"Os preâmbulos que as luzes da avenida faziam de longe as minhas vistas, pareciam irreais, talvez eram mesmo, não importa isso quando o momento é vivo e saboroso. Estava vazia e completamente abandonada, a quietude e solidão contrastava com as luzes coloridas que as lâmpadas projetavam sobre as bandeirolas coloridas presas nos postes de luz, parecia que uma decoração daqueles desfiles que ocorrem pela avenida. Enquanto eu caminhava no meio da avenida vazia eu percebi que o tempo havia consumido os edifícios, as ruas e os objetos que compunham o ambiente. Não havia uma criatura viva à altura de meus olhos, se é que eu me encontrava vivo...
Parecia haver silêncio mas o vento trazia consigo o som de uma música, minha percepção lembrou-me daquelas caixinhas de música. Eu apercebi que não sabia como havia parado ali. A música era familiar, talvez, na infância, a tinha ouvido de alguma caixinha de música de minha irmã, ou em alguma 'fuçadela' em lojinhas de presente. Apurei meus ouvidos para buscar de que direção a música vinha. Pelo vento vir de encontro com minha face, continuei a seguir na esperança do som aumentar. A direção estava certa.
A avenida terminava em uma praça ao lado de um rio com uma beira calma. Nisso, ao contemplar o rio, vi uma das coisas mais bonitas na vida: uma explosão de cores sobre a superfície do rio, uma confusão de desenhos e pinturas surrealistas, aparecendo e sumindo de acordo com a velocidade e direção do vento. Uma desses desenhos se materializou diante de mim: uma ponte rústica. Exitei um pouco até perceber que o som vinha do fim da ponte: um umbral escuro, com poucas luzes de velas que bruxuleavam.
Segui pela ponte que parecia feita de tinta, e insistia em tomar uma forma úmida e pegajosa pintando meus pés que constatei só agora estarem descalços, as cores pegavam em meus pés. Percebi a única possibilidade de não estar afundando na tinta que pelo visto ela tentava copiar toda a estrutura do objeto que copiava. Puxei de minha mochila uma garrafa de vidro e enchi com essa tinta.
Entrando no umbral fui pintando o chão escuro com cores diversas que se mantinham sem se misturar naquela forma roxa estranha de quando tenta se misturar todas as cores. Elas se mantinham divididas e brilhavam. De meu pé parecia não acabar mais a tinta que eu havia pisado. E o som agora era nítido e propagava em eco de catedral e havia se transformado em uma música de um órgão, a mesma sinfonia, instrumento diferente.
Era uma catedral que só o átrio que daria para colocar dentro umas 4 igrejinhas. Porém, nenhuma cruz, nenhum símbolo ligado a qualquer religião estava pregado nas paredes dessa gigantesca catedral. Totalmente limpa de símbolos, somente com sua estrutura, aparentemente, gótica e um gigante espelho a frente, que conseguia aumentar ainda mais o seu tamanho original. Segui pela passagem entre os acentos pintando o chão pelo qual eu passava. Um órgão ao lado direito e uma caixinha de música ao esquerdo. Porém a confusão e o susto me vieram: o órgão não se refletia no espelho e a caixinha de música era um reflexo sozinho sem o objetivo original. Me olhava no espelho perplexo pelo espaço colossal que se prostrava atrás de mim... ou a minha frente. Não sabia.
Toquei o espelho incrivelmente plano e grande. Meu dedo a principio tocava me uma superfície fria, porém, afundou na superfície do espelho que agora parecia liquida. Algo, como que uma gravidade inversa, me puxava para dentro do espelho, aonde eu mergulhei em desespero. Ao cair do outro lado, o espelho atrás de mim, nesse mundo inverso, produzia ondulações como a água mas essas ondulações iam partindo o espelho, que dividia em si a fluidez e a rigidez, e nesse conflito o espelho rachava. Decidi correr ao perceber que ele iria partir e cair para frente, mas antes, não sabendo porque salvei a caixinha de música que estava no pedestal. A música monofonica foi substituída pelo som ensurdecedor de vidro partido e seu eco pela catedral.
