quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Meu voto: finalmente o silêncio.

Eu olhei o horário e nada significou para mim: meia-noite.
E pensei: o caos ainda reina, mesmo aqui, assim,
Nas convenções, nos abraços afetivos e nos votos de felicidade.
Eis que dói, e a dor do corpo se confunde com o resto.

O silêncio já basta e nele poderão conter tudo.
E não conter nada: um universo dentro de um átomo.
Basta, acho justo, assim é bom.
Tudo mais será falso como a luz da lua.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Desculpem meus amigos, ando escrevendo pouco... E tentado viver mais. =/

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Crônica de uma Vida má digerida. Cap. I - P.I

Quando passa pela sua cabeça aquelas coisas de livro de auto-ajuda num destoante “bla bla blapseudo-espiritualizado que só da apoio moral, incentivo emocional temporários, mas no dia seguinte você acorda e se sente o pior lixo com a merda de um sentimento que não é estresse, num é depressão, só uma vontade de não ficar parado, e esse sentimento corrói. E quanto mais você ouve toda essa merda de auto-ajuda, de ‘vamos lutar pela vida’, da vontade de socar a cara de quem fala, mesmo que seja um amigo seu, mesmo que seja VOCÊ. Mas não adianta mesmo, você espera que algo apareça, no fundo você tenta acreditar que ter objetivos pequenos e esperança irão ajudar. No fim, sempre tem um bom momento pra recordar, alegria e alguma coisa alcoólica com alguma coisa para petiscar, não sei se você está me entendendo. Bons momentos se resumem em poucas palavras. Tudo que é falado em muitas palavras é um jeito que temos em forçar as coisas para parecer que foram realmente boas que valeram a pena, porém, foi o sal da terra que desceu pela garganta seca.

E você olha pro lado e percebe que a pior forma de se viver é choramingar e ficar triste. Chore e chorará sozinho, ria e todos riram contigo. Mas realmente tem dias que a iluminação não entra no quarto e nem no espírito e você se sente, e simplesmente só se sente, um pequenino lixo inútil sem valor que não contribui com ninguém a sua volta; foda-se a sociedade, digo às pessoas que realmente importam essas sim mereceriam algo de valor – se é que realmente importam, se é que realmente merecem algo de valor. Realmente, neste ponto, sou de apoiar a idéia de Bukowski que o amor é preconceituoso, sim! Só fica um bom tempo na minha vida alguém que valha a pena, que tenha atrativos interessantes e que eu possa falar algo além de BBB, novelas e a porra dos acontecimentos do telejornal. Não que eu seja realmente assim ridículo a todo momento, mas existem momentos e momentos.

Vivo como um novato que está pegando o carro pela primeira vez e sua primeira lição é fazer uma baliza numa subida num espaço apertado, e sempre que consigo algo ‘digno’ de nota, minha memória é ‘apagada’ e começo uma baliza mais difícil e irritante... Suficiente de eu gritar com o instrutor que a vida é uma merda e largar o barco... Digo, o carro.

Como uma senhora no ônibus me disse uma vez, naquelas conversas que a gente não recorda porque começamos, mas recordamos muito bem porque a terminamos: vocês jovens de hoje são coxos reclamões, nasceram sentados e deixaram-se atrofiar... Mental, físico e espiritualmente. A conversa não durou muito depois disso. Eu percebo quando estou sendo hostilizado ou naturalmente hostil, então me deixo sair perdendo e fazer aquela saída estratégica, foda-se, sabe? Não dá pra perder tempo com essas coisas, com pessoas se fazendo de ultrajadas, de vitimas. Agora percebo como a vitima pode ser tão carrasca quanto o próprio carrasco. Mas é difícil aceitar perder, é difícil deixar o outro ganhar vitorioso com o ego fortificado e você todo rompido, despedaçado. Machuca muito mesmo.

Eu já fiz muita cagada nessa vida, e nem tenho idade pra tanta cagada, mas já fiz assim mesmo. Não é nada de filme, não é nenhuma cagada que eu me orgulhe contar em rodas de amigos e faça questão de levantá-las como troféu. É sempre um conjunto de tranqueiras que acumulei num quarto escuro, que deixei criar mofo e ficar mais podre e feio com o tempo. E toda essa merdalhada toda me ensinou coisas, mas ainda assim me apego, invés de abandoná-las numa lixeira, deixá-las apodrecerem com quem gostaria de ter tais coisas.

