sábado, 31 de outubro de 2009

Veja bem, seria um louco se eu dissesse que estou pronto pra luta, que sei o que vem pela frente e, não importa o que, não importa como e qual o tamanho dos desafios, porque estou preparado... Não estou! O ponto de partida é sempre esse: as coisas estão fora de minhas mãos, o jogo acontece as apostas crescem e eu vejo minhas fichas indo e vindo, perco muito. Tudo pelo coração, pela busca insana de algumas coisinhas ingratas e não merecedoras de minha atenção, mas meu coração muito grande, muito estúpido se deixa levar, apaixonasse...
Me vejo desligado de tudo que lhes importa, meu Aeon é assassino dos dois gêmeos. Se bem entendi, é isso. Olho pelo quarto, vejo o dia bonito lá fora, estou com vontade de sair, com vontade de vomitar, ir no banheiro, sei lá, estou com vontade de ganhar um pouco, depois perder, não é justo só ganhar. Sou humano com por vontade de trinta e um caminhos pela frente, uma sombra amiga, algumas cartas (as vezes, inúteis), uma puta vontade de viver... Ah! Isso eu tenho. Não sou humilde, essa palavra é um símbolo desvirtuado como muitos outros, a humildade acabou como que se fosse pregada na cruz e seguida por infiéis que se dizem fiéis. Então, o fato explicável e chato pra mim é que nada em palavras é muito útil, já deixamos os significados de lado, pra vida prática isso é inútil eu sei. Mas, observando direito, nem é tão inútil: eu não me cobro insistentemente em fazer coisas boas, ser moral, ético e blábláblá. Simplesmente é estranho fazer isso.

Alias, nem sei porque tou escrevendo isso aqui. Tchau.

Tristes poetas, o que nos aguarda?

Como pode a história saber das dores
de certos homens do passado?
O ânimo se desvala como sangue
no pulso do suicida.
Nunca sairemos daquilo que nos propõe,
se não nos propormos algo diferente
disso que nós temos, disso que nós somos:
Meros copiadores, repetidores históricos...
...Factuais!
Triste, triste farsa, tal vida... que vivemos?
Nós temos liberdade..?
Nós tomamos da hóstia da angústia,
bebemos do vinho do augúrio e da certeza,
Permanecemos ébrios na certeza, Mas Quê?
Quê tudo isso? Que fere e machuca ao querer...
E enquanto dissolve a hóstia e as certezas,
Esperamos...
Dum dia a alma arrebatar-se aos céus
perdão final, imaculado... Mas,
E os tristes poetas onde ficarão?

No purgatório dos incertos e dos feridos,
na falta de perdão?
No limbo vazio: apatia do Ser incompreensivel
sentidos duma vida passada...
No inferno do amor da dor?
No céu? De calma plenitude... Mas como?
Como pode ser calma a alma de um poeta?
Que plenitude há no coração de quem sente?

E os tristes poetas, onde ficarão?

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Foda-se, pastilhas!

