre BEM a capa.
Afinal, tudo vai se encaixando e voltando como era... Com um pouco de sangue na parede, um pouco de icor que escorre das memórias antigas e toda aquelas manchas nas idéias que ficam depois de queimarem. E tudo que é ulterior, agora, ri com cinismo de si e de mim. Eu? Rio de volta enjeitando toda e qualquer utopia, toda e qualquer ilusão bem criada na doce vontade de uma vida platônica e ideal.
Junto todas essas bobagens... Estou colocando-as em minha lata de lixo.

Não uma crítica, nem uma constatação...

A moda hoje que traspassa os corredores da cultura de margem são os escritos pessimistas, escatológico, com uma lógica capenga e sem pretenção nenhuma de convencimento... Será? Enfim, não estou aqui para julgar. Aliás, estou no meio. Só não tenho fama, nem dinheiro. Só algumas palavras ocas, com sentidos ora abstratos ora muito realistas, enfim. O paradoxo...
Quê paradoxo?

Vejo os escritos Bukowski e não sei o que aconteceria se, em vida, ele tivesse se apaixonado, começado a crer no amor. Ou se Cioran tivesse pulado do pessimismo cínico para um otimismo dogmático... hahaha, Isso sim seria paradoxo. Ou também Juan Gutiérrez tornar-se militante e engajado no socialismo com fé que todas as merdas que passou foram por algum sentido. (?) Um Palahniuk "correto", vestido numa moral repúblicana e cristã! Enfim, posso citar mais algumas levas de personagens reais subversivos, "agraciados" de um jeito só deles: uma forma atrativamente repugnante para alguns, sincera para outros... Todos - uns mais, outros menos - gerando explosões de milhares de versões de críticas a cada livro publicado, a cada conto saido nos jornais diários, a cada poema lido.

Todos eles: dogmáticos com suas próprias (des)crenças nas coisas?

Mas vou-me fazer de advogado do diabo: o paradoxo deles está (também) ai. No (talvez) dogmatismo de suas idéias anti-tudo. Quase todos não ligam(ligavam) para nada... Por que diabos eu vou ligar, então?

O descompromisso é a alma do negócio e a moda do momento (quando falamos de tentar vender palavras)...

O logro da auto-mentira.

Quer queimar uma memória? Não lembre, então, do rosto de quem lhe vem. Não, não! Não deixe que nenhum sentido seu lhe retome a memória: nem os olhos nos olhos, o toque sutil e sincero da pele fria com a quente, o sabor do beijo, os cheiro inigualáveis, e os gemidos e arfadas nos ouvidos... um do outro...

Quer queimar esta memória? Afigure-se como um ser só racional que separar os resultados das experiências e que vestia luvas grossas, roupas pesadas, venda, máscara de gás e com tampões de ouvido. Pense que as experiências passaram-se num outro corpo e que você está lendo um livro ao lembrá-las.

Eu sei, não é possível. Então simplesmente abstraia e confunda-se, misture todas as lembranças até sua memória falhar...

Um dia, a dor passará!

A Lembrança. O Beijo. A dúvida...

A lembrança daquele beijo apertado, de línguas tímidas, num terminal de metrô. Uma despedida embriagada e meio que alforriada dos ditames de uma paixão louca, metafísica e mentirosa. Sabe aquelas paixões egoístas que acham serem as maiores do mundo? Então, ele já havia perdido esperanças quaisquer nessa e qualquer idéia possível de um amor todo bem comportado e reparador – que tira o carnívoro de um frigorífico, coloca em meio a uma plantação de alface e pede para este que se satisfaça com aquelas folhas verdes... sem sabor. É cruel, crudelíssimo.

Poxa, aquele beijo representou tanta coisa como não representou nada. Simplesmente naquele dia, naqueles tempos, ele preferiu esquecer o beijo, pois estava querendo se comprometer em outro relacionamento (Claro! Mais maduro. Os dois “sabiam” o que queriam – a doce ilusão de uma paixão utópica). Na verdade o desespero é de não agüentar ficar só. O desespero está em não ter ninguém para dividir a cama e seus fluidos corporais em algumas noites, alguns dias ou só alguns minutos desesperados... Minutos-moleques voluptuosos que parecem se preencherem com hormônios explosivamente cheios de uma corrosão libidinosa. Um adolescente punheteiro que está com seu pau na mão em frente de peitos fartos de uma prostituta barata e feia, mas com um corpo razoável. Essa cena é intrigante: aqueles seios fartos que por eles já passaram bocas doentes e dentes podres que os mordiscaram, pintos semi-eretos que tentavam, ao serem pincelados naqueles seios com manchas, ficarem eretos o suficiente para penetrarem naquela vagina mal depilada ou naquele cu que bem de perto ainda fedia merda.

