quinta-feira, 27 de maio de 2010

Reflexão: Justiça e Vingança ou A linha que pode nos separar um ciclo vicioso.

Enquanto nós nos fechamos em nossos mundos da maneira egoísta, vendo só nosso lado... Enquanto isso, o mundo segue adiante. E enquanto que nada de ruim dele interfira na nossa vida, nos dê um soco na cara e nos mostre a realidade, agimos de acordo com ele. Achamos que abraçar ideologias ajudará em algo, ou que pensar e criticar também será os caminhos mais sábios. Mas quem realmente sabe?
Imagine que decisão racional tomar num momento que você tem uma arma, está num local com um assassino frio que matou "em prol de uma vingança fútil sua" várias pessoas inocentes. O que você faria? Essa é a pergunta clássica. O Mataria? O torturaria? Faria o terror psicológico?... Ou deixaria que a justiça cuidasse dele? Quando colocamos no âmbito pessoal, mesmo com toda nossa moral introjetada, a última opção é, justamente, a última opção a se pensar. Pior ainda se dentre essas pessoas inocentes estivesse um ente querido. Mas por quê?
A justiça busca encontrar, na teoria, uma igualdade para todos, em que o criminoso não saia impune e que ele pague pelo crime que cometeu. Mas então a justiça, falha, corrupta e toda cheia de brechas, alivia para que pessoas realmente más - sim, faço um grande juízo de valor; aqui quem fala é alguém que enquanto descrê em qualquer supraterreno, crê na possibilidade da virtude e de um caminho certo, matar, roubar, causar dor ao outro, não é um caminho certo.
Logo, o lema "olho por olho, dente por dente" torna-se um guia de justiça, justiça com as próprias mãos. Mas nesse "olho por olho", nessa "justiça" (que torna-se vingança) nunca quem a pensa, a cogita está totalmente racional, não que isso seja possível, mas o emocional está abalado, toda uma estrutura pessoal foi destruída. "Olho por olho", até quando? Quando é que alguém que busca vingança saberá ter "equilibrado a balança? O "olho por olho" pode tornar-se "olho por olho, nariz, dentes da boca, orelhas...", pode tomar proporções irreversíveis!
E depois faz-se vingança aqui, algum outro lado pode querer fazer uma contra-vingança, e assim, tudo perderá seu controle. A justiça? Ela é falha, mas a vingança também - e nisso não sei qual pode ser mais falha do que a outra.
A proporção que as coisas podem tomar, só pelo fato de que nós achemos que estamos certos em agir de acordo com uma vingança... Não parece ser válido, é trocar sangue por sangue, é aumentar mais e mais a dor de todos os lados. A justiça pode ser ruim, mas ai que está o problema inicial, não é ela que é ruim, mas nós que não fazemos e buscamos fazer dela algo melhor. Deixamos poucos assumirem muito, nada para mudar isso... A injustiça já está inserida nos palácios que dizem fazer justiça. E disso posso passar horas falando! Mas, afinal, não buscamos uma Justiça justa agora, só quando - que isso não nos ocorra - precisamos recorrer a ela, e quando precisamos vemos que ela é falha, nos arrependemos. Nasce a justiça com as próprias mãos! Não há justiça agora porque ninguém se importa com ela enquanto não necessita dela!
O que somos nós, afinal? Egoístas inértes em nossa mediocridade, nada fazemos, em nada agimos... A nenhuma solução recorremos! Quando acontecer algo realmente ruim, será o momento de recorrer a essa justiça própria, a esse caminho sem volta... Olho por olho, por dente, por orelha... Vamos parar e pensar. Vingança? Obra de desesperados. Justiça? Obra a ser montada, remontada, criticada. Nunca será perfeita, mas pode ser melhor!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Os bons e velhos discursos...