É uma merda uma ideia tão bonitinha vir na mente e depois ir embora, ai reclamo, enquanto escovo os dentes, penso, penso, venho na frente do computador, suspiro, finjo que a música que tá tocando me anima, respiro, reclamo com uma amiga! Foda-se, perdeu-se mesmo no espaço, no limbo - que alias, deve ser recheado de boas ideias perdidas (mas, duvido que essas ideias, inclusive as minhas, eram realmente boas: se fossem tão boas assim ficariam presas que nem chiclete na mente, só desgrudariam com o gelo das palavras postas no papel)-. Então, foda-se, se perdeu mesmo, partimos para outra, ermanos!
Agora, após reclamar e o assunto progredir na falta do que falar e na minha necessidade (quase um vicio em escrever) a Amanda, em um momento de iluminação, um insight terrível disse: "escreva algo com a palavra 'pastilha' no meio, ela veio do nada na minha cabeça!"... Meu Zeus, que merda eu falaria sobre a pastilha? Que eu preciso de uma pra essa tosse terrível de fumante passivo-ativo-de-vez-em-quando? (haha) Se formos ver temos palavras legais que expressam coisas toscas, isso acaba com o sentido legal das palavras, mas o que isso vem ao caso, certo?
Alias, agora eu averiguei: que diferença tem do meu brilhante assunto esquecido da palavra-insight 'pastilha'?? Sinceramente, agora, vejo que porra nenhuma!
E toda essa baderna que estou escrevendo pelo fato, necessidade e excelência em babaquice faz da palavra pastilha, de qualquer assunto sobre uma pastilha serem melhores. E ainda insisto em escrever, escrever, escrever. Como se algum espírito sadio lesse isso até o fim e falasse: Brilhante!!
Deixo o tempo e que o acaso tenham piedade de minha alma que não acredita em si mesma, e me abençoem com uma inspiração fudidamente boa, de maneira que eu escreva e fale: "Caramba! num fui eu que fiz isso não. Não pode ter sido". Agora eu todo necessitado por algo todo piedoso penso, que bobagem! Muita bobagem só nos leva a mais bobagens e ainda por cima nocense, absurdas e nenhum pouco estéticas, pelo menos se eu fosse um leitor que realmente desse valor aos meus olhos e neurónios eu teria abandonado a leitura nesse titulo otário. Mas o que faz ser vinho e água, óleo e vinagre o negócio, é que as vezes não necessitamos simplesmente de nada muito esperto, nada muito filosófico e nem inteligente, só uma baboseira pra ler e surtar e fluir num pensamento ridículo a ponto de acha-lo realmente bom. Na verdade o que pode ser comparado realmente sem um pré-conceito em geral racional, que nos leva a crer que um livro critico é melhor do que falar sobre pastilhas ou sobre a guerra no Iraque ou sobre o fim-de-semana e o rolê com os amigos... Enfim, essas coisas em geral estão totalmente ligadas a social, a alguma necessidade de encontrarmos algo belo que nos sustente mais um pouco nesse mundo cão, nessa maluquice de vida, a arte é o único remédio para espíritos em busca de algo, porque a cada beco sem saída a ressaca mental é 'braba' e ai precisamos de algo belo que sustente. Então, para mim, leio, leio, desisto de 90% das leituras no meio, não finalizo mesmo, não gostei, pronto! O que me obrigará a lê-las até o final que regra impera sobre nossos coraçõeszinhos bestas que nos obriguem a ler porcarias até o final? Só para saber um final mais porcaria ainda? Dê-me licença, mas para mim muita coisa pode ser queimada, esse blog poderia ser queimado, mas como é virtual deixo ele ocupar espaço como só mais um entre zilhões de lixos virtuais.
E assim, vou ocupando caracteres e deixando palavras soltas sem valor nenhum, desprendidas de dono, nação ou crença, para serem qualquer momento capitadas por uma mente perdidas pela Teia e gerar qualquer coisa nessa mente, isso que importa: queimar neurónios alheios, isso é caótico e bonito. Nada mais importa, não é? Com tanta sujeira por ai, com tantas certezas inescrupulosas que defendem ferrenhamente ideais tão doentios, qual o problema de minhas palavras se dirigirem a algo tão inocente como pastilhas?

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Brincando de castelinhos de areia

