domingo, 29 de novembro de 2009

Subversão de si. Qual certeza temos de que nosso EU presente é o certo?

Falar sobre a felicidade e a vida é diminuir as duas em palavras que não conseguiram realmente passar o que passou. Explicar a vida e guardá-la e não deixá-la mais ocorrer, criar uma permanencia das coisas que acontecem e fazer disso regras: guardar na gaveta para olhar de vez em quando para o que foi escrito e miseravelmente se confortar com esse tão pouco!
Realmente agora eu percebo que é tão bom viver na surpresa e na incerteza. De deixar as coisas acontecerem e fazê-las acontecer e aproveitar... No fim, teremos todas as vezes novos conceitos cada vez mais fortes e bonitos e complexos, da felicidade e da vida.
Qual sentido nos leva a nos manter sempre iguais, necessitando tanto de uma personalidade... De músicas, de filmes, de ideologias, de conceitos, de preparações e receitas para sobre si mesmo? Não dá para querer mais isso.
Suversão de si mesmo, me parece, é aceitar a si mesmo, abraçar a vida e dançar com ela o que tiver que dançar, e correr com ela o que tiver que correr, e gritar e pular e ficar queito e só respirar: ficar fazendo tudo...E não ter que fazer nada!

sábado, 21 de novembro de 2009

Saudades do que foi...

Eu sou a prova de minhas falhas. O que sou hoje foi o finalmente do ontem... Do ontem insatisfeito, triste e com todos os desejos do porvir. E a cada passo que tento dar, me sinto dolorosamente machucado: não sou eu mais que caminho, são cópias que adquiri, coisas que deixe se instaurarem em meu ser: recordes de revistas sobre meus simples poemas, recortes de invenções de outrem, não meus! Eu não sou isso que eu busco. Essa busca, aliás, só mostra como me mudou e me deixou frágil: um garoto de vidro - e eu que buscava mas me mantinha autêntico, hoje falho duas vezes e não aprendo, na terceira caiu de joelhos me machuco e só choro. Onde está o meu Eu... Aquele forte, relativamente decidido, com pequenas coisas - mas tão belas coisas -, que aproveitava a descrença dos outros e crescia com essas, que abria novos caminhos na floresta, que não olhava na direção do pântano e exclamava:"Meu Deus, como a vida é ruim...", mas olhava para a flor-de-lótus que lá crescia e simplesmente sorria, e a existência sorria de volta. Onde está esse eu que era tão bonito...? Será que era tão forte, e era tudo isso que penso hoje? Ou só uma ilusão?

Não sei mais o que sou. Só sobrou a saudade, as cinzas e nada onde eu posso me sustentar! Sou fraco ainda, e deixei com o tempo meus músculos atrofiarem, não sei mais como seguir.

Só olho para o passado na esperança de encontrar quem eu poderei ser no futuro.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Ah, foda-se...
Agora não há bebidas, nem drogas, nem discursos e conversas, nem qualquer outra coisa que não levará a nada. Pois, já estou num nada!
Então, abracem seus demônios e dancem o Réquiem de suas vidas quando puderem... We're no here.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Blackbetty's Penha of Cloverwild things.