Mas o vidro invés de cair era sugado pela escuridão atrás de si, que ia consumindo-o como uma treva ou mortalha viva. Ela ia encobrindo as paredes cinza claro com um breu fantasmagórico. Corri, agora com caixinha de música e garrafa de tinta nas mãos, para a outra entrada. Enquanto corria pela gigantesca catedral um tentáculo sombrio correu em minha direção e segurou minha perna esquerda, me fazendo cair no chão. largando a caixinha de música e a garrafa que quebraram no mármore cinza. Chutei o tentáculo vivo com meus pés coloridos fazendo-o recuar emitindo um gemido. Parecia que era ácido a cor para ele. Coloquei a caixinha de música com suas partes quebradas e soltas na sacola e e recolhi o máximo que pude de tinta com uma mão na base da garrafa que fora a única parte que não havia se espatifado. Minha mão direita se cortou no contato com o vidro e o sangue se misturou na tinta, mas a tinta também se misturou no sangue e minha mão começou a se deformar. Não a sentia mais como ossos, carne, sangue e calor, sentia ela como uma experiência nova. O tentáculo voltou a segurar nas minhas pernas. Tentei chutá-lo novamente, mas dessa vez ele segurava firmemente as duas pernas. Tinha que cortá-lo, arrancá-lo, mas onde eu encontraria tal instrumento aqui...? Mal a pergunta se finalizará em minha mente, já sem esperanças, e minha mão foi se transformando pela tinta e pelas cores numa grande espada afiada. A tinta era de uma magia assustadoramente amigável e boa.
As pontas dos tentáculos que prendia minhas pernas se soltaram das bases com um passar rápido e forte que eu dei neles. As Sombras caiam e sangravam um sangue tão escuro quanto ele mesmo. Antes o que foi um gemido agora era um grunhir descontrolado, as cores corriam o tentáculo. O grito fez o restante do espelho explodir, vindo cacos em minha direção. Me protegendo com a mão-mágica-espada, que agora se transformou, na rapidez necessária para me proteger, em um escudo. Procurei mais da tinta. Minha mão esquerda, talvez, poderia ficar igual. Se encontrava misturado no sangue sombrio no chão. Sem exitar, pus a mão nele, cortando novamente com os cacos que se encontravam no meio dele, a tinta foi sendo absorvida, mas o sangue negro tomou vida e entrou por minha ferida aberta. Tudo dessa vez foi dor, uma dor excruciante, não mas aquela prazerosa metamorfose, somente dor e desespero. As trevas adentravam em mim..."
A avenida terminava em uma praça ao lado de um rio com uma beira calma. Nisso, ao contemplar o rio, vi uma das coisas mais bonitas na vida: uma explosão de cores sobre a superfície do rio, uma confusão de desenhos e pinturas surrealistas, aparecendo e sumindo de acordo com a velocidade e direção do vento. Uma desses desenhos se materializou diante de mim: uma ponte rústica. Exitei um pouco até perceber que o som vinha do fim da ponte: um umbral escuro, com poucas luzes de velas que bruxuleavam.
Segui pela ponte que parecia feita de tinta, e insistia em tomar uma forma úmida e pegajosa pintando meus pés que constatei só agora estarem descalços, as cores pegavam em meus pés. Percebi a única possibilidade de não estar afundando na tinta que pelo visto ela tentava copiar toda a estrutura do objeto que copiava. Puxei de minha mochila uma garrafa de vidro e enchi com essa tinta.
Entrando no umbral fui pintando o chão escuro com cores diversas que se mantinham sem se misturar naquela forma roxa estranha de quando tenta se misturar todas as cores. Elas se mantinham divididas e brilhavam. De meu pé parecia não acabar mais a tinta que eu havia pisado. E o som agora era nítido e propagava em eco de catedral e havia se transformado em uma música de um órgão, a mesma sinfonia, instrumento diferente.