Olho pra trás e vejo tanto areia que se desfez, tanto desperdício de trabalho: o fazer pra quê? só me demonstra um por quê: por que precisamos de um porquê pra tudo? E enquanto observo tanto coisa desfeita, tanto trabalho perdido vejo que não só com meu espírito brincalhão aconteceu isso: o mundo vive nessa decepção. Desperdiçamos mais do que começamos a averiguar agora, mais do que papéis, mais do que plásticos, árvores e vidas animais: desperdiçamos nossas vidas com muitos porquês. Não é uma fuga fácil da filosofia, da critica e de todos os mais. Mas, pelo contrario, é um encontrar a nós mesmos, nossa vida não tem, para mim, a necessidade de ser explicada: eu só vejo necessidade de vivê-la - uma pausa: não vivê-la do modo retardado Coca-Cola da vida, mas vivê-la, simples assim: se você decide que é necessário ter mais acção mais "zoeira", animação, etc, você só está fazendo algo PIOR, tirando uma explicação ao menos racional e pondo uma babaquice comercial e impulsiva no lugar, não deixa de ser uma tentativa de explicar, dar valor e razoes para a vida! Por que isso?
O ponto que está institucionalizado em nossas mentes(imposto, feito e já demarcar como pixaçao em mesa/muro/parede/banheiro de escola publica:) nós PRECISAMOS de um porquê, SEMPRE! Será mesmo???
É engraçado ver o trabalho eterno do ser humano só demonstrar o seguinte: não somos capazes de explicar, logo iremos brincar pela eternidade (ou até sermos instintos desse planeta) de descobridores de novos "mundos", novas ideias, ideais, comportamentos, e blábláblá.
Sinceramente, acho tudo isso um saco. Macaco, praia, carro, Jornal, tobogã, como diria Raul. Que sujeito sou eu que não acha nada disso engraçado? Razão, busca eterna, A(s) Verdade(s), psicologismos, historicidade da guerra, do ser humano, dos problemas passados e resolvidos no porvir, dialéctica? O que tem de bom nisso?
Isso só nega a vida, põe um não em nossa porta e diz a ela para passar mais tarde: "Me deixe que descobrir com solucionar sei-lá-o-que!!". Porque ainda acreditamos que somos ou "um doutor (ou) padre ou policial (ou um critico e) que esta(mos) contribuindo com (nossa) parte para o nosso belo quadro social...".

Existem muitas AS VERDADES, existe muita pouca humildade, existe muito ego lavado em bençaos ou provas cientificas, existe a necessidade de ser a luz pro mundo, solucionar o problemas e inflar o ego como balão.
O ser humano precisa de crenças para viver... Ou será somente um jogo que para quem se apercebe é muito bobo e cansativo?

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

À espera de minha aurora...

Nada lá fora, aqui dentro um caos e maresia, as horas não parecem bem existir, só são números que correm a se somar e somar, tão chatos! E eu cansado de ficar cansado, triste em ficar triste: em "meta-sentimentos" quero amparo de um colo feminino ou um rosto no vento provocado pelo correr do carro na estrada. Quero ficar e fugir: esse é o caso! E quanto mais perdido fico mais ponho minhas penosas dores, minhas alegrias silvestres de meus bosques de quadros de parede 'eternizadas' em folhas de papel e páginas de blog. E após escrever me desagrado, é comum, é necessário as vezes, me deixa só querendo mais e mais, e mais combustível tendo, mais meus dedos se mexem pelo teclado.
Entre palavras bonitas, desejos fortes e ébrios, uma ou duas pautas por trás das palavras que me guiam, que evitam que eu me perca com rapidez... Não muito útil: quando me apercebo já desviei o assunto, as palavras se encontram confusas e difíceis de relação; me parece que fico embriagado com elas. Talvez, esse seja o sentimento verdadeiro que me faz insistir em ser, ou querer ser, escritor - esse é um conceito muito complicado, o que é ser escritor? Para mim, seja por pretensão ou por necessidade de ser algo nessa vida, é reconhecer-se como um -. E entre sentimentos verdadeiros e vontades tão poucas e tão absurdas, me deixo levar pela vontade de colocar o que puder e o que for atractivo no papel. Quero atrair multidões, não pela propaganda que fizerem de meus livros toscos (algum best-seller juvenil ou auto-ajuda rebuscado em romance frívolo!) ou por falar mentiras que amansam os corações perdidos e que aceitem facilmente uma leitura fácil e estática(talvez muitos auto-ajudas se incluem nesses), não! Quero atrair olhos que leiam minhas palavras pela flecha acertada no alvo que abre as feridas cobertas e escondidas, "analgesiadas", que explicita os 'poréns' e os problemas do agora e do porvir... É tarefa difícil, mas essa é minha loucura: não busco mais o supra terreno, a Verdade, Deus, o Uno, etc.etc.etc. Busco o que posso ter chances em mudar, que minhas palavras em metáforas, em poesia, ou de forma extremamente explicitas - que nem parecerão verdadeiras -, calem bocas mentirosas e ponham corações ultrajados a bater mais forte. É tão indigno meu desejo? É tão sonhador e problemático... Mais até do que aqueles que buscam o que deixei de buscar: Deus e toda essa alegoria? Quais chances tenho em acertar? E quando as palavras que eu quiser, não vierem a minha boca ou a ponta de meus dedos, o que farei?
E deixando os dias fluírem, e deixando, mesmo que impassível e irresponsavelmente, minhas vontades purgarem, e deixando, do mesmo modo - irresponsavelmente -, vou buscando alguns afazeres que sujem minha mente e ocupem os espaços ocos. Mas ao deixar fluir, e fluir tanto as vezes, o rio não continua, alguma coisa barra a passagem de ideias, e ideias, a principio tão boas, ficam incompletas, não terminadas. Por isso, escrever, SABER escrever é difícil, mas o mais difícil ainda é manter a linha de pensamento, manter o foco e só parar quando os dedos doerem, a coluna reclamar, o dia estiver amanhecendo e, talvez, o estômago roncar... E continuar com o foco, continuar com a vontade: um olhar observador, uma necessidade de mudança, uma criatividade aliada a conjuntos de palavras ímpares. Ai que divergem as águas, bifurcam os afluentes: há os que prosseguem, há os que param, há os que continuam mas só pra si mesmos, há quem mais? Devem haver muitos e muitos...