Nós erramos. Nós nos perdemos nos erros, muitos erros, muita confusão... mas, afinal, buscamos nossa consciência. Nós erramos, sim, todos erram. Nós erramos mais em continuar a falar dos erros, a tratá-los como crises profundas e sem soluções. Crises que estariam mergulhando em abismos de problemas, de falta de rumo. Direto ao nada.
Eis que buscamos a consciência, enfrentar tudo isso. Tentar se esvaziar de tudo isso, por uma pedra em cima. Logo, esse caminho de ignorância(de ignorar) mostrou-se falho, mostrou-se incompleto. Erramos novamente? Enfim, a dor, a falta de esperança... Puxa, quanta coisa que nem da pra qualificar. Pareceu-nos um montante de coisas impossíveis de solucionar. Eis que um ato virtuoso, um ato bom: demos nossas caras a tapa. Abrimos os braços, deixamos o peito firme, talvez gritamos, talvez rimos, chamamos atenção para que todos os socos, flechas, pultapés, todas as blasfêmias viessem até nós.
E esse vazio... Essas dores... Essas incongruencias... Tudo isso tão forte e tão presente, tornou-se nosso repertório de dor e tristeza... Ou nem isso, de vacuidade... do vácuo.
As porradas inevitáveis vieram, como todas de uma vez ou em camera lenta ou por todos os lados. Como era esperado (ou não) sangramos mais, nos machucamos mais do que era possível... Talvez nesse instante, tudo estaria solucionado: com nós acabamos.
Mas a consciência, essa(s) vozinha(s) insistentes e salvadoras, falaram calmamente: "Isso não é você!", "Você não pode ser tão fraco assim", "Deixe tudo isso de lado, levante-se e enfrente!"... Uma porção de clareza, uma porção de alivio, uma porção de vontade de querer voltar a respirar, TER QUE VIVER. Tudo volta ao que era antes? Talvez não, mas devemos fazer as coisas tornarem-se melhor.
Enfim, agora vejo: Os bons e velhos discursos que insistem em se repetir não são para os que estão sofrendo, estão no fundo do poço ou que não aguentam mais a tudo, esses discursos são para os que estão assim e querem enfrentar a tudo isso... DE VERDADE!
... Que eu tenha forças para caminhar sempre com essa vontade.

(Os aprendizados? Cada um sempre tira o seu. Cada um tem que buscar o seu... Afinal, a vida sempre me pareceu uma coisa cheio de lições, mas pouca insistência para aqueles que não querem aprender...)

sábado, 15 de maio de 2010

Aqui no meu quarto, esperando nada de nada, que o Nada Supremo tome conta de todos os espaços que olho e simplesmente sobre nada. Hahaha! Que discurso sem valor. Tenho algo para fazer - essa noite -, mas todo e qualquer tesão em fazer desapareceu. Já dizia Bukowski - algo mais ou menos assim: - "Não odeio as pessoas, mas prefiro quando elas não estão por perto." hahaha. Por ai, por ai...Pelo menos hoje, pelo menos agora.

O banho é o segredo disso tudo. Momento em que, após ele, ou eu ponho a roupa de sair ou o pijama. Decisão cruel, crudelissíma e mágica.

um sistema, automato.

3 horas e meia de sono diário, as vezes umas 4 horas. Isso acaba com qualquer saúde. Alimentação saudável, exercícios diários, manutenção mental? Enfim, todas essas coisas "saudáveis" não adiantavam com horas de sono tão ruins. E ele, pensando nisso, já acordado olhando em torpor para o celular, esperando-o tocar com seu alarma para despertar, ficou aliviado quando finalmente ouviu o som irritante que aumentava a cada segundo, tornando-se mais irritante. Por fim, quando já estava suficientemente barulhento desligou-o e continuo deitado, virando-se para o teto... E perguntou: "Deus, o que mais hoje?"
Levantar, calçar os chinelos, espriguiçar-se, mijada matinal, por um blusão por cima do pijama - era frio -, lavar o rosto, ir para a cozinha, encher o estômago com qualquer coisa, tomar suas vitaminas, segunda mijada matinal, o resto d'água na garrafa que deixa no quarto de madrugada, escovar os dentes, tomar banho, se secar rapidamente, vestir-se rapidamente, praguejar a natureza pelo frio - primeiras palavras do dia -, calçar os sapatos, ir na cozinha, pegar qualquer coisa para levar para comer, tomar outro copo d'água, ver se precisa ajudar alguém em alguma coisa: recolher a merda da cachorra, levar o lixo na porta, estender a roupa, enfim... Pegar a chave, arrumar a mochila, carteira no bolso esquerdo da calça, celular no bolso direito da calça, trocar de óculos: normal de grau pelo de sol de grau, pegar tudo que precisar, sair pela porta e... Enfim.
Quase tudo sistematicamente normal e cotidiano, as vezes umas mudanças, não era tão neurótico ou possui algum Transtorno Obsessivo Compulsivo, não! Era só organização necessária de uma mente bagunçada. Então ai as pessoas se tornam diferentes, vistas de perto a "organizada" é somente "esquecida" ao ponto de criar uma metodologia estática diária. Talvez a organizada seja tão organizada que faça isso tudo sem precisar lembrar mentalmente todos os passos. Simplesmente os efetua de maneira natural...
Ele? Uma bagunça do caralho. Só existindo um Ser infinito de potência para operar um milagre na vida deste homem. ha, ha, ha!
Ele ficava com uma bagunça do cacete caso estivesse com uma ferida no dedão do pé, todo o sistema caía quando tentado ser adaptado, ou quando o chuveiro estivesse com problema. Eu citei as atividades sem detalhes, pois, para tomar banho, por exemplo, no frio é preciso toda uma técnica para não ficar sofrendo choques-térmicos constantes. Nem vale a pena explicar.
Enquanto caminhava para ir pegar o ônibus, checava se tudo estava certo mentalmente. Vai saber. Se o Sistema é falho, imagina seu sistema... Tudo ok? Segundo passo: caminho para faculdade.
Subir a rua, esperar o ônibus, pegar ele, para passar o cartão: segurar-se nos ferros com a mão direita passar o bilhete com a mão esquerda, guardar a carteira, passar a catraca, olhar por um rosto conhecido, depois por um assento vazio, depois por um assento com companhia de alguma moça bonita, se não, senhora, se não, alguém que seja "mais normal"...Ai sentar... E começa um "novo ciclo"...