Uma cena contrastante que passava pela cabeça dele, mas ele percebeu: mesmo nunca ter tido tal oportunidade escatológica e cheia de sânie que é expelida dessas vontades humanas e egoístas, – dessas vontades travestidas de atos como válvulas-de-escape – ele ainda assim se sentia a mesma merda de tudo o resto... Talvez sim, talvez não. Em alguns momentos aquele que é comedido e conservador comete atos hediondos, enquanto o explosivo e errático, aquela ovelha-negra de todos os lugares moralmente montados: escolas, locais de trabalho, casa, clubes... Enfim, o bobalhão, o libertino, o cínico, este passa despercebido em sua frugalidade pelos desejos egoístas tão humanos, cometendo delitos breves e sinceros, delitos que passariam despercebidos em qualquer delegacia.

Mas aquele beijo? Não, não pertence a nenhuma dessas medíocres expressões, não pertence ao amor ilusório e frágil, nem a uma ambição a ser resolvida num futuro incerto, nem um beijo roubado e fixado numa vontade permissiva e totalmente embasada numa libertinagem sádica... Nem numa depressão, nem no niilismo.

Onde raios então aquele beijo está afixado? Não conseguia mais engolir esse papo de coração e amor. Achou finalmente que o beijo ficou cravado em algumas sinapses nervosas especiais. Tipo uma área VIP para certos acontecimentos em vida. Este: um acontecimento cheio de expectativas, de passagens do tempo e corrosão das vontades pelo desejo de uma amizade certa do que um amor incerto.

Mas o beijo aconteceu....

à dúvida...

Um quadro num vídeo

Uma falsa mensagem?

Pela soberba? Perdido,

Pela vontade? Coragem!


Simples na falta, Simples presença.

Sentidos quase perfeitos – alguma ausência? –

Não se enganam mais... talvez

Voam pelo ar, afundam na terra.


Numa liturgia hedonista,

Arraigado na perplexidade pelo mundo,

Eu corro buscando mãos...

|... para segurar.

Para em alguma segurança

|...eu me apegar.


Nos livros, idéias, ideais, fluxos...

... na selvageria racional...

... na dor existencial ...

... no jogo de uma alegoria retórica,

Vejo olhos cegos, bocas mudas, ouvidos surdos!

O que falta no mundo, falta em mim

Grito por mais força – Que voz rouca, eu estou.


Minha caneta falha de tanto eu ter escrito.

Insolentemente, via as mensagens com arrogância,

Fazia desenhos de pássaros, flores e surrealismo,

Quando podia ter desenhado certas outras palavras.


Entre livros, entre meios,

Entretido entre a vida e o fim,

– É sempre assim –, nosso fim?

A única certeza que temos...

O que fazer? Nossa maior dúvida...

... Irresoluta pela eternidade do tempo!

fragmento.

"Mulheres: gostava das cores de suas roupas; do jeito delas andarem; da crueldade de certas caras. Vez por outra, via um rosto de beleza quase pura, total e completamente feminina. Elas levavam vantagem sobre a gente: planejavam melhor as coisas, eram mais organizadas. Enquanto os homens viam futebol, tomavam cerveja ou jogavam boliche, elas, as mulheres, pensavam na gente, concentradas, estudiosas, decididas: a nos aceitar, a nos descartar, a nos trocar, a nos matar ou simplesmente a nos abandonar. No fim das contas, pouco importava; seja lá o que decidissem, a gente acabava mesmo na solidão e na loucura."

"Sentia-me contente por não estar apaixonado, por não estar
contente com o mundo. Gosto de estar em desacordo com tudo. As pessoas apaixonadas tornam-se muitas vezes susceptíveis, perigosas. Perdem o sentido da realidade. Perdem o sentido de humor. Tornam-se nervosas,psicóticas, chatas. Tornam-se, mesmo, assassinas."

Charles Bukowski

quarta-feira, 12 de maio de 2010

VANITAS! VANITATUM VANITAS! (Goethe, 1806)

My trust in nothing now is placed,
Hurrah!
So in the world true joy I taste,
Hurrah!

Then he who would be a comrade of mine
Must rattle his glass, and in chorus combine,
Over these dregs of wine.

I placed my trust in gold and wealth,
Hurrah!
But then I lost all joy and health,
Lack-a-day!

Both here and there the money roll'd,
And when I had it here, behold,
From there had fled the gold!

I placed my trust in women next,
Hurrah!
But there in truth was sorely vex'd,
Lack-a-day!

The False another portion sought,
The True with tediousness were fraught,
The Best could not be bought.

My trust in travels then I placed,
Hurrah!
And left my native land in haste.
Lack-a-day!

But not a single thing seem'd good,
The beds were bad, and strange the food,
And I not understood.

I placed my trust in rank and fame,
Hurrah!
Another put me straight to shame,
Lack-a-day!

And as I had been prominent,
All scowl'd upon me as I went,
I found not one content.