Se o que eu digo merece ou não ser ouvido, se o que eu escrevo todos os dias são uma porcaria que logo no dia seguinte, sempre na ressaca (espiritual ou não) eu vou ler, sentir e falar, Meu Deus, eu fui isso?
As coisas se emporcalham e eu me sinto sempre impelido a fazer algo, no final fico um pouco sujo, me limpo com um papel de banheiro público inútil e toco pra frente o barco sem fazer porra nenhuma! Assumo, assino embaixo e dou uma cusparada. Não é assim que fazemos tudo que não nos da verdadeiramente um real prazer? Com desgosto, descaso, desleixo, enfim, todos as palavras positivas com o "des" na frente.
E ai no fim do dia, se eu fumasse, puxaria um cigarro pediria um uisque ou um conhaque barato e suspiraria dizendo, Mais um dia, brindando com o ar, um amigo imaginário. Este por sua vez ficaria quieto, o bar ficaria quieto, o garçom ficaria quieto, o mundo estará em silêncio, está em silêncio enquanto afogamos nossas magoas egoístas, estupidas, esdruxulas, simplesmente uma merda de sentimentos paranóicos que acham que merecemos alguma atenção.
Meu coração não tem coragem suficiente para fazer pouco caso para aqueles que podem me matar, sou covarde, sim, pode pensar tudo a meu respeito. Mas porque, então, você chegou até essa porra de texto, até essa parte ridícula e continua lendo? O que nos move a querer estarmos onde estamos, e quando nos apercebemos nos achamos ridiculamente estupidos e improváveis! Poupo meus neurônios para queimá-los mais tarde com alguma coisa mais estupida e mais vil do que isto, pelo menos terei razões para meu egoísmo selvagem que quer mais não quer salvar o mundo.
PRO CARALHO tudo isso! Quem merece a vida de outem? Ninguém merece a vida de outrem, cada um de nós temos nossas próprias vidas, nossas próprias mentiras, hipocrisias e crueldades, por que acabar numa fossa por outro que muitas vezes não faria o mesmo? Ok, eu sei que tem casos e casos e eu realmente não ligo. Já mudei. Daria minha vida para alguém sim, mas teria que ser muito apaixonante e especial, tirando as pessoas da minha familia, não sei, quem realmente pode merecer isso? Já pensou realmente nessa alegação... Dar a vida para salvar um outro? Essa é a máxima do amor Ágape... E acontece. Pronto, acontece, está ai uma prova qualquer para me fazer dizer: eu estou errado.

Vou ficando com minhas alergias, meus estudos meia-bocas, minhas balas de mentol, cerveja, uisque e conhaque, o ventilador que não deixa minha garganta melhorar dos pigarros, a música que ouço a madrugada inteira enquanto durmo... Não tenho muitas coisas. Não tenho nada. Vai ver é por isso que sou assim. E pronto, não acho que deixar ou não de viver é a solução ou qualquer idéia estúpida que possa tirar meu único bem precioso, mas que, como tudo, pode ir embora e sumir como areia fina diante vento forte. Pois bem, o que eu faço?

Eu durmo com a cabeça ainda a girar... Bebida, sinuca e uma raiva grande são misturas interessantes, então meu sono será bom. Acordarei e lerei e simplesmente comemorarei o meu 54ª post que não serve para nada.

Mas convenhamos o que faz as coisas prestarem ou não para algo..? Pensem.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Sem título.

Talvez fosse um dia qualquer, talvez não, e talvez eu estivesse só querendo chamar atenção. As coisas são simples assim; mais simples do que o complicado que sempre imaginamos. Você olha para um casal, tão bonito, tão romântico... Então, um belo dia, você o mesmo rapaz - antes tão romântico e apaixonado - em uma pegação com duas garotas numa festa, isso seria já suficiente para o ego masculino ficar machucado e pensar "por que ele quando eu estou aqui? Sozinho, com tesão e energia sufiente para fazer um time de futebol feminino atingir orgasmos múltiplos, e este babaca ai não irá conseguir ir para o quarto sozinho sem ajuda delas". Mas não, sempre tem algo a mais, você chega comprimenta, e de canto, pergunta, E a fulana como tá, vocês separaram? A resposta é simplesmente esta: naaada! Só vim curtir um vibe sozinho, liga?
Bom você fica naquele pensamento, olha só o sortudo namora uma cega de paixão. Mas o que piora tudo não é você saber disso, e sim, saber mais: por acaso do destino (novamente) faz você encontrá-la dançando feito uma vadia no meio de várias rapazes-lobos-uivantes. Bom, isso não teria problema, também, a lógica final é: um relacionamento aberto e feliz! Parabéns para eles, conseguem sustentar de maneira "sútil" um relacionamento aberto e conseguirem não levar isso "para a cama".
Meses se passam e você está fazendo compras no mercado de ressaca, cabelo bagunçado, óculos escuros para evitar a luz e metade da roupa que você usa era do pijama. Você não pensa em encontrar ninguém, e se encontrar evitar dizendo um bom dia mal humorado. Mas eis que você encontra a garota do seu amigo, este mesmo aqui falado, então as aulas de catecismo voltam a mente e aquele trecho judaico-cristão na mente (lo thahh.módh) Não cobiçarás a mulher do próximo, hahaha, muito mal seguido não só por mim, mas por toda a torcida do corinthians e de Jesus Cristo; ótimos cristãos, eu diria. (Por isso, reservo-me a postura agnóstica)
Ela lhe comprimenta, você responde - nunca na direção, pois o bafo de ressaca não passou ainda. - e a conversa prossegue e você bem pergunta, e ai, e o fulano, como vocês estão? Ele tá bem? Uma pausa dramática acontece, você fica até constrangido de olhar para a careta de desgosto e raiva que se forma naquele rostinho bonito: "Estamos nada, sabe? Aquele desgraçado estava me traindo!"... (Faltam reticencias neste instante...) (...) (...) (...)
"AHHHH! Que coisa, ? Como ele podia fazer isso contigo, tsc-tsc."