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Musa.

Aquela garota-mulher, pequena, com olhos vivos e brilhantes, um sorriso vivaz e enigmático – no final, poderia ser simplesmente um sorriso sincero... sorrisos sinceros tendem a ser enigmáticos –, ela o instigou. Ele ficou tentando, pelas beiradas, descobrir como alcançá-la. Timidamente e erradamente ele puxou uma vez um assunto qualquer, depois ficou trocando olhares. Maldito ônibus lotado.

Agora, no presente, ele a via rodeado de estranhos. Queria ele saber: quem é ela? Depois da resposta dessa pergunta tudo poderia estragar, pois, minutos depois ele num conversa com um colega dessa garota falou: são as dúvidas que dão graça a vida e não as certezas. E assim, mesmo depois da tentativa de conversar com ela, de se aproximar dela... Enfim, não deu. Descobriu ao menos o curso que ela fazia e o ano em que estava.

Toda essa vida sempre em busca de conhecer as coisas, mas não para fundar uma verdade. Ele percebia isso agora: sempre foi conhecer despretensiosamente, para depois esquecer, mudar de idéia, montar novas idéias. O compromisso com qualquer filosofia sempre foi próximo ao nulo: ele gostava de crer e descrer em tudo e nada. Aceitando toda e qualquer solução para o momento que parecesse viável ou divertida ou sincera...

Aquela moça, sem nome por hora, dos olhos claros, cabelos lisos e castanhos e com o seu sorriso singular mexia com os pensamentos dele em todas as viagens que se encontravam. Tornou-se um hobbie, descobrir as coisas dela. Características, gostos, nome etc. Ele sempre teve musas às quais ele dedicava seus pensamentos que os encontros duravam as viagens nos ônibus. Era seu modo de brincar em conhecer as mulheres, seu joguete descompromissado em busca de coisa alguma. Ora buscava pensar qual era a cor ou cores favoritas dela, ora imaginava que tipo de música ouvia, ora os pensamentos tornavam-se mais picantes: que tipo de lingerie ela usava, quais posições na cama ela fazia, se tinha muita ou pouca experiência... Se, era católica, espírita, protestante, umbandista, agnóstica ou atéia... Se, tinha fantasias com chicote e velas ou com champanhe e jantar romântico... Se, lia poesia, auto-ajuda ou best-sellers... Se ela já havia notado ele, e em conjunto seus olhares. Era o misto de querer tudo e não querer nada.

Afinal, os olhares e toda e qualquer expectativa acabariam um dia. Dissolveria todo esse joguete quando ele visse ela acompanhada de um “estranho”, ou com o caminhar torto de que está alcoolizada e/ou drogada, enfim. Tudo era questão de ponto de vista. Suas musas? Elas tinham que ser perfeitas o quanto fosse possível.

Ostracismo e Vacuidade...