I placed my trust in war and fight,
Hurrah!
We gain'd full many a triumph bright,
Hurrah!

Into the foeman's land we cross'd,
We put our friends to equal cost,
And there a leg I lost.

My trust is placed in nothing now,
Hurrah!
At my command the world must bow,
Hurrah!

And as we've ended feast and strain,
The cup we'll to the bottom drain;
No dregs must there remain!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

ALL I NEED - RADIOHEAD


I'm the next act waiting in the wings
I'm an animal trapped in your hot car
I am all the days that you choose to ignore

You're all I need
You're all I need
I'm in the middle of your picture
Lying in the reeds

I am a moth who just wants to share your light
I'm just an insect trying to get out of the night
I only stick with you because there are no others

You are all I need
You are all I need
I'm in the middle of your picture
Lying in the reeds

S'all wrong
S'alright
S'all wrong
S'alright
S'alright
S'alright

domingo, 11 de abril de 2010

Immortality - Pearl Jam


Vacate is the word
Vengeance has no place so near to her
Cannot find the comfort in this world

Artificial tear
Vessel stabbed, next up, volunteers?
Vulnerable, wisdom can't adhere

A truant finds home
And a wish to hold on
But there's a trapdoor in the sun
Immortality

As privileged as a whore
Victims in demand for public show
Swept out through the cracks beneath the door

Holier than thou, how?
Surrendered, executed, anyhow
Scrawl dissolved, cigar box on the floor

A truant finds home
And a wish to hold on too
But there's a trapdoor in the sun

I cannot stop the thought of running in the dark
Coming up a which way sign
All good truants must decide

Sstripped and sold mom
An auctioned forearm
And whiskers in the sink
Truants move on
Cannot stay long
Some die just to live...
Ohh...

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Quíron...

As certezas nos separam, as dúvidas nos unem...

Contraventor ideológico mal-educado e impertinente.

Enfim, é isto, pois. Talvez, seja muita resiliência visto as controvérisas que me aparecem e assim deixo elas um pouco para trás, um pouco ainda presentes, mas de maneira que não perturbem meu caminhar. Perfaço as idéias em boas argumentações, só isso que me sobra: poesia filosófica fingindo ter em algum âmbito verdades. Denomino fé, alento, espírito e todos as outras criações humanos como meus modos pragmáticos de não adoecer - ou ao menos evitar tais doenças. Uso de qualquer BOM argumento pelo menos...

Com um pensamento consentâneo já não é tão mais simples viver, pois tudo remete a um vazio, e só uma mente muito cheia de ilusões criadas e cegadas pelas luzes que nos prometem religar a um Uno, só está, que talvez me exclua como doente e inacabado... Como pertencente a um grupo muito pelejado pela vida, que perdeu as esperanças e perdeu-se na razão, na argumentação.
Talvez seja isso, e desse modo já não tem volta, porque esse caminho é feito de dúvidas infinitas e perduráveis. Somente SE decerem dos céus debandadas de anjos, que as luzes auricas iluminem minhas vistas e que qualquer profeta venha cumprir qualquer profecia em meus olhos, só assim, somente assim, dará possibilidades a crer. Por mais, fico no meu natural achismo que as coisas são como são e tudo que existe é somente isso...
Pois não concebo em algum ser tão cruel que nos dá a dúvida, quando existe algo certo, e que nos permite errar quando só quer que acertemos.

Gostaria de compreender muitas coisas... Mas talvez ao eu me abrir demais para as idéias todas, me fechei demais para tantas outras.

Enfim: que minha razão se perca, torne-se loucura e que eu me perca novamente nas idéias, torne-me inconsciente e cheio de tresvários levianos, que eu adormeça e sejam apagadas todas as dúvidas e substituídas por algumas certezas, uma reconfiguração mental... Pois desse modo, eu vejo, que não pertenço a aqui.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Fugere Nihil III: Alhures.

Em algum outro momento - que minha memória apaga facilmente - eu intumescia todos meus critérios, todos meus princípios e todas minhas verdades... Ah, minhas antigas verdades! Como eram boas, calmas e, de leve, levavam meu espírito, dia após dia, para algum lugar qualquer na sombra, com o sol queimando fora dela. Esta e mais outras formas de viver intensamente, somente essas formas me fizeram chegar aqui: numa sobriedade? Não, intumescido na falta de critérios, mil vezes abobalhado pela dor de não doer mais metafisicamente, mas doer aqui-agora-assim.

Sempre pasmo com a possibilidade de ver que Nada fosse tudo, sempre pasmo com tantas coisas me neguei... Hoje nego negar, hoje penso em só sentir e ir de leve, aos poucos, impertinentemente, vivendo a vida, rindo do que ela põe como peso e causa dolorida para meu espírito. Rir é o melhor remédio, já disseram. Para mim, rir é o expirar todas as dúvidas abafadas e esquecer delas, invés de respondê-las... Pois sei, que tentar respondê-las não me provocará risos; somente choro, e depois, apatia. Através do riso nego um pouco a filosofia, aceito um pouco a vida como ela é...

terça-feira, 30 de março de 2010

Fugere Nihil II: Outorgado estúpido.