Algo reluz da vontade, parece um xisto escondido entre pedras sem valor, entre a terra molhada e plantas mortas, secas... Há algo que eu olho, procuro as escuras. É noite, é noite ainda e minha mente trabalha lentamente, não quer se ferir nesse meio tempo - o tempo que é números, e números não me importam aqui - eu só faço uma pergunta: quanto tempo até que a aurora de minha vida aparece, a Estrela-da-Manhã pisque e ofereça seus valores vazios e profanos para que eu negue e diga apontando para o horizonte, "Veja, luz pequena da noite, és tão luminosas... A mais luminosa da noite, mas não te compares, Estrela-da-Manhã, com aquele que vem, o astro Rei!".

terça-feira, 27 de outubro de 2009

muito tempo sem postar nada.
Vai um Haikai:

tudo dito,
nada feito,
fito e deito
Paulo Leminski

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Continuação: [Nosso destino: a morte.]

Voltou uma criatividade voltando pra casa de carona com um amigo de sala. Ele me disse algo que fiquei realmente reflexivo: "Se não buscassemos mais uma Verdade, não corressemos atrás de uma forma perfeita, não teriamos acessos de ego e seriamos mais condescendentes uns com os outros[não exatamente nessas palavras, mas o mesmo sentido]". Na verdade não deixou de ser uma realidade isso. Ao buscarmos uma Verdade, e ao sermos humanos que sentem, que tem opiniões e que buscam de diversas maneiras assemelhar o mundo ao seu jeito (e não o inverso como dizem) simplesmente esta "A Verdade" será somente a "A Verdade" pessoal. Guerras e grandes problemas da humanidade se resumem a intrigas opiniáticas desta Verdade. O fato para mim é: realmente importa saber se há esta Verdade? O que fariamos se ela realmente existisse? Chegariamos finalmente ao ponto final, não da frase, mas da vida e ... Acabou. O destino foi consumado, só que agora, para sempre; se fosse possivel e alguém alcançasse tal verdade, ele de algum modo passaria para outros meros mortais tal fato. Então, acabou, simplesmente o fim estaria ai. E qual é a graça nisso tudo?
Mas perceba o paradoxo que isso pode gerar.
Se você carrega como idéia de que não há uma Verdade universal. Então, você decidi assumir isso como postura sua, nesse ponto existe alguém que diz que há sim uma Verdade universal. Nesse ponto a discussão acontece: um negando outro afirmando. Logo, você mesmo está carregando consigo uma Verdade universal sua: de que não há Verdade universal. Mas Seguindo um conceito lógico e conceitual é isso que acontece.