Até me apresso dizendo que minha mãe está já aprontando o almoço e não posso mais demorar. Na volta para casa, entre o peso das compras que os músculos de ressaca não aguentam nem carregar verduras e os pensamentos, a única palavra que martela minha cabecinha dolorida é "Hipocrisia! Hipocrisia! Hipocrisia! Hipocrisia! Hipocrisia!".

Como as pessoas conseguem sustentar tanta hipocrisia de maneira tãocomum e rotineira? Aqui quem fala não é nenhum Santo e hoje não é meu dia a ser comemorado, não! Aqui quem fala é um hipócrita também, olá. Mas é justamente por isso que sou indignado, estou indignado. Como conseguimos fazer tantas coisas hipócritas, mentir, julgar (sendo um "pecador", ou melhor, "cometedor" dos mesmos erros desvirtuados), entre tantos outros males? Nunca deixamos a razão ser nosso guia-mestre realmente, nunca trabalhamos com a maturidade emocional com maestria e vontade realmente. Deixamos nos guiar por aquilo que só consigo imaginar como sendo nossa natureza.

Usamos de nosso belo cérebro evoluído, de nossos pensamentos "racionais" e toda as belas criações para sobreviver. Nossos instrumentos, nossas armas? Nossa mente e tudo que ela produz. Não precisamos nos camuflar, não precisamos ser rápidos, não precisamos ter dentes fortes, nem venenos mortíferos... Só precisamos de nossa mente!

Eis nossa natureza e, em nosso inconsciente profundo, um instinto que sobrepuja a razão e tudo o mais. Precisamos sobreviver e, no caso, algo inédito, vencer sempre! Então deixamos as coisas ocorrerem e usamos o que convém como a hipocrisia de fazer cara de nojo e desgosto e dizer "você não acredita, ele me traio". - Caso ela houvesse falado "eu que nunca pensei em trair ele! Eu!". Nossa, eu iria rir muito da cara dela respondendo "isso só quando você estava sóbria, ? Quando bêbada, então, outros pensamentos povoavam sua mente, certo?".
Gosto das pessoas, gosto mesmo, mas não mais do que a minha cachorra e a árvore aqui de minha casa. A natureza delas é bem menos preocupante e bem mais definida, e eu sei que minha cachorra pode morder a qualquer hora, mas a mordida será causada por algo que eu estarei consciente do porquê. Enfim. Com as pessoas em vez de estar rosnando, um sorriso está lá presente - cheio de micro-expressões de ódio - e quando você vê este lhe "morde", e muitas vezes ainda sorrindo.

E não é por eu ser igual, fazer coisas iguais que não posso refocilar em minha hipocrisia criticando a todos nós. Já que nossa natureza é ser mental e ideologicamente contraditório. Sejamos, então. Por que não? Mas sejamos de maneira a se destacar, pelo menos a tentativa de sair da mediocridade que está sendo feita. Leia uns bons livros, aprenda a discursar, faça faculdade, saiba criticar a sociedade muito bem - mas faça isso bem o suficiente para deixar a todos boquiabertos e sem argumentos -, logo, tenha bons argumentos e quando não tiver bons argumentos saiba correr ou bater ou, privilegiadamente, comprar para que alguém assim o faça.
...Ou fuja dessa mar de merda que chamamos de sociedade civilizada. Sociedade civilizada?!?!
Basta dar um apagão para o caos se instaurar. Como se já houvesse luz elétrica durante nossa vida toda como humanos! Nós como os bons acomodados que somos ficamos em desespero ao voltarmos para o natural: a noite ser escura. E então é empurra-empurra, desespero, gritaria, violência, assaltos, MAIS hipocrisia de suas formas mais variadas... Não ligamos quem está nossa frente, se é irmão, primo, tio, mãe, Jesus Cristo, Deus, presidente Obama ou a velhinha catadora de garrafas pet da manhã de quarta, não!
Queremos chegar, queremos ir, estamos atrasadas. Típicos coelhos da Alice. Precisamos sobreviver a mais uma noite, a mais um caos. Para chegarmos em casa, ir dormir mais cedo, pois sem luz não há mais vida e depois rir com os amigos contando suas histórias no dia seguinte, na faculdade, no trabalho, no bar, sei lá. Como se na hora não estivesse no desespero e na desumanidade encarnada.