E quando o silêncio e a ausencia é pior do que qualquer grito ou fúria. Eis que ai me toma a dúvida: não será somente a falta de um sentimento que me causa medo, mas o despreparo para enfrentar tais meus tresvários tão esquizofrênicos, tão parciais e repletos de sincera discórdia... Outrora fui mais simples e coisas complicadas me deixaram duro, com uma casca bruta. Alhures escrevi poemas como quem quer bajular qualquer coração para encontrar qualquer conforto em meio a pernas macias. Mas não é mais assim que funciona! Eu, do modo rijo, só me agrado com algumas coisas que ainda assim não entendem esse meu fracasso.

Ouço o grito mudo interno nas pessoas: "Cadê tua força? Onde estas suas inspirações? E seus valores e toda sua forma de agir pelo mundo, cadê? E suas palavras, agora tornaram-se vazias... Por quê?"...Por quê?

Fugere Nihil

Devidamente introspecto, excessivamente apático... Indolor ao sistema, dormente as coisas erradas. Essa é a pior coisa que eu poderia ter deixado acontecer-me. Poderia gritar: "Alguém me socorra desse niilismo com alguma cantiga boa ou menção de esperanças", mas quando olho com esses meus olhos tão mortais - e tão fadados em não serem mais que mortais - para o mundo fora de mim vejo frio e mentira... Só em alguns lugares ainda sinto conforto. Mas quando poderia tê-la a todo momento? Eu sinto e só sinto que o mundo me distancia das coisas boas como distancia uma rosa caída da margem do rio. Sempre sinto a vontade repentina, acompanhada de uma dorzinha, de receber aquela ligação com somente aquelas palavras. Não que eu já não as saiba, e que eu já não tenha as ouvido tantas e incontáveis vezes. Mas é a única coisa que me faz ter esperanças (mesmo que eu me sinta um covarde em tê-la, ou precisar tê-la) em algo maior que toda essa maldade, loucura, caos e niilismo.
Quero sonhos, sonhos que nunca sonhei, sonhos que nunca tive... Que talvez outrora seriam ridículos. Hoje, minhas esperanças de ser alguém melhor.

V.A.S.T - The Niles Edge



My name spells joy
I can't remember darkness
Except a dream you saved my life
Do you wonder what you saw
Floating softly at the niles edge
Wandering eyes
Commitments never can last
It feels so cold to know our name
I've never known you and I never will
What difference does indifference take
Do you regret what you saw
Floating softly at the niles edge
Alone
Do you regret
Regret what you did
Running softly
Softly from the niles edge
Alone

segunda-feira, 29 de março de 2010

Os incomodados que se exponham... e os acomodados que mudem.

A sem-vergonhice de idéias deveria ser mais presente nos meios sociais - poderia, eu aqui, ser mais sem-vergonha ainda em dizer que o ambiente acadêmico deveria ser o mais exposto e, deveras, o mais nu e desprovido de moralidades. Mas isso acabaria com as regras, com os ditames, com a burocracia e toda a lavagem-cerebral "enfirulada" de manias e intelectualismos desnecessários -: Puro deboche dos catedráticos outorgando o cenário acadêmico como um ambiente Darwinista da sobrevivência dos mais fortes, ou talvez seja melhor dizer: dos mais políticos e dos que dançam conforme a música.
Não defendo uma anarquia acadêmica, defendo um liberalismo ideológico e menos apostilado, catequizado, mais de uma libertinagem e inovação, menos de um Kama Sutra moral e aquiescido de "modus operantis" de como PENSAR - ou, seguindo a metáfora, fazer amor com as idéias (também inclui: sexo selvagem, sodomia, estupro, masoquismo, etc). Tudo isso para que dessa orgia de pensamentos saiam idéias cada vez mais virgens ou filhos novos a serem amadurecidos e encaminhados para a vida.
Os incomodados mentalmente se sentem inflingidos e com as armaduras perfuradas, vêem suas idéias sangrarem, pedirem socorro. Porém quase sempre é um tiro pela culatra, uma bala que ricocheteia e mata o próprio dono: quanto mais forte e mais resistente for, quanto mais ideológico e veemente essas idéias forem, talvez a dor seja mais profunda.
Então realmente entendo a frase: meus pensamentos são minhas rameiras (Diderot). Nada mais que um voto pela liberdade de assumir-se como limitado, mas não limitador de si próprio, um auto-sabotador que impõe a vontade das massas de permanecer incauto perante metafísicas e prováveis invenções ideológicas que agem como argamassa que preenche os vazios das paredes tão mal construídas pelo tanto tempo disponível de trabalho mental. Uma grande casa vazia quase sempre.
Mesmo diante de tudo isso, ainda em meio ao improvável é possível encontrar aquele que se dedique a consciência como único caminho de enobrecimento do espírito. Talvez, seja um perigo dogmatizar assim, mas esse talvez seja o menor de todos: não há pecados, não há bem e mal, não há verdades ou mentiras, há somente o estado de estar ou não estar presente e observando o mundo como ele é, e não como ele deveria ser.

