Empalidece minha alma e me enche de torpor saber que mesmo tendo tanto essas características, mesmo tendo consciência delas, ainda nos permitimos mantê-las. Posso me manter falando e amaldiçoando todas essas coisas - nada adiantará. O que soluciono é trazer para mim clareza e sentido nas partes importantes, merecedoras de sentido.
Caímos no tresvario de achar que quanto mais vivermos alucinados em nossos desejos, simplesmente nos libertaremos. Não quero ser determinista, mas: Bobagem! Todo o papo hedonista e bon vivant não passa de uma mascara bonita que representa nossos medos, e nossos desejos, e assim vestimos e moldamos a mascara da maneira mais bela para ser aceita ou escarrada pela sociedade (sim, escarrada, vivemos um fenômeno que causar repugnância, surpresa e/ou susto nos outros, é um modo de atingir um certo status). Mesmo mergulhados num mundo cheio de possibilidades que diz abandonar todas as formas de preconceito em relação a qualquer coisa, simplesmente vejo uma reforma muito mal feita da hipocrisia... De todos os lados, dos moralistas e tradicionalistas, até dos inovadores e libertinos. Um grande "pega pra capar" irresolúvel, mas ambos abraçando a necessidade de se auto-afirmar.
Vejamos a diferença clara entre Filosofia Ocidental e Oriental: a primeira me parece uma filosofia do Poder, do REconhecimento: pois demonstrasse sempre cheia de afirmações e CONCLUSÕES, cheias de montagens e sistemas lógicos e bem formados que são só usados pela instância de manter-se como precursor de um ideal. Todos os filósofos ocidentais agem desse modo ao meu ver, mesmo entre sua humildade e idéias bem boladas encontravasse a energia subversiva inerente ao desejo do poder (podemos pensar aqui em Vontade de Potência de Nietzsche, desde que não seja um determinismo para todo o ser humano, mas para todo ser humano imerso no jogo das comparações, na brincadeira de "quem-sabe-mais".); Os orientais, não todos, - assim como nem todos ocidentais possuiam tal desejo de poder(vontade de Potência) - mas boa parte, tinham a vontade pura pelo conhecimento. Vide o tão diminuto conhecimento histórico e resgistros de suas ideías. Talvez, no esquecimento dessas sabedorias está as reais tarefas cumpridas de maneira pura para com o mundo. (ouso, sim, falar sobre pureza)
Viajo até esse ponto para voltar ao título do texto: são "Grandes Doenças" essas ou simplesmente efeito de algo maior? Vejam: não concordo mais com muitas coisas, sejam provindas do hedonismo "puro", sejam da bondade e da lealdade/fidelidade dogmática. Eu sou vários e visto minhas mais variadas roupas para praticar diversos esportes: a retórica, a filosofia, a meditação ou até as relações humanas no silêncio. Como pensador, ou na tentativa de ser um, sou um libertino(já diria Diderot): vamos dormir com todas idéias, vamos violentar aquele dogma, vamos sodomizar aquelas constituição e vamos fazer amor com a metafísica. Que não haja crença fiel em nenhuma idéia, nem defesa extrema para nenhuma, NUNCA! Que a discussão seja um exercício de retórica bonito que possibilite numa conversa de bar comprovar logicamente a existência de Deus, que seja possível cumprir a palavra em demonstrar o ser humano como uma anomalia pensante egoísta, enfim. Através de bons argumentos o homem torna-se a medida de todas as coisas. (por que não Protágoras agora? rs). Nesse perambular por idéias não há fidelidade, não há permanência, só há a tentativa de empurrar mais e mais essas idéias a algum extremo para alguns, para ajudar a sociedade para outros... Mas aqui já começo a usar a filosofia oriental: pensar como modo de meditar, discursar como simplesmente efeito de um processo autômato e assim cair num Nirvana catártico entumecido em algo sem razões certas, sem porquês; A razão usada para atingir a não-razão. Falando e não crendo, mas crendo em algo no fundo cheio de descrença. Abraçando e aceitando a dualidade. Chega a ser nauseante a beleza disso tudo.
Mas isso são só idéias, e idéias não tem nada além de nada, e só fixam-se a partir de nossas sinápses nervosas. Mas nada além disso. No fim, sempre terá algo que não conseguiremos explicar e eu poderia ficar assim: deste modo vivo meu modo de ser covarde: para que explicar o amor por alguém? Para que querer tudo e não ter nada? Para que abraçar o mundo com as pernas num processo auto-destrutivo? Encontrará o auto-conhecimento ai? Boa sorte!
Eis que o simples se torná a mais bela de todas as coisas. Simples dualidade já falada acima. E para que acrescentar algo a mais se isto já pode, em algum momento, se tornar completo e pleno? Logo, e sempre, aparecerá um medo. Mas o medo é um inimigo a ser vencido e silenciado. Dai nasce a MINHA lealdade/fidelidade que não encontra razões ou porquês em ter mais do que só o oposto, que tem coragem, não em enfrentar o mundo voluptuoso e hedonista com um NÃO estóico, não! Mas em enfrentá-lo com a vontade de ser o que sou, de agir conforme a minha música, que só eu ouço, logo ganhar ou perder tornam-se coisas ínfimas, pois só sinto o desejo em VIVER! Conforme minha música foi tocando esses tempos eu a ouvi de coração aberto e bênçãos recaíram sobre meu ser... Tudo mais que se passou é indizível.