Nas relações humanas o mais difícil de tudo é conceituar quem é isso ou aquilo, qual ato é péssimo ou não, virtuoso ou não... O que fazer em relação as coisas absurdas. Enfim, o ser humano é absurdo e caótico. Ser racional nessa macro-esfera que é a sociedade é pedir para cada vez adentar, em fuga, em qualquer nicho vazio e solitário. Ser racional é ser visto com olhares que contemplam o absurdo. Então, como fuga, ajo de algumas maneiras caóticas, irracionais; faço disso uma camuflagem, uma fantasia que visto todos os dias: de humano, caótico. Lanço julgamentos clássicos e análises batidas só para ver a reação. Olho para as pessoas e constato sempre poucas e mesmas coisas: tudo é de um jeito tão simples que se torna complicado, tudo e todos fazendo parte de um teatro criado, de uma tendência movida para um status quase inegável de não ser perseguido.
Mas no final, perdidos em vielas sujas e mal-cheirosas, em apartamentos minúsculos e com persianas escuras, em templos budistas e retiros espirituais, em manicômios e casas de repouso, vejo pessoas que estão sendo expelidas por essa sociedade que criou anti-corpos contra aqueles que vão contra as regras. Não ponho aqui os "ideologistas" que carregam bandeiras vestindo-se e ouvindo músicas "de protesto" e que acham que isso nega a sociedade, ou aqueles catedráticos em torres de marfim que, através de sistemas lógicos e/ou análiticos, criam soluções para o mundo, e dentre tantas outras figuras, esses são os que afirmam a sociedade como ela é em todo o caos e desordem e manipulação e condicionamento. Enfim!

Negar é o silêncio, quase que afasia por não digerir mais nada, e não ver mais sentido nas palavras, nos discursos, nos diálogos. Essas minhas palavras? São só o paradoxo afirmando tudo isso, tudo um quinhão que pertence, parcialmente, a todos que vivem inseridos no inexplicável. Queria eu ter a coragem desta "margem" - como dizem - e não ter mais vínculos desnecessários alguns, dedicando-me ao simples neo-ostracismo: já que não podemos aplicar aos nossos políticos o ostracismo dos gregos antigos, apliquemos sobre nós, então, o auto-ostracismo: em benefício a mim mesmo decidamos nos excluir. HAHAHA.

O Silêncio: arte mais nobre tão negada e marginalizada, a arte das artes em toda sua pureza.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

"Repelente existencial" ou "Pragmatismo ideológico aplicado em: como quebrar com memórias"

Ao olhar pela janela da janela das coisas estranhas da vida. Muito além da dor, mais próximo de uma ataraxia, da cura e da tranquilidade: - Eu vi! Sim, uma alegoria de coisas boas, possibilidades agradáveis e acontecimentos dissolutos "dos melhores da vida". E mais! Dessa vez também pensei: - Cuidado, não julgue um livro pela capa, mas também não deixa de olhar sempre BEM a capa.
Afinal, tudo vai se encaixando e voltando como era... Com um pouco de sangue na parede, um pouco de icor que escorre das memórias antigas e toda aquelas manchas nas idéias que ficam depois de queimarem. E tudo que é ulterior, agora, ri com cinismo de si e de mim. Eu? Rio de volta enjeitando toda e qualquer utopia, toda e qualquer ilusão bem criada na doce vontade de uma vida platônica e ideal.
Junto todas essas bobagens... Estou colocando-as em minha lata de lixo.

Não uma crítica, nem uma constatação...

A moda hoje que traspassa os corredores da cultura de margem são os escritos pessimistas, escatológico, com uma lógica capenga e sem pretenção nenhuma de convencimento... Será? Enfim, não estou aqui para julgar. Aliás, estou no meio. Só não tenho fama, nem dinheiro. Só algumas palavras ocas, com sentidos ora abstratos ora muito realistas, enfim. O paradoxo...
Quê paradoxo?

Vejo os escritos Bukowski e não sei o que aconteceria se, em vida, ele tivesse se apaixonado, começado a crer no amor. Ou se Cioran tivesse pulado do pessimismo cínico para um otimismo dogmático... hahaha, Isso sim seria paradoxo. Ou também Juan Gutiérrez tornar-se militante e engajado no socialismo com fé que todas as merdas que passou foram por algum sentido. (?) Um Palahniuk "correto", vestido numa moral repúblicana e cristã! Enfim, posso citar mais algumas levas de personagens reais subversivos, "agraciados" de um jeito só deles: uma forma atrativamente repugnante para alguns, sincera para outros... Todos - uns mais, outros menos - gerando explosões de milhares de versões de críticas a cada livro publicado, a cada conto saido nos jornais diários, a cada poema lido.

