quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

As "Grandes Doenças" da Lealdade e Fidelidade, e até onde isso vai..?

Olho para o mundo, ele olha para mim, concordamos em partes, discutimos em todo o resto. é complexo levar em conta toda a diferença que todos nós temos, é difícil crer na constância de idéias e na permanência de certos sentimentos. Afinal, acho que só um ou dois se sobressaem: o medo e/ou covardia. Vejam bem: não há sentido em por a mão no fogo por ninguém, certo? Não há razões contundentes que cumpram com algum contrato que lhe faça sempre ser justo e fiel a um ideal, a um motivo ou a uma pessoa, certo? Pois sempre queremos nos privar da dor, da insatisfação, dos (maus) agouros que nos permitimos prever. é tão óbvio o medo incutido nesses atos, o medo de ficar só; o medo de ficar só com suas idéias, com seus desejos, com suas culpas e, ao observar bem, sozinho com um estranho: a si mesmo.
Empalidece minha alma e me enche de torpor saber que mesmo tendo tanto essas características, mesmo tendo consciência delas, ainda nos permitimos mantê-las. Posso me manter falando e amaldiçoando todas essas coisas - nada adiantará. O que soluciono é trazer para mim clareza e sentido nas partes importantes, merecedoras de sentido.

Caímos no tresvario de achar que quanto mais vivermos alucinados em nossos desejos, simplesmente nos libertaremos. Não quero ser determinista, mas: Bobagem! Todo o papo hedonista e bon vivant não passa de uma mascara bonita que representa nossos medos, e nossos desejos, e assim vestimos e moldamos a mascara da maneira mais bela para ser aceita ou escarrada pela sociedade (sim, escarrada, vivemos um fenômeno que causar repugnância, surpresa e/ou susto nos outros, é um modo de atingir um certo status). Mesmo mergulhados num mundo cheio de possibilidades que diz abandonar todas as formas de preconceito em relação a qualquer coisa, simplesmente vejo uma reforma muito mal feita da hipocrisia... De todos os lados, dos moralistas e tradicionalistas, até dos inovadores e libertinos. Um grande "pega pra capar" irresolúvel, mas ambos abraçando a necessidade de se auto-afirmar.

Vejamos a diferença clara entre Filosofia Ocidental e Oriental: a primeira me parece uma filosofia do Poder, do REconhecimento: pois demonstrasse sempre cheia de afirmações e CONCLUSÕES, cheias de montagens e sistemas lógicos e bem formados que são só usados pela instância de manter-se como precursor de um ideal. Todos os filósofos ocidentais agem desse modo ao meu ver, mesmo entre sua humildade e idéias bem boladas encontravasse a energia subversiva inerente ao desejo do poder (podemos pensar aqui em Vontade de Potência de Nietzsche, desde que não seja um determinismo para todo o ser humano, mas para todo ser humano imerso no jogo das comparações, na brincadeira de "quem-sabe-mais".); Os orientais, não todos, - assim como nem todos ocidentais possuiam tal desejo de poder(vontade de Potência) - mas boa parte, tinham a vontade pura pelo conhecimento. Vide o tão diminuto conhecimento histórico e resgistros de suas ideías. Talvez, no esquecimento dessas sabedorias está as reais tarefas cumpridas de maneira pura para com o mundo. (ouso, sim, falar sobre pureza)

Viajo até esse ponto para voltar ao título do texto: são "Grandes Doenças" essas ou simplesmente efeito de algo maior? Vejam: não concordo mais com muitas coisas, sejam provindas do hedonismo "puro", sejam da bondade e da lealdade/fidelidade dogmática. Eu sou vários e visto minhas mais variadas roupas para praticar diversos esportes: a retórica, a filosofia, a meditação ou até as relações humanas no silêncio. Como pensador, ou na tentativa de ser um, sou um libertino(já diria Diderot): vamos dormir com todas idéias, vamos violentar aquele dogma, vamos sodomizar aquelas constituição e vamos fazer amor com a metafísica. Que não haja crença fiel em nenhuma idéia, nem defesa extrema para nenhuma, NUNCA! Que a discussão seja um exercício de retórica bonito que possibilite numa conversa de bar comprovar logicamente a existência de Deus, que seja possível cumprir a palavra em demonstrar o ser humano como uma anomalia pensante egoísta, enfim. Através de bons argumentos o homem torna-se a medida de todas as coisas. (por que não Protágoras agora? rs). Nesse perambular por idéias não há fidelidade, não há permanência, só há a tentativa de empurrar mais e mais essas idéias a algum extremo para alguns, para ajudar a sociedade para outros... Mas aqui já começo a usar a filosofia oriental: pensar como modo de meditar, discursar como simplesmente efeito de um processo autômato e assim cair num Nirvana catártico entumecido em algo sem razões certas, sem porquês; A razão usada para atingir a não-razão. Falando e não crendo, mas crendo em algo no fundo cheio de descrença. Abraçando e aceitando a dualidade. Chega a ser nauseante a beleza disso tudo.

