terça-feira, 30 de março de 2010

Fugere Nihil II: Outorgado estúpido.

E quando o silêncio e a ausencia é pior do que qualquer grito ou fúria. Eis que ai me toma a dúvida: não será somente a falta de um sentimento que me causa medo, mas o despreparo para enfrentar tais meus tresvários tão esquizofrênicos, tão parciais e repletos de sincera discórdia... Outrora fui mais simples e coisas complicadas me deixaram duro, com uma casca bruta. Alhures escrevi poemas como quem quer bajular qualquer coração para encontrar qualquer conforto em meio a pernas macias. Mas não é mais assim que funciona! Eu, do modo rijo, só me agrado com algumas coisas que ainda assim não entendem esse meu fracasso.

Ouço o grito mudo interno nas pessoas: "Cadê tua força? Onde estas suas inspirações? E seus valores e toda sua forma de agir pelo mundo, cadê? E suas palavras, agora tornaram-se vazias... Por quê?"...Por quê?

Fugere Nihil

Devidamente introspecto, excessivamente apático... Indolor ao sistema, dormente as coisas erradas. Essa é a pior coisa que eu poderia ter deixado acontecer-me. Poderia gritar: "Alguém me socorra desse niilismo com alguma cantiga boa ou menção de esperanças", mas quando olho com esses meus olhos tão mortais - e tão fadados em não serem mais que mortais - para o mundo fora de mim vejo frio e mentira... Só em alguns lugares ainda sinto conforto. Mas quando poderia tê-la a todo momento? Eu sinto e só sinto que o mundo me distancia das coisas boas como distancia uma rosa caída da margem do rio. Sempre sinto a vontade repentina, acompanhada de uma dorzinha, de receber aquela ligação com somente aquelas palavras. Não que eu já não as saiba, e que eu já não tenha as ouvido tantas e incontáveis vezes. Mas é a única coisa que me faz ter esperanças (mesmo que eu me sinta um covarde em tê-la, ou precisar tê-la) em algo maior que toda essa maldade, loucura, caos e niilismo.
Quero sonhos, sonhos que nunca sonhei, sonhos que nunca tive... Que talvez outrora seriam ridículos. Hoje, minhas esperanças de ser alguém melhor.

V.A.S.T - The Niles Edge



My name spells joy
I can't remember darkness
Except a dream you saved my life
Do you wonder what you saw
Floating softly at the niles edge
Wandering eyes
Commitments never can last
It feels so cold to know our name
I've never known you and I never will
What difference does indifference take
Do you regret what you saw
Floating softly at the niles edge
Alone
Do you regret
Regret what you did
Running softly
Softly from the niles edge
Alone

segunda-feira, 29 de março de 2010

Os incomodados que se exponham... e os acomodados que mudem.

A sem-vergonhice de idéias deveria ser mais presente nos meios sociais - poderia, eu aqui, ser mais sem-vergonha ainda em dizer que o ambiente acadêmico deveria ser o mais exposto e, deveras, o mais nu e desprovido de moralidades. Mas isso acabaria com as regras, com os ditames, com a burocracia e toda a lavagem-cerebral "enfirulada" de manias e intelectualismos desnecessários -: Puro deboche dos catedráticos outorgando o cenário acadêmico como um ambiente Darwinista da sobrevivência dos mais fortes, ou talvez seja melhor dizer: dos mais políticos e dos que dançam conforme a música.
Não defendo uma anarquia acadêmica, defendo um liberalismo ideológico e menos apostilado, catequizado, mais de uma libertinagem e inovação, menos de um Kama Sutra moral e aquiescido de "modus operantis" de como PENSAR - ou, seguindo a metáfora, fazer amor com as idéias (também inclui: sexo selvagem, sodomia, estupro, masoquismo, etc). Tudo isso para que dessa orgia de pensamentos saiam idéias cada vez mais virgens ou filhos novos a serem amadurecidos e encaminhados para a vida.
Os incomodados mentalmente se sentem inflingidos e com as armaduras perfuradas, vêem suas idéias sangrarem, pedirem socorro. Porém quase sempre é um tiro pela culatra, uma bala que ricocheteia e mata o próprio dono: quanto mais forte e mais resistente for, quanto mais ideológico e veemente essas idéias forem, talvez a dor seja mais profunda.
Então realmente entendo a frase: meus pensamentos são minhas rameiras (Diderot). Nada mais que um voto pela liberdade de assumir-se como limitado, mas não limitador de si próprio, um auto-sabotador que impõe a vontade das massas de permanecer incauto perante metafísicas e prováveis invenções ideológicas que agem como argamassa que preenche os vazios das paredes tão mal construídas pelo tanto tempo disponível de trabalho mental. Uma grande casa vazia quase sempre.
Mesmo diante de tudo isso, ainda em meio ao improvável é possível encontrar aquele que se dedique a consciência como único caminho de enobrecimento do espírito. Talvez, seja um perigo dogmatizar assim, mas esse talvez seja o menor de todos: não há pecados, não há bem e mal, não há verdades ou mentiras, há somente o estado de estar ou não estar presente e observando o mundo como ele é, e não como ele deveria ser.

Poderia terminar falando qualquer outra coisa. Mas associo dois grandes poetas, opostos, e nessa associação exerço minha função de subverter belamente as coisas: Bukowski e Shakespeare...
O primeiro disse: tão fácil ser poeta, tão difícil ser homem. O segundo (agora serei absurdo em meu anacronismo) COMPLETA: Eu faço tudo que possível para tornar-me homem, quem faz mais que isso não é nada...

E não é nada aquele que se acomoda no que é criado, no além-mundo desmedido, esquecendo de viver aqui-agora, nesse presente da maneira qualquer que ele sempre se expõe... Os acomodados que esperam mais do que isso como se fizessem jus, esses merecem uma mudança radical regada a libertinagem filosófica.