O que não me conformo é como me tornei meio apático meio depressivo. Vou deixando as coisas baterem em mim e não esquivo, faço que não sinto dor, e é isso mesmo, não sinto. Quando estou sangrando pouso em algum lugar qualquer sozinho, e só ai compreendo minha solidão. Que mesmo rodeado de tanta gente meu olfato percebe o que os outros não percebem e minha razão age como sem querer fazendo o que o mundo pede, sem ridículo, obsessivo e fraco e pedante...

Não tenho mais força suficiente pra sentir orgulho, não tenho força suficiente para gerar e abastecer discussões longas e sem valor. Já não sou mais aquele, sou esse... Mas quem sou eu afinal? Que remédio ou antídoto posso tomar para ficar longe da hipocrisia e de atos tão sem sentidos, tão sem valores, tão vazios e fáceis. Não é isso que eu quero – ainda não sei o que eu quero, mas não é isso que eu quero.

Basta eu deixar o mundo montar sob minha carcaça e gritar vitorioso, só assim encontrarei um tempo suficiente para pensar. Mesmo em meio ao caos.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

aceitar o que?

Quando ouço 'do que vale uma vida sem algumas cicatrizes', penso realmente se isso deveria ser verdade ou como todos apanhamos e tentamos aguentar as pancadas fazemos dessa frase um mantra. É apanhar, é se recompor, tomar um café forte no dia seguinte para curar a tristeza das lágrimas secas no rosto ou para salvar de uma ressaca uma cabeça dolorida. Logo, "não temos muitas escolhas, não é? É a vida..." e procuro me abster de qualquer pensamento que me leve pra longe me mantenha num sonho acordado e me faça infeliz outra vez em repetir os meus desejos que nunca foram(serão) realizados. Não é fugir da dor, mas perceber que ele pode se tornar um belo vicio, poético, artístico, trágico e bonito aos olhos em comum. Nisso a beleza é reconhecida ao ser reproduzida em algo comum: na dor, sofrimento e no "se foder" de cada dia.
É algo realmente útil para se pensar: nos passam velhos que repetem e repetem só depois de anos, e muitos calos ganhos, e muito sangue perdido e muito tempo também perdido que algum velho sabe diz doeu e só percebi agora, e talvez, não precisava ter doido tanto como deixei machucar. Filmes, livros e toda a arte moderna/contemporânea/romântica/trágica produz isso na gente: sofra para se sentir vivo.

Não pode ser isso... O caos, a entropia... Tudo isso, tudo isso agindo e se destruindo e se engolindo e se transformando de ouro em merda e não sobrando nada... Afirmamos tudo isso com tanta certeza quando somos só humanos, nada mais que humanos que aceitaram o fardo de serem masoquistas emocionais, logo, aceitamos ser escravos da dor e sofrimento, não conseguimos abandoná-lo e glorificamo-o sem nenhum critério, só aceitação e aceitação e um breve suspiro...

Mas, para mim, não da pra ver a porra do mundo todo duma janela, principalmente duma janela suja pelo próprio sangue e pela próprio fuligem interna, de tanto apanhar... E ainda diz: quem mundo bonito é esse mundo cinza, não?

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Usando facetas, encontrando um lugar bom para ficar...

São os conflitos que principiam a raiva, o estresse, a tristeza - não poderia ser outra coisa, justamente são eles que condensam meu espírito, que faz meus olhos girarem pela órbita em busca de novos modos de ver, algo que faltou a percepção. Não posso sair por ai falando de maneira mentirosa como a alegria é completa e me faz bem. A alegria consegue me produzir os sentidos inversos: após o gozo vem uma leve dor que se eu não me cuidar se transforma nunca grande penúria. Não é ser descontente, mas eu percebo meu lugar no mundo; eu pertenço a aqui, só que pertenço de outra maneira, ocupo espaços menos concentrados de aceitação e mais concentrado de caos e de porquês.

De nenhuma maneira estou trazendo a resposta que encontrei para minha vida, nem a esperança e A Verdade, basta para mim uma pequena importância para meu espírito existir. Muito vezes, elas realmente são consideradas inúteis e inválidas, improdutivas para o mundo e todas suas facetas pragmáticas. Pois que eu sinto-me mais livre de certas facetas e, como por brincadeira, com dever mesmo assim de usá-las. Liberdade máxima não existe. Todas as máximas criadas pelo ser humano é todas as possibilidades impossíveis e que só trazem dor, quando na verdade só basta viver, gastar a energia parada e usar das facetas. Mas o buraco é mais fundo e eu estou a cavar...