Mas isso são só idéias, e idéias não tem nada além de nada, e só fixam-se a partir de nossas sinápses nervosas. Mas nada além disso. No fim, sempre terá algo que não conseguiremos explicar e eu poderia ficar assim: deste modo vivo meu modo de ser covarde: para que explicar o amor por alguém? Para que querer tudo e não ter nada? Para que abraçar o mundo com as pernas num processo auto-destrutivo? Encontrará o auto-conhecimento ai? Boa sorte!

Eis que o simples se torná a mais bela de todas as coisas. Simples dualidade já falada acima. E para que acrescentar algo a mais se isto já pode, em algum momento, se tornar completo e pleno? Logo, e sempre, aparecerá um medo. Mas o medo é um inimigo a ser vencido e silenciado. Dai nasce a MINHA lealdade/fidelidade que não encontra razões ou porquês em ter mais do que só o oposto, que tem coragem, não em enfrentar o mundo voluptuoso e hedonista com um NÃO estóico, não! Mas em enfrentá-lo com a vontade de ser o que sou, de agir conforme a minha música, que só eu ouço, logo ganhar ou perder tornam-se coisas ínfimas, pois só sinto o desejo em VIVER! Conforme minha música foi tocando esses tempos eu a ouvi de coração aberto e bênçãos recaíram sobre meu ser... Tudo mais que se passou é indizível.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sem Título

Voltando para a vida de alguns e percebendo as mudanças que um curto espaço de tempo produz, e entrando na vida de outras pessoas e vendo o caos que é possível ser feito caso as circunstancias sejam propicias, percebi uma coisa: voltei/entrei muito cedo na vida das pessoas. Já ouvi de tudo ultimamente e nada me deixou raivoso, nada me deixou depressivo por muito tempo, pode ter me deixado perdido, nauseado, com vontades de sumir e vomitar tudo em mim - minhas idéias, valores e razões - até não ter mais nada internamente MEU, simplesmente me tornar uma tabula rasa, um espaço vazio nesse mundo a ser preenchido. Agora tudo que passei foi necessário, inclusive eventos recentes, para eu perceber o quando eu sinto necessidade de impor mesmo que "naturalmente" e outorgar as atitudes alheias. Acho que, talvez, esse seja meu defeito mais mórbido e destrutível, talvez esse defeito me faça parecer um bom moço que sabe conduzir situações, mudar pessoas e idéias como se eu fosse um bom conselheiro que veio para ajudar. Poderia dizer o que sou ou acho que sou, ou dizer para que cada um tire suas próprias conclusões, mas nada disso é bom e verdadeiro, nada disso me fará sentir ser sincero! Depois do que eu fiz em certas situações percebi que pus no lixo a confiança das pessoas em mim, que não sou merecedor de nada que valha realmente, pois nada estou fazendo para ninguém; somente dou palavras vazias e falsos conselhos, que desde o início nunca senti que poderiam exercer coisas realmente boas na vida das pessoas, pelo fato de querer que as pessoas ajam da maneira que (no fundo) é minha maneira. Agora paro e reflito e vejo que não posso querer mais nada da vida, que meu post anterior* pode ser como pode não ser uma doce ilusão. Agora paro e sente comigo mesmo angustiado de ter só como companhia um mentiroso, hipócrita que achava que dessa forma poderia fazer algo bom pro mundo. E falando tudo isso não quero ser "absolvido de meus pecados", nem muito menos perdoado por alguém, agora já partir desses instantes inundados de valores que só nos aliviam da dor da verdade. Estou cansado de tanta coisa que me deixo fazer sem ser merecedor de agir, sem ter razões ou ao menos algum sentido em agir. Simplesmente, não vou me comparar ao mundo ou comparar o mundo a mim e apontar que muitos praticam os mesmo erros. Cada um faz um erro diferente, mas ainda acredito que o EU de ontem já não é mais o EU de hoje, que tudo segue naturalmente um fluxo, mas não adianta eu abraçar essa filosofia e continuar refocilando na minha monstruosidade e idiotice, tenho que fluir junto com tudo, sentir o que tenho que sentir e deixar as coisas acontecerem. Agora tenho um foco, um pouco de clareza e minha própria companhia que vou demorar a me acostumar. Deixei minha vileza e hipocrisia exposta a mim mesmo, tirei mascaras e armaduras que vestia para ver um pouco de algo que era a primeira vez que via. Não sei o quanto de consciência alcancei, o quanto de clareza e o quanto posso ter mudado, estou a procura de mim mesmo. E não vou terminar isso com algo como "prometo a mim mesmo[sendo que era uma promessa para transmitir nobreza sempre] que farei melhor dessa vez" ou "sei que agora está tudo claro[porque não está]" ou "Que agora minha vida seja melhor[porque não quero, quero aspirar a dor e expirar paz!]". Não vou terminar meu discurso com nada disso e nem vou continuar a falar mais mal de mim e nisso, inconscientemente, buscar pena ou reconhecimento. Vou terminar com a seguinte frase/pergunta: "Hoje choveu. Quem saberá se choverá o mesmo que ontem, da mesma forma, amanhã?".


*: escrevi esse post para o fotolog, mas não deu certo postar lá (limite de fotos por dia) então postei aqui.