Caio na simples idéia então: as palavras e toda forma de expressão de uma idéia é limitada? Então, mais ainda, qual é o carater e conceito formador dessas idéias se não pelas palavras?
Vou relatar um sonho:

"Os preâmbulos que as luzes da avenida faziam de longe as minhas vistas, pareciam irreais, talvez eram mesmo, não importa isso quando o momento é vivo e saboroso. Estava vazia e completamente abandonada, a quietude e solidão contrastava com as luzes coloridas que as lâmpadas projetavam sobre as bandeirolas coloridas presas nos postes de luz, parecia que uma decoração daqueles desfiles que ocorrem pela avenida. Enquanto eu caminhava no meio da avenida vazia eu percebi que o tempo havia consumido os edifícios, as ruas e os objetos que compunham o ambiente. Não havia uma criatura viva à altura de meus olhos, se é que eu me encontrava vivo...
Parecia haver silêncio mas o vento trazia consigo o som de uma música, minha percepção lembrou-me daquelas caixinhas de música. Eu apercebi que não sabia como havia parado ali. A música era familiar, talvez, na infância, a tinha ouvido de alguma caixinha de música de minha irmã, ou em alguma 'fuçadela' em lojinhas de presente. Apurei meus ouvidos para buscar de que direção a música vinha. Pelo vento vir de encontro com minha face, continuei a seguir na esperança do som aumentar. A direção estava certa.
A avenida terminava em uma praça ao lado de um rio com uma beira calma. Nisso, ao contemplar o rio, vi uma das coisas mais bonitas na vida: uma explosão de cores sobre a superfície do rio, uma confusão de desenhos e pinturas surrealistas, aparecendo e sumindo de acordo com a velocidade e direção do vento. Uma desses desenhos se materializou diante de mim: uma ponte rústica. Exitei um pouco até perceber que o som vinha do fim da ponte: um umbral escuro, com poucas luzes de velas que bruxuleavam.
Segui pela ponte que parecia feita de tinta, e insistia em tomar uma forma úmida e pegajosa pintando meus pés que constatei só agora estarem descalços, as cores pegavam em meus pés. Percebi a única possibilidade de não estar afundando na tinta que pelo visto ela tentava copiar toda a estrutura do objeto que copiava. Puxei de minha mochila uma garrafa de vidro e enchi com essa tinta.
Entrando no umbral fui pintando o chão escuro com cores diversas que se mantinham sem se misturar naquela forma roxa estranha de quando tenta se misturar todas as cores. Elas se mantinham divididas e brilhavam. De meu pé parecia não acabar mais a tinta que eu havia pisado. E o som agora era nítido e propagava em eco de catedral e havia se transformado em uma música de um órgão, a mesma sinfonia, instrumento diferente.
Era uma catedral que só o átrio que daria para colocar dentro umas 4 igrejinhas. Porém, nenhuma cruz, nenhum símbolo ligado a qualquer religião estava pregado nas paredes dessa gigantesca catedral. Totalmente limpa de símbolos, somente com sua estrutura, aparentemente, gótica e um gigante espelho a frente, que conseguia aumentar ainda mais o seu tamanho original. Segui pela passagem entre os acentos pintando o chão pelo qual eu passava. Um órgão ao lado direito e uma caixinha de música ao esquerdo. Porém a confusão e o susto me vieram: o órgão não se refletia no espelho e a caixinha de música era um reflexo sozinho sem o objetivo original. Me olhava no espelho perplexo pelo espaço colossal que se prostrava atrás de mim... ou a minha frente. Não sabia.
Toquei o espelho incrivelmente plano e grande. Meu dedo a principio tocava me uma superfície fria, porém, afundou na superfície do espelho que agora parecia liquida. Algo, como que uma gravidade inversa, me puxava para dentro do espelho, aonde eu mergulhei em desespero. Ao cair do outro lado, o espelho atrás de mim, nesse mundo inverso, produzia ondulações como a água mas essas ondulações iam partindo o espelho, que dividia em si a fluidez e a rigidez, e nesse conflito o espelho rachava. Decidi correr ao perceber que ele iria partir e cair para frente, mas antes, não sabendo porque salvei a caixinha de música que estava no pedestal. A música monofonica foi substituída pelo som ensurdecedor de vidro partido e seu eco pela catedral.
Mas o vidro invés de cair era sugado pela escuridão atrás de si, que ia consumindo-o como uma treva ou mortalha viva. Ela ia encobrindo as paredes cinza claro com um breu fantasmagórico. Corri, agora com caixinha de música e garrafa de tinta nas mãos, para a outra entrada. Enquanto corria pela gigantesca catedral um tentáculo sombrio correu em minha direção e segurou minha perna esquerda, me fazendo cair no chão. largando a caixinha de música e a garrafa que quebraram no mármore cinza. Chutei o tentáculo vivo com meus pés coloridos fazendo-o recuar emitindo um gemido. Parecia que era ácido a cor para ele. Coloquei a caixinha de música com suas partes quebradas e soltas na sacola e e recolhi o máximo que pude de tinta com uma mão na base da garrafa que fora a única parte que não havia se espatifado. Minha mão direita se cortou no contato com o vidro e o sangue se misturou na tinta, mas a tinta também se misturou no sangue e minha mão começou a se deformar. Não a sentia mais como ossos, carne, sangue e calor, sentia ela como uma experiência nova. O tentáculo voltou a segurar nas minhas pernas. Tentei chutá-lo novamente, mas dessa vez ele segurava firmemente as duas pernas. Tinha que cortá-lo, arrancá-lo, mas onde eu encontraria tal instrumento aqui...? Mal a pergunta se finalizará em minha mente, já sem esperanças, e minha mão foi se transformando pela tinta e pelas cores numa grande espada afiada. A tinta era de uma magia assustadoramente amigável e boa.
As pontas dos tentáculos que prendia minhas pernas se soltaram das bases com um passar rápido e forte que eu dei neles. As Sombras caiam e sangravam um sangue tão escuro quanto ele mesmo. Antes o que foi um gemido agora era um grunhir descontrolado, as cores corriam o tentáculo. O grito fez o restante do espelho explodir, vindo cacos em minha direção. Me protegendo com a mão-mágica-espada, que agora se transformou, na rapidez necessária para me proteger, em um escudo. Procurei mais da tinta. Minha mão esquerda, talvez, poderia ficar igual. Se encontrava misturado no sangue sombrio no chão. Sem exitar, pus a mão nele, cortando novamente com os cacos que se encontravam no meio dele, a tinta foi sendo absorvida, mas o sangue negro tomou vida e entrou por minha ferida aberta. Tudo dessa vez foi dor, uma dor excruciante, não mas aquela prazerosa metamorfose, somente dor e desespero. As trevas adentravam em mim..."