Era uma catedral que só o átrio que daria para colocar dentro umas 4 igrejinhas. Porém, nenhuma cruz, nenhum símbolo ligado a qualquer religião estava pregado nas paredes dessa gigantesca catedral. Totalmente limpa de símbolos, somente com sua estrutura, aparentemente, gótica e um gigante espelho a frente, que conseguia aumentar ainda mais o seu tamanho original. Segui pela passagem entre os acentos pintando o chão pelo qual eu passava. Um órgão ao lado direito e uma caixinha de música ao esquerdo. Porém a confusão e o susto me vieram: o órgão não se refletia no espelho e a caixinha de música era um reflexo sozinho sem o objetivo original. Me olhava no espelho perplexo pelo espaço colossal que se prostrava atrás de mim... ou a minha frente. Não sabia.
Toquei o espelho incrivelmente plano e grande. Meu dedo a principio tocava me uma superfície fria, porém, afundou na superfície do espelho que agora parecia liquida. Algo, como que uma gravidade inversa, me puxava para dentro do espelho, aonde eu mergulhei em desespero. Ao cair do outro lado, o espelho atrás de mim, nesse mundo inverso, produzia ondulações como a água mas essas ondulações iam partindo o espelho, que dividia em si a fluidez e a rigidez, e nesse conflito o espelho rachava. Decidi correr ao perceber que ele iria partir e cair para frente, mas antes, não sabendo porque salvei a caixinha de música que estava no pedestal. A música monofonica foi substituída pelo som ensurdecedor de vidro partido e seu eco pela catedral.
Mas o vidro invés de cair era sugado pela escuridão atrás de si, que ia consumindo-o como uma treva ou mortalha viva. Ela ia encobrindo as paredes cinza claro com um breu fantasmagórico. Corri, agora com caixinha de música e garrafa de tinta nas mãos, para a outra entrada. Enquanto corria pela gigantesca catedral um tentáculo sombrio correu em minha direção e segurou minha perna esquerda, me fazendo cair no chão. largando a caixinha de música e a garrafa que quebraram no mármore cinza. Chutei o tentáculo vivo com meus pés coloridos fazendo-o recuar emitindo um gemido. Parecia que era ácido a cor para ele. Coloquei a caixinha de música com suas partes quebradas e soltas na sacola e e recolhi o máximo que pude de tinta com uma mão na base da garrafa que fora a única parte que não havia se espatifado. Minha mão direita se cortou no contato com o vidro e o sangue se misturou na tinta, mas a tinta também se misturou no sangue e minha mão começou a se deformar. Não a sentia mais como ossos, carne, sangue e calor, sentia ela como uma experiência nova. O tentáculo voltou a segurar nas minhas pernas. Tentei chutá-lo novamente, mas dessa vez ele segurava firmemente as duas pernas. Tinha que cortá-lo, arrancá-lo, mas onde eu encontraria tal instrumento aqui...? Mal a pergunta se finalizará em minha mente, já sem esperanças, e minha mão foi se transformando pela tinta e pelas cores numa grande espada afiada. A tinta era de uma magia assustadoramente amigável e boa.
As pontas dos tentáculos que prendia minhas pernas se soltaram das bases com um passar rápido e forte que eu dei neles. As Sombras caiam e sangravam um sangue tão escuro quanto ele mesmo. Antes o que foi um gemido agora era um grunhir descontrolado, as cores corriam o tentáculo. O grito fez o restante do espelho explodir, vindo cacos em minha direção. Me protegendo com a mão-mágica-espada, que agora se transformou, na rapidez necessária para me proteger, em um escudo. Procurei mais da tinta. Minha mão esquerda, talvez, poderia ficar igual. Se encontrava misturado no sangue sombrio no chão. Sem exitar, pus a mão nele, cortando novamente com os cacos que se encontravam no meio dele, a tinta foi sendo absorvida, mas o sangue negro tomou vida e entrou por minha ferida aberta. Tudo dessa vez foi dor, uma dor excruciante, não mas aquela prazerosa metamorfose, somente dor e desespero. As trevas adentravam em mim..."
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