Poderia terminar falando qualquer outra coisa. Mas associo dois grandes poetas, opostos, e nessa associação exerço minha função de subverter belamente as coisas: Bukowski e Shakespeare...
O primeiro disse: tão fácil ser poeta, tão difícil ser homem. O segundo (agora serei absurdo em meu anacronismo) COMPLETA: Eu faço tudo que possível para tornar-me homem, quem faz mais que isso não é nada...

E não é nada aquele que se acomoda no que é criado, no além-mundo desmedido, esquecendo de viver aqui-agora, nesse presente da maneira qualquer que ele sempre se expõe... Os acomodados que esperam mais do que isso como se fizessem jus, esses merecem uma mudança radical regada a libertinagem filosófica.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

As "Grandes Doenças" da Lealdade e Fidelidade, e até onde isso vai..?

Olho para o mundo, ele olha para mim, concordamos em partes, discutimos em todo o resto. é complexo levar em conta toda a diferença que todos nós temos, é difícil crer na constância de idéias e na permanência de certos sentimentos. Afinal, acho que só um ou dois se sobressaem: o medo e/ou covardia. Vejam bem: não há sentido em por a mão no fogo por ninguém, certo? Não há razões contundentes que cumpram com algum contrato que lhe faça sempre ser justo e fiel a um ideal, a um motivo ou a uma pessoa, certo? Pois sempre queremos nos privar da dor, da insatisfação, dos (maus) agouros que nos permitimos prever. é tão óbvio o medo incutido nesses atos, o medo de ficar só; o medo de ficar só com suas idéias, com seus desejos, com suas culpas e, ao observar bem, sozinho com um estranho: a si mesmo.
Empalidece minha alma e me enche de torpor saber que mesmo tendo tanto essas características, mesmo tendo consciência delas, ainda nos permitimos mantê-las. Posso me manter falando e amaldiçoando todas essas coisas - nada adiantará. O que soluciono é trazer para mim clareza e sentido nas partes importantes, merecedoras de sentido.

Caímos no tresvario de achar que quanto mais vivermos alucinados em nossos desejos, simplesmente nos libertaremos. Não quero ser determinista, mas: Bobagem! Todo o papo hedonista e bon vivant não passa de uma mascara bonita que representa nossos medos, e nossos desejos, e assim vestimos e moldamos a mascara da maneira mais bela para ser aceita ou escarrada pela sociedade (sim, escarrada, vivemos um fenômeno que causar repugnância, surpresa e/ou susto nos outros, é um modo de atingir um certo status). Mesmo mergulhados num mundo cheio de possibilidades que diz abandonar todas as formas de preconceito em relação a qualquer coisa, simplesmente vejo uma reforma muito mal feita da hipocrisia... De todos os lados, dos moralistas e tradicionalistas, até dos inovadores e libertinos. Um grande "pega pra capar" irresolúvel, mas ambos abraçando a necessidade de se auto-afirmar.

Vejamos a diferença clara entre Filosofia Ocidental e Oriental: a primeira me parece uma filosofia do Poder, do REconhecimento: pois demonstrasse sempre cheia de afirmações e CONCLUSÕES, cheias de montagens e sistemas lógicos e bem formados que são só usados pela instância de manter-se como precursor de um ideal. Todos os filósofos ocidentais agem desse modo ao meu ver, mesmo entre sua humildade e idéias bem boladas encontravasse a energia subversiva inerente ao desejo do poder (podemos pensar aqui em Vontade de Potência de Nietzsche, desde que não seja um determinismo para todo o ser humano, mas para todo ser humano imerso no jogo das comparações, na brincadeira de "quem-sabe-mais".); Os orientais, não todos, - assim como nem todos ocidentais possuiam tal desejo de poder(vontade de Potência) - mas boa parte, tinham a vontade pura pelo conhecimento. Vide o tão diminuto conhecimento histórico e resgistros de suas ideías. Talvez, no esquecimento dessas sabedorias está as reais tarefas cumpridas de maneira pura para com o mundo. (ouso, sim, falar sobre pureza)