Eu juro, tento porque tento fugir desse status quo, mas ele me persegue e quer me fisgar e, com o tempo, fico sem saídas, sem métodos de fuga ou escolha. Ai, decido sobreviver. Mas isso entristece mais que a morte, pois esta não entristece tanto, querer sobreviver e cair na hipocrisia e se banhar na merda como se fosse ouro ou manjar dos deuses. Meu Deus, isso me dá náuseas, causa repugnância, exorta minha alma ao vulgar e grotesco.
Como posso me deixar levar tão facilmente por essa maré? Ela é forte, ela é esperta e não parece tão fácil vivenciando o problema, mas quando respiro, conto até 10, desarmo meu espírito dos pré-conceitos e dos dogmas sociais, vejo: é um nojo!
Não sei se é errado, não sei se é certo, não sei se é da nossa natureza ou mais artificial do que água mineral fluoretada e batata de hipermercado. Só sei que é repugnante.

E as saídas, onde estão? Terá saída realmente?
Só sei que já me enganei muito e este esta parecendo o maior de todos os enganos.

Quem será "EU" daqui 5 anos? daqui 10 anos? daqui 50 anos? Quem?
Decidi não querer pensar...


Eu vejo que desse modo irei viver sozinho para sempre, é sério. Sou um cara solitário e não consigo ser de outro modo. Quando vejo uma garota muito próxima (entenda próxima: PRÓXIMA!!) com o tempo enjôo, não exatamente dela, mas da relação, pois, já vejo muitas coisas que foram descobertas de um modo tão rápido e tudo o que sobrou de mistério parece ruim, chato e sem gosto. O ponto é que quando alguém quer conquistar tanto o outro alguém, desesperadamente lança todas suas cartas na mesa, todas suas boas coisas e só guarda as ruins, com o tempo o bom se torna ruim, e o prazer em descobrir os mistérios uma angustia. Lembro desses dois, um casal que tanto nem estava ai para descobrir sobre eles e, pelo acaso, descobri até bastante. Vejo uma inconstância, não sou contra muitas coisas que a maioria das pessoas é. Desde que quem participe esteja ciente, seguro e próximo de um contentamento, está OK.
Agora, as coisas me vêem abruptamente e se vão mais rápidas ainda. Deixam um rombo e um vazio para o vento e sujeira mental somente, não me deixam saudades exatamente, só que não adicionam muito. Pois, como ser feliz com o amor de Eros se este só me causa mal e angústia? Percebo que sou um dos poucos casos assim, mas vou mais além. As vezes, desde o início, eu não crio expectativas e mentiras, não me deixo levar pela emoção e bobagens mentais, sei bem onde vai dar, então para quê? Pois então, prefiro a solidão.
Não vou dizer que não sinto falta ou vontade de ter momentos assim, não! Sinto sim, mas quando estou neles me apercebo chateado, então já não sinto mais a mesma vontade nem a mesma falta. Logo passarão, são coisa do momento.

"Então... o que te sobra?". Já ouvi essa pergunta. Eu respondo "a solidão"! E completo, "há coisa melhor?"
Não, não há, mas é o típico sentimento que é como um instrumento difícil de tocar ou uma maquina difícil de operar: se você não sabe o que fazer com este, este só lhe causará angústia, raiva e tristeza. Por isso para que trocar de dúvidas, como fazemos com as religiões e lados políticos, se podemos viver numa dúvida maior, que é além do ócio e da aceitação, muito além dos próprios relacionamentos: o estar em si, por si, com si mesmo e bem, extremamente bem, e querendo mais. Um mais que não é preciso de ninguém para ser dado, um mais que não é preciso esperar, conquistar e lutar por ele, não. Ele está aqui, e sempre aqui, nos esperando. Mas nunca o encontramos, estamos fora de casa esperando... Conquistando... Lutando... E somos dramáticos e, não trágicos, quando não encontramos.
Agora entendo a parábola: "Você nunca encontrou Deus porque nunca esteve presente. Ele bate a sua porta mas você não está em casa, está atrás de coisas mais "importantes", achando encontrar Deus lá fora, quando ele está em sua porta, batendo!"

sábado, 7 de novembro de 2009

Meu discurso...