Todos eles: dogmáticos com suas próprias (des)crenças nas coisas?

Mas vou-me fazer de advogado do diabo: o paradoxo deles está (também) ai. No (talvez) dogmatismo de suas idéias anti-tudo. Quase todos não ligam(ligavam) para nada... Por que diabos eu vou ligar, então?

O descompromisso é a alma do negócio e a moda do momento (quando falamos de tentar vender palavras)...

O logro da auto-mentira.

Quer queimar uma memória? Não lembre, então, do rosto de quem lhe vem. Não, não! Não deixe que nenhum sentido seu lhe retome a memória: nem os olhos nos olhos, o toque sutil e sincero da pele fria com a quente, o sabor do beijo, os cheiro inigualáveis, e os gemidos e arfadas nos ouvidos... um do outro...

Quer queimar esta memória? Afigure-se como um ser só racional que separar os resultados das experiências e que vestia luvas grossas, roupas pesadas, venda, máscara de gás e com tampões de ouvido. Pense que as experiências passaram-se num outro corpo e que você está lendo um livro ao lembrá-las.

Eu sei, não é possível. Então simplesmente abstraia e confunda-se, misture todas as lembranças até sua memória falhar...

Um dia, a dor passará!

A Lembrança. O Beijo. A dúvida...

A lembrança daquele beijo apertado, de línguas tímidas, num terminal de metrô. Uma despedida embriagada e meio que alforriada dos ditames de uma paixão louca, metafísica e mentirosa. Sabe aquelas paixões egoístas que acham serem as maiores do mundo? Então, ele já havia perdido esperanças quaisquer nessa e qualquer idéia possível de um amor todo bem comportado e reparador – que tira o carnívoro de um frigorífico, coloca em meio a uma plantação de alface e pede para este que se satisfaça com aquelas folhas verdes... sem sabor. É cruel, crudelíssimo.

Poxa, aquele beijo representou tanta coisa como não representou nada. Simplesmente naquele dia, naqueles tempos, ele preferiu esquecer o beijo, pois estava querendo se comprometer em outro relacionamento (Claro! Mais maduro. Os dois “sabiam” o que queriam – a doce ilusão de uma paixão utópica). Na verdade o desespero é de não agüentar ficar só. O desespero está em não ter ninguém para dividir a cama e seus fluidos corporais em algumas noites, alguns dias ou só alguns minutos desesperados... Minutos-moleques voluptuosos que parecem se preencherem com hormônios explosivamente cheios de uma corrosão libidinosa. Um adolescente punheteiro que está com seu pau na mão em frente de peitos fartos de uma prostituta barata e feia, mas com um corpo razoável. Essa cena é intrigante: aqueles seios fartos que por eles já passaram bocas doentes e dentes podres que os mordiscaram, pintos semi-eretos que tentavam, ao serem pincelados naqueles seios com manchas, ficarem eretos o suficiente para penetrarem naquela vagina mal depilada ou naquele cu que bem de perto ainda fedia merda.

Uma cena contrastante que passava pela cabeça dele, mas ele percebeu: mesmo nunca ter tido tal oportunidade escatológica e cheia de sânie que é expelida dessas vontades humanas e egoístas, – dessas vontades travestidas de atos como válvulas-de-escape – ele ainda assim se sentia a mesma merda de tudo o resto... Talvez sim, talvez não. Em alguns momentos aquele que é comedido e conservador comete atos hediondos, enquanto o explosivo e errático, aquela ovelha-negra de todos os lugares moralmente montados: escolas, locais de trabalho, casa, clubes... Enfim, o bobalhão, o libertino, o cínico, este passa despercebido em sua frugalidade pelos desejos egoístas tão humanos, cometendo delitos breves e sinceros, delitos que passariam despercebidos em qualquer delegacia.

Mas aquele beijo? Não, não pertence a nenhuma dessas medíocres expressões, não pertence ao amor ilusório e frágil, nem a uma ambição a ser resolvida num futuro incerto, nem um beijo roubado e fixado numa vontade permissiva e totalmente embasada numa libertinagem sádica... Nem numa depressão, nem no niilismo.

Onde raios então aquele beijo está afixado? Não conseguia mais engolir esse papo de coração e amor. Achou finalmente que o beijo ficou cravado em algumas sinapses nervosas especiais. Tipo uma área VIP para certos acontecimentos em vida. Este: um acontecimento cheio de expectativas, de passagens do tempo e corrosão das vontades pelo desejo de uma amizade certa do que um amor incerto.