Viajo até esse ponto para voltar ao título do texto: são "Grandes Doenças" essas ou simplesmente efeito de algo maior? Vejam: não concordo mais com muitas coisas, sejam provindas do hedonismo "puro", sejam da bondade e da lealdade/fidelidade dogmática. Eu sou vários e visto minhas mais variadas roupas para praticar diversos esportes: a retórica, a filosofia, a meditação ou até as relações humanas no silêncio. Como pensador, ou na tentativa de ser um, sou um libertino(já diria Diderot): vamos dormir com todas idéias, vamos violentar aquele dogma, vamos sodomizar aquelas constituição e vamos fazer amor com a metafísica. Que não haja crença fiel em nenhuma idéia, nem defesa extrema para nenhuma, NUNCA! Que a discussão seja um exercício de retórica bonito que possibilite numa conversa de bar comprovar logicamente a existência de Deus, que seja possível cumprir a palavra em demonstrar o ser humano como uma anomalia pensante egoísta, enfim. Através de bons argumentos o homem torna-se a medida de todas as coisas. (por que não Protágoras agora? rs). Nesse perambular por idéias não há fidelidade, não há permanência, só há a tentativa de empurrar mais e mais essas idéias a algum extremo para alguns, para ajudar a sociedade para outros... Mas aqui já começo a usar a filosofia oriental: pensar como modo de meditar, discursar como simplesmente efeito de um processo autômato e assim cair num Nirvana catártico entumecido em algo sem razões certas, sem porquês; A razão usada para atingir a não-razão. Falando e não crendo, mas crendo em algo no fundo cheio de descrença. Abraçando e aceitando a dualidade. Chega a ser nauseante a beleza disso tudo.

Mas isso são só idéias, e idéias não tem nada além de nada, e só fixam-se a partir de nossas sinápses nervosas. Mas nada além disso. No fim, sempre terá algo que não conseguiremos explicar e eu poderia ficar assim: deste modo vivo meu modo de ser covarde: para que explicar o amor por alguém? Para que querer tudo e não ter nada? Para que abraçar o mundo com as pernas num processo auto-destrutivo? Encontrará o auto-conhecimento ai? Boa sorte!

Eis que o simples se torná a mais bela de todas as coisas. Simples dualidade já falada acima. E para que acrescentar algo a mais se isto já pode, em algum momento, se tornar completo e pleno? Logo, e sempre, aparecerá um medo. Mas o medo é um inimigo a ser vencido e silenciado. Dai nasce a MINHA lealdade/fidelidade que não encontra razões ou porquês em ter mais do que só o oposto, que tem coragem, não em enfrentar o mundo voluptuoso e hedonista com um NÃO estóico, não! Mas em enfrentá-lo com a vontade de ser o que sou, de agir conforme a minha música, que só eu ouço, logo ganhar ou perder tornam-se coisas ínfimas, pois só sinto o desejo em VIVER! Conforme minha música foi tocando esses tempos eu a ouvi de coração aberto e bênçãos recaíram sobre meu ser... Tudo mais que se passou é indizível.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sem Título

Voltando para a vida de alguns e percebendo as mudanças que um curto espaço de tempo produz, e entrando na vida de outras pessoas e vendo o caos que é possível ser feito caso as circunstancias sejam propicias, percebi uma coisa: voltei/entrei muito cedo na vida das pessoas. Já ouvi de tudo ultimamente e nada me deixou raivoso, nada me deixou depressivo por muito tempo, pode ter me deixado perdido, nauseado, com vontades de sumir e vomitar tudo em mim - minhas idéias, valores e razões - até não ter mais nada internamente MEU, simplesmente me tornar uma tabula rasa, um espaço vazio nesse mundo a ser preenchido. Agora tudo que passei foi necessário, inclusive eventos recentes, para eu perceber o quando eu sinto necessidade de impor mesmo que "naturalmente" e outorgar as atitudes alheias. Acho que, talvez, esse seja meu defeito mais mórbido e destrutível, talvez esse defeito me faça parecer um bom moço que sabe conduzir situações, mudar pessoas e idéias como se eu fosse um bom conselheiro que veio para ajudar. Poderia dizer o que sou ou acho que sou, ou dizer para que cada um tire suas próprias conclusões, mas nada disso é bom e verdadeiro, nada disso me fará sentir ser sincero! Depois do que eu fiz em certas situações percebi que pus no lixo a confiança das pessoas em mim, que não sou merecedor de nada que valha realmente, pois nada estou fazendo para ninguém; somente dou palavras vazias e falsos conselhos, que desde o início nunca senti que poderiam exercer coisas realmente boas na vida das pessoas, pelo fato de querer que as pessoas ajam da maneira que (no fundo) é minha maneira. Agora paro e reflito e vejo que não posso querer mais nada da vida, que meu post anterior* pode ser como pode não ser uma doce ilusão. Agora paro e sente comigo mesmo angustiado de ter só como companhia um mentiroso, hipócrita que achava que dessa forma poderia fazer algo bom pro mundo. E falando tudo isso não quero ser "absolvido de meus pecados", nem muito menos perdoado por alguém, agora já partir desses instantes inundados de valores que só nos aliviam da dor da verdade. Estou cansado de tanta coisa que me deixo fazer sem ser merecedor de agir, sem ter razões ou ao menos algum sentido em agir. Simplesmente, não vou me comparar ao mundo ou comparar o mundo a mim e apontar que muitos praticam os mesmo erros. Cada um faz um erro diferente, mas ainda acredito que o EU de ontem já não é mais o EU de hoje, que tudo segue naturalmente um fluxo, mas não adianta eu abraçar essa filosofia e continuar refocilando na minha monstruosidade e idiotice, tenho que fluir junto com tudo, sentir o que tenho que sentir e deixar as coisas acontecerem. Agora tenho um foco, um pouco de clareza e minha própria companhia que vou demorar a me acostumar. Deixei minha vileza e hipocrisia exposta a mim mesmo, tirei mascaras e armaduras que vestia para ver um pouco de algo que era a primeira vez que via. Não sei o quanto de consciência alcancei, o quanto de clareza e o quanto posso ter mudado, estou a procura de mim mesmo. E não vou terminar isso com algo como "prometo a mim mesmo[sendo que era uma promessa para transmitir nobreza sempre] que farei melhor dessa vez" ou "sei que agora está tudo claro[porque não está]" ou "Que agora minha vida seja melhor[porque não quero, quero aspirar a dor e expirar paz!]". Não vou terminar meu discurso com nada disso e nem vou continuar a falar mais mal de mim e nisso, inconscientemente, buscar pena ou reconhecimento. Vou terminar com a seguinte frase/pergunta: "Hoje choveu. Quem saberá se choverá o mesmo que ontem, da mesma forma, amanhã?".