sábado, 10 de outubro de 2009

Nosso destino: a morte.

Não é nenhum texto existencialista e pessimista esse, pelo contrário eu gostaria de fazer um ode a vida, mas não sei se terei criatividade, capacidade e poder para isso:

Quando nos encontramos diante de perguntas sem respostas temos duas grandes principais escolhas: a fuga ou encarar o desconhecido. Será uma escolha, e teremos muitas dessas grandes escolhas, pela vida toda. Abdicar de buscar A Verdade, o Uno, Deus, ou qualquer outro símbolo transcendental e supremo, pelo simples fato de não termos certeza, somos desencorajados pelo passado que demonstra pessoas que dizem nunca terem encontrado, e vários outros factores; mas ai está um grande ponto chave: estamos cientes de que a possibilidade de não existir nada disso é grande, então nos fechamos dentro de nós mesmos e só nos abrimos para as certezas e para as coisas comprovadas. Mas o que pode nos ligar fortemente a uma forma de querer ter vontade de acordar no dia seguinte, de querer continuar a viver, é o simples fato de nós sermos imperfeitos. O que podia antes machucar nesse ponto, caso aja sapiência, uma certa coragem e consciência, você consegue perceber o quão tedioso é a perfeição. A perfeição é um invólucro fechado em si, as pessoas tem dificuldade em amar a Deus, por isso elas aproximam Deus ao homem: Jesus é a imagem da imperfeição, da forma humana necessária para termos real e sincero amor por Deus. Ver Jesus na cruz nos desperta o amor.
Então o fato principal é não se importar pelo caso gerado: se existiu ou não, se andou pela agua e se fez milagres ou não. Precisamos de signos para expressar nossas vontades e interagir com o mundo. Contamos histórias, criamos mitos, escrevemos romances para tentar entrar em sintonia e acordo com o mundo. Pode parecer, numa certa visão extremada, um desespero. Mas desespero não seria a fuga? Não seria o medo do que encontrar pela frente? Então por que julgar a tentativa de explicar o inexplicável e se aproximar da perfeição sendo imperfeito, falho e cheio de defeitos? Vê como o formato disso só demonstra coragem e não inocência?
A filosofia é um exemplo disso, fora uma continuidade da fé e do mito pelo uso da razão, então achou-se necessário abandonar a fé e o mito pela razão. E até hoje não chegamos a nenhum ponto chave: nem pela fé, nem pela razão. Então por que glorificar qualquer uma delas? Por que exercitar uma e deixar atrofiar a outra?
Todas essas coisas são só a demonstração de algo maior: a busca pela vida. Não digo um buscar pela razão da vida, isso é uma das perguntas sem resposta; digo uma busca pela experiência de estarmos vivos, onde nossas experiências de vida no plano físico ajam em ressonância no interior de nosso ser e de nossas realidades mais intimas, de modo a conseguirmos sentir o verdadeiro êxtase de estarmos vivos.