O meu discursar é sincero, penoso e cheio de detalhes. Tento ser claro, conciso nas idéias, mas quão (im)precisas elas são? Não vejo mais a possibilidade de que haja alguma verdade que não seja, ao menos para mim e só para mim, verdade (mesmo nestes meus discursos); falo porque penso e preciso falar, como atitude crítica, como atitude humana e falo para discordarem, para rebaterem, refutarem. Mas isso não mudará nada, meu ser empírico é o que mais me corresponde e mais me faz crescer. Os discursos nada mais são do que uma tentativa de universalizar o que sentimos e não nos sentirmos tão sozinhos em nossas idéias - e isso já basta.
Mas não quero mudar ninguém com meu discurso. Aliás, no fundo meu sentimento é causar algum impacto, o menor que seja, em quem me ouve. Mas não quero mudar ninguém. Vi isto quando comecei a causar certas coisas... Simplesmente me veio um pensamento: que porra estou fazendo? Será que estou fazendo uma coisa certa? Não deveria ter ficado quieto em minha tranquilidade e tolerância? Aonde levei o assunto, que rumo fiz este tomar? Mereço eu tal responsabilidade?
Se sou indagador, insatisfeito e sempre um homem trágico - na tragédia da multiplicidade e não do drama, na tragédia do paradoxo e do ser transmutador - porque devo eu falar? Por que meu discurso com o tempo ganha valor para alguns ouvidos, para algumas pessoas, mas perde o valor para mim..? Por quê? Não sinto merecedor disso. Só sinto que mereço perecer, viver e deixar viver!
Me perdoem, por favor! Não quero causar mais nada. E desejo mais e mais a quietude... De minha boca e de meu espírito. Mas, nem um nem outro se calam! Eles são insatisfeitos e irão sempre querer mais.
Logo, só posso pedir desculpas: por ontem, por hoje e pelo amanhã!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A Modernidade, o Homem Faustico e a velocidade que cega.

Um artigo para a matéria Introdução a Filosofia que me rendeu uma nota máxima. Isso me deu uma animada logo que eu estava com pensamentos desistentes e chateados, mas sempre tem algo bom pra compensar. - No caso uma nota boa, como modo de reconhecimento, para aquilo que mais gosto de fazer - e, provavelmente, a única coisa que faço "direito" -: escrever. Sem mais delongas:


Talvez a modernidade tenha sido somente a explosão necessária para revelar ao homem algo inerente a ele desde o inicio da formação do conhecimento filosófico: a forma paradoxal em que as vias de seus pensamentos se expressão, de certa forma uma dualidade, ou melhor, opção de escolha. Uma dualidade em busca de uma autentica personalidade sem as ingênuas ocorrências comuns durante toda sua história, a saber, o mau uso da razão, ou a não utilização desta. Outrora, o homem, aparentemente, ia à lentidão de uma charrete em direção ao progresso, hoje temos todos os aparatos que a modernidade nos serve: automóveis, combustíveis, maquinários e tecnologias que no geral as quantidades e diversidades correm em direção ao infinito. O homem capaz de mudar seu Meio não foi capaz de medir as conseqüências dessas mudanças: o que anteriormente demorariam anos para se concluir, averiguar ou constatar, hoje demora muito pouco – boa parte desse tempo é diminuído a partir de uma formula baseada no seguinte conceito: quanto mais capital, menos tempo para concluir. E é espantosa a capacidade de nos prendermos àquilo que criamos e a necessidade de termos sempre novidades, não conseguimos mais viver de forma confortável e produtiva sem todos esses aparatos que a todo tempo estão brotando das indústrias. É possível, de uma maneira radical, afirmar que tudo o que a modernidade nos fez foi construir, com seu conforto e eterna expansividade, uma prisão mental. O homem a muito só tem buscado a prática criadora e produtora em alta rotação. Deixou de lado a postura critica do espírito humano, o homem filosófico, o sonhador: que a tudo vê com olhos críticos e desconfiados, desconfiança necessária para um bom juízo e um progresso relevante.