*: escrevi esse post para o fotolog, mas não deu certo postar lá (limite de fotos por dia) então postei aqui.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Válvulas de escape, Auto-sabotagem e as duvidas sobre si e o mundo.

O que ando fazendo com minha vida, com meu espírito, é tentar montar um quebra-cabeças de 5 trilhões de peças com apenas umas dezenas de peças; talvez nem isso, talvez só me sobre papéis picotados e coloridos, bonitos e tão falsos que me confundem, dispersam o meu jeito de caminhar confuso para qualquer droga de aluguel ou êxtase hedonista. Como podemos ver o mundo pela nossa janela estreita, sendo ele tão vasto e superior e cheio e tão simples, complexo, ordenado e belo, talvez? Como podemos ser capazes de achar que realmente nada tem sentido quando escolhemos sentar para ver na janela mais obscura e suja e caótica da vida? Simplesmente vemos sombras e silhuetas confusas e disformes e invés de culparmos nossas vistas ou nossa comodidade em não limpar as janelas, culpamos o mundo, TÃO CAÓTICO E TÃO VIL! Sendo assim, fugimos. Fugimos para qualquer lugar, para qualquer idéia, para qualquer pessoa ou coisa confortável - qualquer coisa que corresponda o que nosso coração grita desesperado e choroso: algo que almejamos, desejamos e precisamos. Pois as janelas são tão sujas... E o nosso coração se parte a qualquer movimento brusco, e nessas horas ele está estraçalhado, pois esse mundo vil não para para respirarmos, não da espaço, não compreensível e nem materno, não é?!
Mas como a natureza ou qualquer fonte de criação poderia ser uma oroboros maligna que engole tudo o que cria sem amor e respeito ao menos ao seus atos? Como pode o caos ser a Lei do Universo, ou de qualquer modo, a Lei que reina sobre nossos espíritos confusos e errantes? Se uma parcela de algo infinito é infinitamente uma parte desta, e logo contém o necessário para observarmos, como podemos então afirmar que nada tem sentido que tudo isso é uma bosta e logo tudo veio do caos e vai para o caos e permanece no caos? Que bobagem tremenda é essa que afirmamos sem ver? Que misturamos Deus com nossos desejos mesquinhos de querer fazer sexo com uma pessoa bela e gostosa, ou de exercitarmos nossa ganancia pondo como desculpa que só assim podemos praticar o bem? Sou tão confuso e abstrato assim? Sou uma pixação de protesto num muro sujo de uma rua pouco movimentada que ninguém vê? Ou eu falo algo com coerência, mas o mundo já está tão perdido em si mesmo que se tapa os ouvidos, fecha os olhos e começa a cantarolar "Lá-lá-lá, isso é mentira! lá lá lá!"?
Nos auto-sabotamos em virtude ao falado e àquilo que é aceito como bom e correto. Quando nos tornamos robôs julgadores dos espíritos subversivos que só querem a mudança; e a mudança nesse caso seria despertar um pouco para a realidade, que tudo está errado e NINGUÉM ESTÁ FAZENDO A SUA PARTE.
Eu não entendo e miseravelmente eu fico a falar e discutir e gastar meu tempo, perder meu rumo e esquecer de mim mesmo. Me auto-saboto em virtude dos outros, e poucos ligam, poucos ao menos dizem: eu num quero sua compaixão e sua companhia!
- Mas, também, do que adiantaria falar isso para mim, um cabeça-dura? -