Mas... nosso destino, existe? Qual é? Para mim, é claro que existe um destino, e é um destino consonante entre todos nós: a morte. Quando alguém parar de morrer, então o destino pode deixar de acontecer, pelo menos em consonância. Mas ficar nessas conversas de sexo de anjos, se destino existe ou não é uma bobagem quando percebemos algo que realmente sabemos estar destinados. Não pensamos muito por ser uma das perguntas sem respostas: será o fim de nossa existência? Será um novo começo? Será que transcenderemos... ou acertaremos as contas do que fizemos em vida? Enfim... A morte, sendo o mais óbvio e acontecimento mais presente em nossas vidas, é a coisa que mais afasta discussões. Estar ciente do nosso destino é estar em paz e pleno em si mesmo... dizem por ai. Logo, estar ciente e em paz com a possibilidade, ou melhor, o fato que iremos morrer um dia é perceber a felicidade de estarmos vivos agora para nos ligarmos as coisas do mundo. Muitos dizem que estão realmente ligados a morte, que ela é uma coisa boa para eles e que eles estão em paz com tudo isso. Se fosse realmente verdade toda essa baboseira que eu ouço, não verei todas essas muitas pessoas sofrendo e se auto destruindo... como eu muito fiz, e as vezes, ainda muito o faço.

Não é bem amar a morte, mas deixar ela na consciência, e se for um amor, que seja platónico e distante: quero muito viver ainda.


[desculpem, nunca consigo terminar decentemente um texto, procurarei continua-lo. abraços-beijos]

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Desilusão

Um abraço e um beijo.
Confirmação necessária,
Contradição ao que foi feito
prova da carência ordinária.

Aonde viveu um grande amor
Sobrou a apatia, o torpor.
Não sei mais se sinto o mesmo,
Não sei mais se sinto mesmo.

Um configuração necessária
Da raiva, da ternura egoísta,
Do querer para mim o que não é meu.
Um sentimento confuso.

Porém nenhuma questão faço mais
De para ela belas palavras escrever.
Quando vejo que nada ocorrerá
Nada retornará... tanto faz.

Vou me arrastando pelo mundo
Até onde eu aguentar,
Não seguro mais o fôlego
Não rezo mais contra o medo.
Deixo vir, quem sabe, me arrebatar.
Deixo, quem sabe, um desfecho acontecer
Algo melhor, quem sabe, do que preparo pra mim.
Ou... Quem sabe, algo pior que acabe por fim.
Destino cruel, sentimentos cruéis...
Que apatia é essa pela vida?
Que servo eu virei do amor?
Abraço a próxima possibilidade.
Quem sabe, quem sabe, caio no delírio...
De ter encontrado a verdade.

sábado, 3 de outubro de 2009

And slowly, you come to realise

It's all as it should be
You can only do so much
If you're game enough
You could place your trust in me

For the love of life
There's a trade off
We could lose it all
But we'll go down fighting

And what of the children?
Surely they can't be blamed
For our mistakes?

And slowly I've come to realise
It's all as it should be
That hiding space
A lonely place

How can the right thing be so wrong?
I've found mistakes
Where they don't belong

For the love of life
We'll defeat this
They may tear us down
But we'll go down fighting

won't we?