Mas o beijo aconteceu....

à dúvida...

Um quadro num vídeo

Uma falsa mensagem?

Pela soberba? Perdido,

Pela vontade? Coragem!


Simples na falta, Simples presença.

Sentidos quase perfeitos – alguma ausência? –

Não se enganam mais... talvez

Voam pelo ar, afundam na terra.


Numa liturgia hedonista,

Arraigado na perplexidade pelo mundo,

Eu corro buscando mãos...

|... para segurar.

Para em alguma segurança

|...eu me apegar.


Nos livros, idéias, ideais, fluxos...

... na selvageria racional...

... na dor existencial ...

... no jogo de uma alegoria retórica,

Vejo olhos cegos, bocas mudas, ouvidos surdos!

O que falta no mundo, falta em mim

Grito por mais força – Que voz rouca, eu estou.


Minha caneta falha de tanto eu ter escrito.

Insolentemente, via as mensagens com arrogância,

Fazia desenhos de pássaros, flores e surrealismo,

Quando podia ter desenhado certas outras palavras.


Entre livros, entre meios,

Entretido entre a vida e o fim,

– É sempre assim –, nosso fim?

A única certeza que temos...

O que fazer? Nossa maior dúvida...

... Irresoluta pela eternidade do tempo!

fragmento.

"Mulheres: gostava das cores de suas roupas; do jeito delas andarem; da crueldade de certas caras. Vez por outra, via um rosto de beleza quase pura, total e completamente feminina. Elas levavam vantagem sobre a gente: planejavam melhor as coisas, eram mais organizadas. Enquanto os homens viam futebol, tomavam cerveja ou jogavam boliche, elas, as mulheres, pensavam na gente, concentradas, estudiosas, decididas: a nos aceitar, a nos descartar, a nos trocar, a nos matar ou simplesmente a nos abandonar. No fim das contas, pouco importava; seja lá o que decidissem, a gente acabava mesmo na solidão e na loucura."

"Sentia-me contente por não estar apaixonado, por não estar
contente com o mundo. Gosto de estar em desacordo com tudo. As pessoas apaixonadas tornam-se muitas vezes susceptíveis, perigosas. Perdem o sentido da realidade. Perdem o sentido de humor. Tornam-se nervosas,psicóticas, chatas. Tornam-se, mesmo, assassinas."

Charles Bukowski

quarta-feira, 12 de maio de 2010

VANITAS! VANITATUM VANITAS! (Goethe, 1806)

My trust in nothing now is placed,
Hurrah!
So in the world true joy I taste,
Hurrah!

Then he who would be a comrade of mine
Must rattle his glass, and in chorus combine,
Over these dregs of wine.

I placed my trust in gold and wealth,
Hurrah!
But then I lost all joy and health,
Lack-a-day!

Both here and there the money roll'd,
And when I had it here, behold,
From there had fled the gold!

I placed my trust in women next,
Hurrah!
But there in truth was sorely vex'd,
Lack-a-day!

The False another portion sought,
The True with tediousness were fraught,
The Best could not be bought.

My trust in travels then I placed,
Hurrah!
And left my native land in haste.
Lack-a-day!

But not a single thing seem'd good,
The beds were bad, and strange the food,
And I not understood.

I placed my trust in rank and fame,
Hurrah!
Another put me straight to shame,
Lack-a-day!

And as I had been prominent,
All scowl'd upon me as I went,
I found not one content.

I placed my trust in war and fight,
Hurrah!
We gain'd full many a triumph bright,
Hurrah!

Into the foeman's land we cross'd,
We put our friends to equal cost,
And there a leg I lost.

My trust is placed in nothing now,
Hurrah!
At my command the world must bow,
Hurrah!

And as we've ended feast and strain,
The cup we'll to the bottom drain;
No dregs must there remain!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

ALL I NEED - RADIOHEAD


I'm the next act waiting in the wings
I'm an animal trapped in your hot car
I am all the days that you choose to ignore

You're all I need
You're all I need
I'm in the middle of your picture
Lying in the reeds

I am a moth who just wants to share your light
I'm just an insect trying to get out of the night
I only stick with you because there are no others

You are all I need
You are all I need
I'm in the middle of your picture
Lying in the reeds

S'all wrong
S'alright
S'all wrong
S'alright
S'alright
S'alright