... E não basta tudo isso. Vejo ainda as pessoas jogarem os seus corações no lixo e abraçarem mentiras confortáveis e adentrarem em universos pessoais só para não se machucarem com a verdade. Vejo pessoas que usam drogas loucamente, que desesperadamente buscam em alguém e no sexo uma resposta, que tentam formar uma ideologia inovadora e carregar uma bandeira para ser louvados dentre algumas décadas como revolucionário. Vejo olhos que querem chorar, mas só demonstram raiva, expressões orgulhosas quando querem é comemorar e dançar na chuva com os amigos, voltar a ser criança! Vejo imposições e pensamentos aleatórios que só visam seja pelo orgulho, ego e avareza o "vencer", mas não passam de chacais mortos de fome desesperados por qualquer carne pútrida.
No final, não sei o que mais vejo. Talvez, eu esteja sendo carregado pela mesma maré que o mundo, talvez eu já me afoguei e só esteja nadando contra essa maré em sonhos... Que, talvez, todas essas minhas palavras corroborem para aquilo que vou contra. E quanto mais falo nelas, mais reforço o caos, a vileza e tudo aquilo que para mim é doente!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

intermitências de relações ou fatalismos exacerbados?

Uma coisa anda me corroendo ao mesmo tempo que me alivia: a perda, a desvinculação e a incompreensão das coisas da vida. É difícil entender. Seja pela dor que, ao contrário do que dizem, é fácil sentir, seja pela raiva e medo que aparecem de repente; o espaço interno das nossas idéias e das nossas opiniões quando é "invadido" faz com que nos defendamos irracionalmente - no caso, a razão se torna uma pseudo-razão que afunda no EGO e no ORGULHO. Eis quando, ao encontrar quem entende o que digo, me faz perceber logo que esta(s) pessoa(s) não são as que necessitam ouvir e compreender (deve ser todas as fases quiméricas pelas quais passamos, que crescem em desarmonia e assim vão: quando um gênio de tão gênio acarreta vários problemas psicológicos e sociais, sua genialidade o reprime - o mesmo para a imbecilidade, ignorância e incompreensão dos fatos; são os opostos).

Então seria apenas uma pausa dramática necessária para a evolução pessoal ou algo como separar os componentes que não possuem uma ligação real, somente momentânea? Isso, na minha opinião, não é quantificável, logo é algo único e complexo em si, que deve ser cavado e estudado mais a fundo. (não sei se é atrevimento eu fazer essa comparação: o nascimento de uma fruta qualquer não possui uma formula exata para especificar tamanho, peso, medida, doçura e coloração, mas através de estudos mais complexos e incisivos você consegue compreender como é que funciona o nascimento e até fazer uma previsão sobre essas caracteristicas, ou seja, ficar olhando para uma árvore superficialmente não lhe dirá quantos frutos ela dará e como serão.)

Então como seria possível "quantificar" o relacionamento humano? Será que estamos aqui só com esperanças tão humanas e fadadas ao erro de que realmente somos entrópicos, uma anomalia do universo com sentimentos e pensamentos ambíguos que esquecemos a possibilidade de isso tudo ser algo muito bem programado? Talvez por vários processos, poderia citar uns... desde místicos até científicos, mas aonde isso levaria?

Nós vemos de um ponto de vista, e todos nós vemos de um certo ponto de vista, e isso não mudará do jeito que vamos levando as coisas: de forma tão mesquinha e unilateral, não buscamos um aumento da percepção, um aumento da compreensão, não buscamos um real conhecimento, é sempre algo belo, mas impuro, cheio de ornamentos desnecessários e ridículos. Não falo de perfeição, mesmo porque já considero que tudo possui sua perfeição, o problema está na conceituação acerca da perfeição. Mas, então, se buscássemos algo realmente científico e não pessoal, egoísta e interesseiro, talvez, e somente talvez, haveria crescimento em várias partes de maneira exponencial e harmoniosa. [a minha visão de ciência é mais vasta e menos corrupta e auto-afirmativa, que destrói aquilo que não lhe convém por ela mesma não ter métodos realmente eficazes de comprovar e reproduzir coisas mais além; mas isso, também, como tudo isso que eu disso e digo até agora, é só pura opinião]

O problema é que só vejo interesse em que sapatos comprar, que passeio iremos dar no FDS ou em que merda gastar o dinheiro economizado de um trabalho ridículo para cumprir com um sistema ridículo. Não gostamos do jeito que as coisas estão, mas insistimos em afirmar a loucura e o caos do mundo, e adoramos refocilar na ignorância. Finalmente, saímos de Lugar Nenhum, andamos por Lugar Qualquer e morremos no Limbo.

Parabéns a humanidade e todo o resto, PARABÉNS!