Mas, não é só baseado nas criações tecnológicas, afastadas do espírito humano, que nascem os paradoxos inerentes à Modernidade, é também do próprio espírito, que, agora, se encontra confuso em suas vicissitudes ideológicas, onde o paradoxo ocorre de maneira a nos deixar a mercê de nossas escolhas e seus efeitos contingentes: conseguimos, de certo modo, controlar todo o nosso Meio, mas todas as tentativas de mensuras exatas dos resultados são incertas; principalmente, das tentativas de mudanças e mensura das atividades sociais, ideológicas e/ou econômicas. Essas aparências da modernidade já são um aviso de extrema importância: se o nosso Meio é expressão de nossas idéias e conceitos, basta olhar para o mundo para percebemos o quanto nos encontramos confusos e perdidos – ainda por cima quando nosso futuro é a valiosa ficha utilizada na aposta para um ideal: o progresso.

Marshall Berman, em Tudo que É Sólido Desmancha no Ar, procura fazer uma dialética da modernidade explicitando para o leitor as possíveis causas e, talvez, ideologias existentes que nos levaram a cair no tourbillon social – dito por Rousseau, o primeiro a utilizar a palavra moderniste no sentido em que usamos até hoje –. Essa busca se faz necessária para criar uma genealogia que tentará desvelar onde as possíveis dissidências de um progresso criterioso ocorreram.

Para isso, Berman nos mostrar um símbolo a muito usado como representante da modernidade, um ponto usado como o signo da conflagração da modernidade. Ele nos apresenta Fausto de Goethe como o personagem-símbolo dessa modernidade. Nele encontram-se todas as forças imperiosas necessárias para se fazer o progresso, sendo um personagem que possui todas as características necessárias para ser o controlador dessas ações: contrato com Mefisto, o diabo que lhe oferece recursos infindáveis e uma bagagem ideológica e espiritual muito grande; mas possui forças que vestem-no um cabresto estreitando sua visão somente para o progresso, cegando-o para os efeitos futuros que este produzirá. Ele não mede esforços nem modos de se fazer o que precisa. Não é a toa que esse personagem se tornou o signo que influencia até hoje estudiosos da modernidade. Fausto tem necessidades que o empurra numa direção única, pois a necessidade da pratica acertou-o como uma flecha envenenada cujo antídoto é trazer a modernidade, o progresso, ser um guia espiritual/ideológico do homem em suas necessidades terrenas.

Mas, Fausto em muitas de suas auto-reflexões, percebe que não serão os aparatos que nos envolvem, nem a forma da prática incessante de produção, nem todas as diversas novas técnicas que se apresentam que irão nos salvar. Ele observa que um olhar critico, para com o mundo e com as mudanças, é necessário, sem isso caímos num abismo do simples cumprir com nossas vontades até que estas estejam impregnadas de desejos egoístas sem uma visão de grupo, sem que perceba o mal que se faz. A auto-reflexão é o artifício humano mais importante nesse ponto: ela mostra um modo de controlarmos a selvageria irracional inerente a nós, superarmos as paixões tenebrosas e nos mostra que um caminho com pensamentos voltados para a sociedade é, também, um caminho de autodescoberta. Antes de um ato de coragem é uma necessidade em encontrar nas reservas de caráter a forma mais pura da razão. Porém, Fausto percebe isso muito tarde – se realmente percebe essa perspectiva.

O homem moderno já nasceu num mundo moderno onde tais fatos e absurdidades modernas são comuns desde a infância. Somos obrigados desde o inicio de nossas vidas a aceitarmos as informações que são cuspidas pra dentro de nossas por todas as formas de mídia e comunicação. O nosso direito de nos esclarecermos se confunde com o modo exigido em acumular conhecimentos diversos que nos afastam, ou pelo menos não é fonte de aproximação, da critica, e nos aproxima da prática repetitiva e cega necessária para o mundo produtivo. Ao começarmos a compreender o mundo, modos taxativos para entender conceitos importantes para o esclarecimento são apresentados, não é possível um questionamento.

Adorno/Horkheimer apresentam no prefácio da Dialética do Esclarecimento os vários modos que obstáculos para o esclarecimento e o real exercício da liberdade foram colocados dificultando as possibilidades da massa atingir seu esclarecimento. Esclarecimento que cabe a cada dia, mais e mais, adentrar na normalidade das massas, pois, mesmo que tenhamos atingido em curto espaço de tempo um acumulo grande de riquezas, elas não são usadas da maneira ideal: produzindo condições para um mundo mais justo. Pelo contrario escrevem, Adorno/Horkheimer: “Nas condições atuais, os próprios bens da fortuna convertem-se em elementos do infortúnio”, uma clara analise do poder paradoxal da modernidade, e continua “o progresso converte-se em regressão”. No texto há claras demonstrações de como ficamos incapazes da critica ao sermos imersos na prisão mental do consumo e da necessidade de capital, pois, nesse ponto cego a conversão de valores acontece.

A mesma racionalidade já falada pode cair nessa conversão de valores, e ser usada de maneira unilateral, ou até ser convertida em uma irracionalidade perigosa. Esse ponto é culminante ao personagem Fausto quando ele se apercebe onde chegou e como chegou, e mais, como as coisas acontecerão após esse ponto.

É importante frisar que essa é uma das formas da verdadeira dialética: as idas e vindas pelos mitos e pelas idéias criticas do presente. Uma não tão óbvia conversa entre duas grandes e semelhantes criações humanas ocorre: os mitos e a realidade absorvem um ao outro. “o mito já é esclarecimento e o esclarecimento acaba por reverter à mitologia.”, diz Adorno/Horkheimer ao demonstrar em tese que o mito, sendo a necessidade de explicitar dadas maneiras e impulsos humanos por formas de metáforas, acaba por ser uma forma de se esclarecer e criticar o mundo. Antes religiosamente seguidas e, mais atualmente, possuem um critério poético de observar as inconstâncias naturais do ser humano que produzem artífices altamente articuláveis e ambivalentes, e caso não haja forma de controle, para que futuramente esses problemas não sejam uma Hidra de Lerna, os mitos se farão reais de algum modo, como muitas previsões apocalípticas do futuro.

Por fim, temos aqui uma provável sobrevivência da dialética diante do conturbado progresso. É provável que a possibilidade de grandes momentos de crise ocorra para que, finalmente, encontre critérios valiosos para um real progresso. A modernidade e o modo moderno de ser passou a ser um desafio para o filosofo, uma bomba-relógio com hora para explodir, mas ainda temos a chance de desarmá-la. Mesmo que pequenas explosões ocorram, levando-nos ao ponto da barbárie, não são nessas horas que se abandonam as estribeiras e pulasse do barco. Mas sim é a grande possibilidade de nos mostrarmos como homens fausticos, ou melhor, “além-fausticos”, super-homens que conseguem lidar com as inconstâncias externas e os paradoxos, agora comuns, internos e provocam a mudança daquilo que já se constatou problemático e ruim.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Só, somente só!

De quem eu consumo,
me afasto.
E de quem eu amo,
Me perco, exigo, acho errado,
me desespero.

Dos amigos não sei mais,
Meu amor está, mas foge
Dos amores só vejo problemas,
só vejo desejos, vontades,
E nunca algo pleno, sincero...
Ou chance de mudança,
Ou desespero com a solidão.

E me sinto só,
Sou só, simplesmente só,
Não um "só" que necessita,
Exige, quer, impõe, busca!
Mas um "só", naturalmente só.

Falo sem querer magoar:
não preciso de ninguém.
Exijo de mim por culpas externas:
sociedade, dinheiro, status, sucesso!
Mas...pra quê?

Sento-me só,
diante de um bom livro,
de um folha de papel em branco,
um uisque ao meu lado,
e componho...
...e me completo.
Só assim,
finalmente,
Me sinto inteiro!

domingo, 1 de novembro de 2009

A ressaca veio, tarda sempre mas vem. E entre a dor de cabeça, o rock no quarto, o calor, o pulmão que tosse e a memória que falha, falha junto a criatividade, fico esparso na cama a olhar pro teto. Tenho afazeres e obrigações, mas que importa?
Eu tou de saco cheio de tantas coisas. Não preciso ter que viver uma vida inteira nessas coisas pra perceber que não gosto delas. hehehe.
Ok, sou vagabundo, arremessem suas pedras. =]

Vou comer algo.